Política

Prefeito de Atalaia é citado em compra de lotéricas com recursos da Caixa

Empresas de filho e enteado de Gilberto Occhi, quando era gestor do banco, passaram para filhos de Chico Vigário

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 23/05/2018 07h44
Prefeito de Atalaia é citado em compra de lotéricas com recursos da Caixa
Reprodução - Foto: Assessoria
O prefeito de Atalaia Chico Vigário (MDB) é suspeito de ter usado recursos da Caixa Econômica Federal para comprar três casas lotéricas nas cidades de Coqueiro Seco, Satuba e em Atalaia em favor de seus filhos, Francine Albuquerque e Francisco Albuquerque Júnior, em 2013. As empresas pertenciam ao filho e enteado de Gilberto Occhi – Gustavo Occhi e Diogo Andrade dos Santos, respectivamente. À época, Gilberto Occhi era superintendente nacional de Gestão da Caixa no Nordeste. Antes ele ocupou a Superintendência da Caixa em Alagoas, entre 2008 e 2011. O suposto esquema foi descoberto em uma investigação interna da Caixa enviada para uma apuração independente contratada junto ao escritório Pinheiro Neto Advogados. O esquema teria ocorrido por meio de triangulação de recursos. Em 2013, Gilberto Occhi autorizou o depósito de R$ 800 mil na conta da Prefeitura de Atalaia, referente a uma parcela da venda da folha de pagamentos da Prefeitura. Isso ocorreu em dezembro de 2012. Daí a Prefeitura de Atalaia emitiu um cheque à empresa Conserg Serviços e Engenharia Ltda. no valor de R$ 376.268,32. Desses, R$ 200 mil foram usados para a compra das três casas lotéricas, pertencentes ao filho e ao enteado de Gilberto Occhi, em favor dos filhos de Chico Vigário. A reportagem tentou contatar o prefeito de Atalaia, mas seu telefone estava desligado. À Folha de S. Paulo – primeiro veículo a divulgar o teor da investigação da Caixa –, Chico Vigário afirmou não se lembrar do cheque pago à Conserg. A Tribuna também contatou Gilberto Occhi, mas ele não respondeu. Em nota enviada à Folha de S. Paulo, o atual ministro da Saúde disse que respeitou a legislação da época e que não é possível interferência no processo para a concessão de exploração de casas lotéricas. O questionamento se deveu ao fato de que ele era gestor da Caixa e seus parentes conseguiram ter o direito de abrir loterias, contrariando o Decreto 7.203/2010, que versa sobre nepotismo. A Conserg também foi contatada, mas ninguém atendeu aos telefonemas. Já a Caixa respondeu, por meio de nota, que a apuração dos processos “continuam em andamento a partir de apontamentos realizados por auditorias e órgãos de controle”. Contudo, em março deste ano, o banco emitiu outra nota afirmando que “após examinar todos os documentos produzidos, as investigações externa e interna não encontraram quaisquer elementos que apontem condutas ilícitas relacionadas ao presidente [Gilberto Occhi]. O relatório final da investigação independente e o relatório da Corregedoria foram encaminhados hoje aos órgãos de controle e ao Ministério Público Federal”. Antes de assumir o Ministério da Saúde, em abril deste ano, Gilberto Occhi presidiu a Caixa Econômica Federal. JUCEAL As informações referentes às negociações das casas lotéricas – mudança de proprietários – foram obtidas, segundo a Folha de S. Paulo, na Junta Comercial de Alagoas (Juceal). A Tribuna entrou em contato com sua assessoria de imprensa para confirmar o publicado pelo jornal paulista. “Essas informações foram obtidas por meio de certidões. Os dados referentes à Junta Comercial são públicos, porém mediante pagamento. E o acesso a esses dados é feito por meio das certidões. Não podemos negar, nem confirmar. Como estabelece a legislação que dispõe sobre o registro empresarial, esse dado só pode ser acessado na forma de certidão, sendo o caminho oficial”, explica a assessoria de comunicação da Juceal.