Política
Comissão resgata papel do movimento estudantil na luta pela redemocratização
Grupo convoca pesquisadores voluntários interessados em colaborar com o acervo documental

A 3ª reunião ordinária da Comissão da Memória, Verdade, Justiça e Reparação foi realizada na segunda-feira (18), na Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O encontro foi aberto pela presidente Emanuelle Rodrigues, e contou com o depoimento do historiador Geraldo Majella, que destacou a forte participação do movimento estudantil da Ufal nas campanhas pelas Diretas Já e no processo de reabertura democrática do país.
Criada em junho deste ano, a comissão tem como objetivo investigar, sistematizar e dar visibilidade a informações sobre violações de direitos humanos ocorridas na Universidade durante a ditadura civil-militar e no período de transição democrática. “A intenção é resgatar as experiências vividas por membros da comunidade acadêmica e tornar público esse legado histórico, além de buscar a reparação do Estado pelos danos causados pela repressão política”, disse o professor Rodrigo, relator da Comissão.
Durante o depoimento, Majella relembrou sua militância a partir de 1977, quando participou da reorganização de centros cívicos escolares e da reativação da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (Uesa). Em seguida, o movimento estudantil ampliou sua atuação na Ufal, sobretudo por meio do Diretório Central dos Estudantes (DCE), que se tornou um polo de mobilização em campanhas nacionais. “Eu era estudante do Cesmac, mas estava sempre presente nas agitações políticas da Ufal”, relembrou.
Ele ressaltou que, em Alagoas, os estudantes tiveram papel de liderança nas articulações locais pela anistia política, campanha que mobilizou diversos setores da sociedade civil no final dos anos 1970 e que possibilitou o retorno de militantes que saíram do país para não serem presos pela ditadura cívico-militar. “A Ufal também foi palco de atividades de solidariedade internacional, como a arrecadação de medicamentos destinados à Nicarágua após a queda da ditadura de Somoza”, contou Majella.
Majella lembrou ainda que o movimento estudantil universitário foi protagonista nas campanhas pelas Diretas Já, além de contribuir para dar visibilidade a denúncias de violações de direitos humanos, como casos de tortura em presídios e manicômios. “Naquele período, os sindicatos estavam sob forte repressão e a principal força organizada de mobilização era o movimento estudantil. A Ufal, seus centros acadêmicos e o DCE tiveram papel fundamental nessa história”, afirmou.
O depoimento será transcrito e incorporado ao acervo documental da comissão, que está reunindo relatos e documentos de ex-estudantes, servidores e docentes. O trabalho busca consolidar a memória da resistência e fortalecer a cultura de direitos humanos na universidade.
Convite para pesquisadores e pesquisadoras
A Comissão publicou uma chamada institucional para pesquisadores e pesquisadoras voluntários, que podem ser estudantes de pós-graduação, servidores aposentados e pesquisadores externos à Ufal para integrar a equipe. A documentação solicitada deve ser enviada para o e-mail [email protected] até o dia 29 de agosto.
Estas pessoas vão contribuir para atividades de investigação histórica, levantamento e sistematização documental, análise de fontes, produção acadêmica, produção digital e audiovisual, comunicação e ações de memória e reparação. “Toda contribuição será muito importante”, finalizou a professora Emanuelle Rodrigues.
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