Saúde
67 pessoas aguardam por um transplante de rim em Alagoas
Pandemia do novo coronavírus interferiu de forma significativa nas doações e cirurgias de órgãos no Estado
Após dois anos sem a realização de transplantes em Alagoas devido às limitações impostas pela pandemia de Covid-19, 67 pacientes estão em fila à espera de um rim. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau/AL).
Os dados demonstram os prejuízos que a pandemia provocou na rotina de transplantes. Em 2017, foram 19 transplantes ao todo, já em 2018, 21. No ano de 2019, sete transplantes foram realizados em Alagoas. E nos últimos dois anos, 2020 e 2021, nenhum transplante ocorreu, sendo que no ano passado os rins captados foram ofertados ao Sistema Nacional de Transplantes.
A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos detalha que, atualmente, o sistema passa por uma retomada. De janeiro até abril foram realizados dois transplantes de rins.
“Houve uma queda até porque o Covid positivo é contraindicação absoluta para realização de qualquer transplante. Então, a gente teve sim uma queda por conta da pandemia. E ainda estamos num processo de retomada dos transplantes, das doações. Porque depois de tudo isso, a sensação que a gente tem, é a sensação de pós-guerra. É preciso reorganizar, retomar, algumas equipes foram desfeitas, os hospitais que tinham as comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos que são os profissionais responsáveis em estar buscando, garantindo a questão dos doadores, foram desfeitas. Então a gente está nesse processo de retomada”, pontua a gestora.
Atualmente quatro unidades hospitalares de Alagoas estão credenciadas para realizar os transplantes, entretanto apenas uma tem realizado.
“Em julho de 2019 as equipes da Santa Casa de Misericórdia de Maceió e do Hospital Chama em Arapiraca (hospitais com maior número de receptores) pararam de transplantar alegando dificuldades financeiras em manter a equipe de urologistas (...) Atualmente temos quatro hospitais credenciados pelo Ministério da Saúde e aptos para realizar o transplante de rim. Porém, somente o Hospital Memorial Arthur Ramos está realizando o transplante”, diz Daniela.
Com o cenário de retomada, o principal desafio para efetuar um transplante continua sendo a quebra de tabus. Seja pelo acesso a informações, seja pela falta de profissionais aptos a captar os órgãos, o avanço depende muito do cenário para os possíveis doadores, avalia Daniela Ramos.
“Para ter um transplante é preciso que se tenha doação autorizada. E hoje a legislação brasileira só permite que a família autorize essa doação até o parente de segundo grau. Então nós estamos nesse trabalho sempre de incentivar a população, sensibilizar a população, esclarecer as dúvidas em relação a doação de órgãos, porque ainda existem muitos tabus, ainda existem muitos mitos relacionados a esse tema. É um trabalho que deve ser constante”, pontua.
Outro fator preponderante é a subnotificação dos óbitos de potenciais doadores, o que fragiliza o processo de captação.
“A lei determina que é obrigatório aos hospitais notificar qualquer suspeita de morte encefálica para Central de Transplantes. Então a notificação é compulsória e ainda assim nós temos muitas subnotificações no estado. Então eu atribuo essa dificuldade ao pós-pandemia. E em relação também a capacitação e que os hospitais eles tenham mais essa iniciativa de procurar a Central de Transplantes para notificar os potenciais doadores”, esclarece.
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