Saúde
Vozes da Equidade: o protagonismo negro na Saúde Pública de Alagoas
Profissionais e gestores negros protagonizam importantes transformações e garantem um SUS cada vez mais equânime
A luta por uma saúde pública ágil, eficiente e humanizada tem ganhado força em Alagoas por meio do trabalho de técnicos e gestores negros que, com suas trajetórias e vivências, protagonizam importantes transformações para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) destaca histórias de profissionais afrodescendentes que revelam o compromisso diário do Governo de Alagoas com a promoção da equidade racial na assistência aos alagoanos.
Uma dessas vozes negras que tem ganhado protagonismo na saúde pública do Estado é a do médico infectologista Renee Oliveira, que é chefe do Gabinete de Combate às Doenças Infectocontagiosas da Sesau. Natural de Pão de Açúcar, no Sertão alagoano, ele estudou em escola pública quando criança e sempre foi incentivado pela família a valorizar a educação.

Em 1985, Renee iniciou a graduação em Medicina pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió, curso que transformou sua vida e lhe abriu caminho para uma carreira de sucesso. Através da carreira que escolheu, o médico tem sido instrumento de transformação, sendo uma das vozes ativas durante a Pandemia da Covid-19, quando a ciência foi colocada à prova, em razão do negacionismo.
“Minha vó sempre teve o cuidado de fazer com que os filhos dela estudassem e, consequentemente, ela passou isso para os netos. Eu tive a sorte de ter uma rede de apoio familiar sólida e de encontrar pessoas ao longo da minha jornada que me ajudaram no meu desenvolvimento pessoal e profissional. Quando eu cheguei à Ufal, o índice de pessoas negras na universidade era baixíssimo, justamente pelo fato da população negra enfrentar, historicamente, uma série de dificuldades e preconceitos”, relatou Renee Oliveira.
O infectologista afirma que a barreira do preconceito ainda não foi totalmente superada na sociedade. “Infelizmente, vivemos em uma sociedade preconceituosa e a história da escravidão no Brasil deixou marcas até nos dias atuais. É algo que precisamos superar. Mas também nós devemos nos orgulhar dos avanços. Como médico, eu sinto uma alegria enorme em poder atender uma pessoa negra, uma mulher negra e mãe de família. Isso me dá forças para superar os obstáculos que aparecem no dia a dia”, frisou o infectologista da Sesau.
Religião de matriz africana como norte na profissão e na vida
Outro exemplo de destaque na saúde alagoana é o da assessora técnica da Sesau Luiza Costa, que atua no setor de planejamento da pasta. A servidora de carreira destaca a importância da religião de matriz africana na sua formação pessoal, o que reflete na entrega profissional em prol do SUS de Alagoas.

“Para atuar na saúde é fundamental saber respeitar a diferença, a cultura e a religião do outro. De forma alguma, podemos agir com discriminação e temos trabalhado para promover um atendimento cada vez mais equanime e humanizado para todos”, ressaltou a assessora técnica da Sesau.
Para ela, que atua na saúde pública antes mesmo de o SUS ter sido criado, por meio da Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, atuar no planejamento da saúde pública é um privilégio. “Em todas as ações que faço, em todas as intervenções e projetos e analiso tecnicamente, sempre busco torná-la acessível às pessoas que mais precisam, ou seja, àquelas que sempre estiveram à margem da sociedade, mas que têm direito a saúde pública de qualidade, eficiente e ágil", frisou Luiza Costa.
Gestão
A assistente social Ana Cláudia Pires é mais uma personagem negra que ganhou destaque na saúde pública de Alagoas. Atualmente, ela ocupa o cargo de diretora da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Santa Maria, no bairro Cidade Universitária, em Maceió. Ao falar sobre sua trajetória, Ana lembra que passou a atuar na área após ter sido aprovada no concurso público realizado em 2004. Inicialmente, ela ficou lotada no setor de Gestão de Pessoas do Hospital Geral do Estado (HGE) por 5 anos e, depois, foi transferida para a Sesau.
“Depois de começar minha carreira no HGE, cheguei à Superintendência de Valorização de Pessoas [SUPVP], onde atuei por mais de 15 anos. Adquiri experiência e isso me fez crescer, levando-me, no início de 2024, a assumir a Gestão de Pessoas da UPA Cidade Universitária. Foi um grande desafio, pois deixei de ser liderada para ser uma líder. Me redescobri e essa oportunidade foi muito importante para o meu crescimento profissional”, disse Ana Cláudia Pires.

No início de 2025, após apresentar bons resultados na chefia da Gestão de Pessoas da UPA Cidade Universitária, Ana Cláudia Pires foi escolhida para assumir a direção da unidade, quando a então diretora, Renata Suruagy, tornou-se superintendente de regulação da Sesau.
Atuando agora como gestora assistencial, a profissional destaca a importância da educação e o incentivo recebido desde cedo pela família para ser referência na gestão do SUS. “Minha mãe sempre falou sobre a importância dos estudos e ficava me estimulando a estudar cada vez mais. Essa orientação mudou minha vida. Hoje, eu celebro minha trajetória com muito orgulho, por ser mulher e negra, e ter chegado até aqui através do meu comprometimento e dedicação ao serviço público. Nós podemos vencer qualquer preconceito e chegar onde quisermos”, ressaltou a diretora da UPA Cidade Universitária.
Gestão equânime
Histórias como a de Renee, Luiza e Ana demonstram a importância da equidade no serviço público, como destaca o secretário de Estado da Saúde, Gustavo Pontes de Miranda. “A população negra enfrenta, há séculos, desigualdades estruturais que se refletem diretamente nos indicadores de saúde. Quando promovemos a equidade, atuamos de forma enfática na resolução dessas questões. Em Alagoas, a determinação do governador Paulo Dantas sempre foi formar uma gestão mais equânime para ampliar cada vez mais o acesso da população negra a serviços de qualidade”, pontuou o gestor da Sesau.
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