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Giselle Itié revela abuso sexual: "Pelo último homem que eu poderia imaginar"

Por Daquidali 09/11/2017 15h30
Giselle Itié revela abuso sexual: 'Pelo último homem que eu poderia imaginar'
Reprodução - Foto: Assessoria

A violência contra a mulher é uma realidade a qual todas estão sujeitas, seja em casa ou nas ruas, exercida por desconhecidos ou pelas pessoas mais próximas e queridas. Por isso, atitudes como a da atriz Giselle Itié, embora tristes, dolorosas e revoltantes, se fazem extremamente válidas e necessárias.

Nesta última terça-feira (10), ela revelou um abuso  que sofreu na época da adolescência. O relato, divulgado no site da revista Glamour, é chocante e traz fortes referências sobre aquele que é o aspecto fundamental para a prevalência da cultura do estupro: o machismo.

O início de tudo

Logo de cara, inclusive, ela reforça: “era uma vez uma menina nascida em uma família amorosa, unida e machista: eu”. Quando pequena, continua, teve como ídolos os personagens dos quadrinhos, Mafalda e Hulk, os quais foram substituídos, com o tempo, pelas princesas da Disney: “lindas com seus vestidos à espera do príncipe para o ‘felizes para sempre’”.

Segundo a artista, sua criação foi determinante para a maneira como se comportava. “A educação machista foi me moldando: ‘Menina de família não dança desse jeito!’; ‘Feche as pernas, endireite as costas! Isso não é jeito de menina sentar’. Seguia essa educação, mas a questionava. Pedia para fazer teatro, mas ser atriz não era para uma mocinha de família como eu. Cheguei a morar no México com meus tios para estudar teatro sem que meus pais soubessem”.

Transar só depois de casar

“Eu era uma princesa rebelde, mas minhas primas mexicanas me ensinavam a ser uma menina para casar: beijar o namorado só depois de sete meses juntos (oi?!). Imaginava como seria minha primeira vez: de branco, no colo do marido, o quarto cheio de flores e à luz de velas…”. Giselle segue contando. Na narração, afirma que estava “guardando” sua virgindade para quando se casasse.

Nessa época, ela namorava um homem 15 anos mais velho que, aparentemente, respeitava sua decisão de não ter relações sexuais até que fosse a hora certa. Em uma viagem de amigos, no entanto, começaram os primeiros sinais de que esse fato poderia vir a acontecer. “O sítio tinha três casas com vários dormitórios. X propôs que a gente dormisse em uma casa separada dos outros, cada um em um quarto. Mas ele disse que iria me visitar. Na hora de dormir, era uma sensação boa, coração batendo forte, sabe?”, explica. “Em uma das noites, ele pegou pesado. Quando me dei conta, meu namorado foi substituído por um estranho ofegante que não queria me escutar. Implorei para ele sair de cima! Quando comecei a chorar, ele decidiu parar e saiu do quarto magoado. Eu fiquei com uma mistura de alívio e culpa“.

Noite da violência

Conforme o relato, no dia seguinte, a atriz resolveu ir a uma boate com ele e outras pessoas do grupo. Ela fala que pediu um suco de laranja ao chegar lá, deu um beijo no amado, foi ao banheiro, voltou e, tomou a bebida. Depois disso, ocorreu o episódio marcante: “Quando tinha 17 anos, fui estuprada pelo último homem que eu poderia imaginar. Quando tinha 17 anos, o castelo caiu e fiquei soterrada. X me desejou boa-noite e me chamou de Cinderela. Acordei. Olhei para o lado e lá estava ele, dormindo. Olhei melhor e o vi nu. Susto. Me olhei. Nua. O chão forrado de garrafas vazias. Eu forrada de amnésia. Foi difícil sentar. Então vi o que eu já imaginava. Perdi a virgindade. Me perdi”.

Ao retornar para sua casa, contou tudo para sua mãe. “Éramos duas mulheres chorando. Também vítima da sociedade machista, ela não sabia o que fazer. Se sentia culpada, teve medo de contar para meu pai, pois sabia que o mexicano iria atrás do X e a família Itié iria desmoronar. Por isso, decidiu não contar, e eu entendi. Mais tarde, ela foi atrás do X e bateu nele”.

Tempos de superação

Somente com a ajuda do tempo, da própria mãe e de terapia, Giselle pode se reencontrar. “Hoje, tenho consciência de todas as situações violentas pelas quais passei simplesmente por ser mulher (…) Finalmente, percebi que não devia sentir vergonha, que a culpa nunca é da vítima”. Frente aos casos recentes (e crescentes) de feminicídio, assim como de estupros, ela se juntou ao Comitê de Combate à Violência Contra a Mulher do GMdB (Grupo Mulheres do Brasil), e cocriou o coletivo Hermanas.

Ainda escreveu e dirigiu vários vídeos postados na sua conta do Instagram em novembro do ano passado para chamar a atenção do público feminino sobre essas questões, principalmente, a importância de alcançar a igualdade de gênero. “Meninas, precisamos nos unir! Nosso futuro agradece”, finalizou.