Entretenimento

Fotógrafo brasileiro registra em vídeo morte de homem em festival

Raul Aragão fez relato em rede social na sexta-feira (9) e diz que não vai divulgar vídeo para evitar "sensacionalismo" com a morte

Por Fonte: G1 09/09/2017 13h34
Fotógrafo brasileiro registra em vídeo morte de homem em festival
Reprodução - Foto: Assessoria

Um fotógrafo brasileiro registrou em vídeo o momento em que o americano Aaron Mitchell, de 41 anos, morreu. Ele caiu nas chamas de uma escultura incendiada no festival de artes e música Burning Man, no deserto de Black Rock, em Nevada (EUA), há uma semana.

Raul Aragão, de 32 anos, participava de sua sexta edição do festival e escreveu sobre o assunto na sexta-feira (8). Ele afirma não acreditar que Mitchell tenha se jogado nas chamas de propósito.

"Na terceira vez que ele entrou na área, ele visivelmente tropeçou e caiu de lado", afirmou Raul em seu relato no Instagram.

"Para mim, ele estava muito fascinado por aquele fogo, ele estava pirando com a situação toda. Mas o objetivo, se ele quisesse se matar de vez, ele teria atravessado tudo e se jogado no fogo de vez, de cara. E não foi o que ele fez, entendeu? Ele foi e voltou algumas vezes. Então me leva a acreditar que foi um acidente", disse o fotógrafo ao G1.

Em seu post, Raul publicou apenas um frame do vídeo que fez, mas disse que não tem interesse em divulgar seu conteúdo para "evitar o sensacionalismo com a morte".

"Me preocupo com a família e a memória desse homem, que poderia muito bem ser qualquer um de nós. Espero que sua família encontre a paz. E que a verdade deste acidente prevaleça frente ao sensacionalismo", escreveu.

O G1 teve acesso ao vídeo, e as imagens parecem mostrar um tropeção no momento em que ele cai nas chamas. "Não é um louco qualquer. As pessoas estão atribuindo drogas a essa história. Não é bem isso. Isso poderia ter acontecido com qualquer um que resolveu pular a fogueira", disse.

Fotógrafo da agência Reuters registrou o momento em que Aaron Mitchell adentra as chamas no festival Burning Man. A legenda original usa o termo 'cair' para descrever a cena, sem deixar claro se houve intenção (Foto: Jim Bourg/Reuters)

Segundo Raul, depois que as chamas baixam e o esquema de segurança é removido, diversas pessoas se dirigem às brasas e "andam em cima do fogo, literalmente, quando é permitido".

Morte e investigação

Na noite do sábado (2), durante a queima de uma imensa escultura humana — um dos pontos altos do festival Burning Man —, um homem identificado como Aaron Joel Mitchell, de 41 anos, conseguiu furar o bloqueio de seguranças e caiu nas chamas.

Ele foi resgatado e transferido por helicóptero para o hospital da Universidade da Califórnia, em Davis, mas morreu na manhã de domingo (3).

As investigações iniciais indicaram que ele não havia ingerido álcool, mas exames toxicológicos ainda seriam feitos para determinar se o homem havia ingerido alguma droga. Até o horário da publicação desta nota, a mídia local não havia registrado o resultado desses exames.

Vista aérea mostra estrutura do festival de artes e música Burning Man em 2016 (Foto: Jim Urquhart/Reuters)

O caso está sendo investigado pela polícia do condado de Pershing, em Nevada. Segundo o xerife Jerry Allen, cerca de 50 mil pessoas acompanharam a queima da fogueira no sábado, e policiais, bombeiros e funcionários contratados faziam um cordão de isolamento.

"Nós não sabemos se foi intencional de sua parte ou foi de alguma forma induzido por drogas", comentou o xerife em entrevista à agência Associated Press.

Burning Man

O festival de contracultura acontece anualmente no Deserto de Black Rock, em Nevada, e atrai dezenas de milhares visitantes de todo o mundo.

Um dos pontos altos é a queima de uma imensa escultura de madeira, que dá origem ao nome, com cerca de 12 metros de altura. A fogueira é acesa na noite de sábado e, no domingo, um templo também de madeira é queimado, marcando o fim do evento.

Participantes do festival de arte e música Burning Man realizam uma performance durante uma tempestade de areia no deserto de Black Rock (Foto: Jim Bourg/Reuters)