Política

PF tem mais 90 dias para finalizar inquérito sobre desvios de recursos da ALE

Mais oito deputados estaduais estão sendo investigados pela Sururugate

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 07/12/2017 11h01
PF tem mais 90 dias para finalizar inquérito sobre desvios de recursos da ALE
Reprodução - Foto: Assessoria
A Polícia Federal (PF) deve concluir o inquérito alusivo à Operação Sururugate nos próximos 90 dias. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (6) pelo delegado Daniel Grangeiro, que em entrevista à reportagem da Tribuna Independente disse ter pedido um prazo maior ao procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, com a finalidade de encerrar as diligências pendentes. A operação teve início em março deste ano e investiga um suposto esquema de desvio de recursos da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), por meio de servidores fantasmas. Muitos dos funcionários tinham cadastro no programa do governo federal, o Bolsa Família. Ao todo, o prejuízo aos cofres públicos, causados pelos supostos desvios cometidos em 2010 e 2013 podem chegar a R$ 150 milhões. “A nossa intenção é finalizar o inquérito nesse prazo. Pedi esse prazo para o procurador-geral de Justiça porque tem algumas diligências pendentes. Análise de mídia e de documentação bancária e assim, nesse inquérito eu indiciei três deputados [Thaise Guedes, PMDB, Severino Pessoa, PSC, e Edval Gaia Filho, PSDB]. Ainda estou colhendo elementos em relação a mais oito parlamentares da ativa e mais três ex-deputados. Aí pode ser que eu faça mais novos indiciamentos com base nessas novas diligências”, explicou o delegado. Após ignorarem duas intimações da Polícia Federal para depor a respeito dos crimes investigados, os deputados Edval Gaia Filho (PSDB) e Severino Pessoa (PSC) foram indiciados no final de novembro, por suspeitas de integrar o esquema criminoso. Severino Pessoa foi indiciado pelo crime de peculato, que seria apropriação de recursos públicos. Já Edval Gaia Filho, por crimes de peculato, associação criminosa e estelionato qualificado. Tanto Severino Pessoa quanto Edval Gaia Filho já informaram à imprensa que irão aguardar o fim das investigações para entrar com recursos na justiça e comprovar as respectivas inocências.   Indiciamentos não estão descartados   No Parlamento, os comentários são de que novos indiciamentos devem acontecer. E um dos deputados estaduais indiciados, Severino Pessoa, que se negou a depor, chegou a falar que não teria ido prestar esclarecimentos porque sabia que todos os parlamentares seriam indiciados. A reportagem da Tribuna Independente repercutiu essa informação com o delegado. Grangeiro disse que eles [Severino e Edval] foram indiciados indiretamente e que esse posicionamento do deputado Severino mostra a falta de respeito que os parlamentares tem com as instituições, além de achar que não devem satisfação para a sociedade. “Eu tenho intimado eles, porque quem não deve, não teme. Se eles acham que não devem prestar esses esclarecimentos, nem à polícia, nem para a sociedade, aí a gente enxerga o nível de parlamentar que temos aqui em Alagoas. O indiciado tem a oportunidade de esclarecer o fato. Se ele esclarecer, já vi casos aqui de a Polícia Federal cancelar o indiciamento deles”, explica. No final de outubro, a Tribuna Independente havia apurado que os novos indiciamentos poderiam atingir ex-integrantes da Mesa Diretora da Casa da Assembleia Legislativa no período de 2010 a 2013. A informação foi confirmada pelo superintendente da Polícia Federal, Bernardo Gonçalves. “Alguns deputados investigados têm sim relação com a Mesa Diretora. A deputada Thaise Guedes foi indiciada e nos próximos dias ou próximas semanas os demais deputados devem ser intimados para ser inquiridos aqui”, explicou à época.