Mundo

Relatório da ONU acusa soldados sírios e milícias de estupros sistemáticos

Documento foi feito a partir de entrevistas com 454 sobreviventes, testemunhas e médicos

Por AFP e G1 15/03/2018 17h19
Relatório da ONU acusa soldados sírios e milícias de estupros sistemáticos
Reprodução - Foto: Assessoria
Os soldados das Forças Armadas sírias e as milícias do regime recorreram sistematicamente a abusos sexuais contra civis, atrocidades consideradas como crimes contra a Humanidade, segundo uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) publicada nesta quinta-feira (15). Os rebeldes que lutam contra o regime sírio cometeram crimes semelhantes, mas em escala "consideravelmente menor do que as violações atribuídas às forças governamentais e suas milícias aliadas", ressalta em seu relatório a Comissão Internacional de Inquérito sobre a Síria, segundo a France Presse. Essas conclusões, apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos, na sede da ONU, em Genebra, são baseadas exclusivamente em entrevistas com 454 sobreviventes, testemunhas e médicos. O governo sírio nunca autorizou os investigadores a viajar para o país. As prisões controladas pelo regime ou seus aliados são os principais lugares onde esses crimes são cometidos, indica o relatório que descreve vários casos. Prisão de mulheres e meninas A Comissão aponta que os soldados do regime detiveram "milhares de mulheres e meninas" desde março de 2011, início do conflito, até o final de 2017, o período coberto pelo estudo, segundo a France Presse. Também foram registrados casos de violência sexual contra homens e crianças de ambos os sexos. Para os investigadores "os estupros e outras formas de violência sexual (...) fazem parte de uma agressão generalizada e sistemática contra a população civil e que se assemelha a crimes contra a Humanidade". A equipe diz vez que "não encontrou evidências de uma prática sistemática ou de uma política entre os grupos armados (rebeldes) de recorrer à violência sexual para instilar o medo ou obter informações", embora os rebeldes também cometam estupros. O relatório não leva em conta as atrocidades cometidas pelo grupo jihadista Estado Islâmico, que é alvo de uma investigação separada da Comissão. Em todo o país, a guerra civil, que completa 7 anos nesta quinta-feira (15), deixou 500 mil mortos, segundo o recente balanço do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).