Política

Queda de juros e ano pré-eleitoral: o que muda para o investidor brasileiro

Cenários definem qual é a melhor forma de aplicar o patrimônio, sem perder dinheiro

Por Assessoria 12/09/2025 10h51
Queda de juros e ano pré-eleitoral: o que muda para o investidor brasileiro
Sócio-fundador da Fatto Capital, Paulo Soprana - Foto: Divulgação

Com o mercado precificando cortes na Selic e o calendário político já trazendo o clima das eleições de 2026, o investidor brasileiro entra em um novo ciclo que exige reposicionamento da carteira. A combinação de juros menores e maior volatilidade política tende a afetar tanto a renda fixa quanto a renda variável, além de reforçar a importância da diversificação internacional e das estratégias de proteção patrimonial.

Historicamente, períodos que antecedem eleições no Brasil trazem incertezas, pressionando câmbio, bolsa e curva de juros. Um planejamento patrimonial bem estruturado leva isso em conta e prepara o investidor para diferentes cenários.

De acordo com o sócio fundador da Fatto Capital e especialista em planejamento patrimonial para alta renda, Paulo Soprana, o cenário eleitoral tem grande importância e interferência, visto que existe possibilidade de trocas de governo.

“Toda mudança traz uma insegurança, a gente não sabe qual será o novo plano de governo e para se investir é preciso ter claramente uma ideia do que vai acontecer com o futuro. Ninguém investe pensando somente no amanhã, se investe pensando a longo prazo. Por isso é tão importante ter uma noção de quem vai estar no comando para entender quais medidas serão aplicadas”, reforça.

Entre os impactos que podem ser sentidos está o da queda de juros na renda fixa, que vinha entregando retornos elevados e praticamente livres de volatilidade. Com a Selic projetada para cair gradualmente, a rentabilidade real desses ativos tende a diminuir, aumentando a necessidade de buscar alternativas mais diversificadas. Assim, produtos atrelados à inflação ganham espaço como forma de preservar poder de compra.

“A queda de juros no país é muito positiva porque isso traz de volta um nível de crescimento. Estamos registrando uma deflação e isso nos mostra que os preços não estão subindo mais como antes. A queda da Selic traz de volta a necessidade das pessoas tirarem dinheiro dos investimentos, porque vai começar a render um pouco menos, e começar a utilizar pelo consumo. Quando os juros estão altos, muitos investidores preferem manter o dinheiro aplicado, quando eles caem, fica mais barato comprar bens, o que reaquece a economia”, salienta o especialista.

Em um ambiente de juros menores e riscos políticos elevados, a gestão de patrimônio deve considerar diversificação global, reduzindo a correlação com ativos locais e diluição de riscos; proteção cambial, com uso de instrumentos que suavizam impactos da oscilação do dólar; setores defensivos, priorizando segmentos menos sensíveis ao ciclo político-eleitoral; e planejamento tributário e sucessório, com alinhamento de investimentos com objetivos de longo prazo, preservando a eficiência fiscal.

O novo ciclo econômico exige que o investidor brasileiro vá além da simples escolha entre renda fixa e variável, pensando em termos de estratégia integrada, que considere juros, política e patrimônio como um todo.

“Quem se antecipa a esses movimentos não apenas protege o que já conquistou, mas também cria condições para capturar oportunidades que surgem nos momentos de mudança”, destaca o profissional.

Para Paulo Soprana, um dos principais pontos a se considerar no cenário político é a questão fiscal. “A dívida relacionada ao PIB está mais ou menos em 85%, ou seja, a cada cem reais produzidos, 85 são para pagar dívida, sobrando 15 reais para fazer a gestão. O grande foco será na redução de despesas e fazer cortes. Nesse ponto vamos entender se o governo atual vai conseguir fazer um reenquadramento fiscal ou se o próximo governo conseguirá fazer isso”, sinaliza.

Vítima de uma briga política, o Brasil se encontra no meio de um tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o que pode também impactar nos investimentos. “É esperada uma redução do PIB, mas um dos efeitos de ter uma taxa de juros mais alta combinada com uma tarifação é que se deixa de exportar muita coisa. De um lado isso ajuda na inflação, já que muita coisa acaba sendo vendido mais barato no mercado interno, mas alguns setores serão mais afetados, o que levou o governo a lançar uma medida que custou 30 bilhões de reais de um dinheiro que não está sobrando e que alguma hora precisará retornar aos cofres”, opina o sócio fundador da Fatto Capital.

Ainda de acordo com Soprana, a saída é a educação financeira para entender o cenário atual e planejar o futuro. “Hoje 1% da população brasileira consegue ter independência financeira ao se aposentar, sem depender do INSS. Por isso, quanto antes o consumidor começar a investir, melhor. Existem várias formas de se fazer isso, com produtos diferentes, inclusive com variados valores, pois investimento não é só para ricos. Atualmente no próprio tesouro direto é possível começar a investir com 60 reais por mês e quanto mais jovem começar, menos se pagará por mês para juntar o valor desejado. É preciso entender o perfil do investidor, se é mais agressivo ou conservador, para achar a melhor forma de conquistar a independência financeira”, finaliza.