A preocupação do setor sucroalcooleiro alagoano com os impactos negativos do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi acolhida pelo Governo do Estado. Em reunião do Consórcio Nordeste realizada em Brasília na última terça (5), entre governadores, o presidente Lula (PT) e autoridades do governo federal, o governador de Alagoas em exercício, Ronaldo Lessa (PDT) reforçou a situação a ser enfrentada pelo Estado caso o tarifaço não seja revertido.

O grupo composto por oito governadores levou ao presidente Lula as informações sobre os principais setores afetados em cada estado, reforçando a importância de um plano de proteção. O açúcar foi colocado entre os produtos que ainda estão na lista que vai sofrer a taxação de 50%, assim como frutas, pescados, sal, mel, ceras vegetais, pneus e minérios. Reconhecidamente os setores são vistos como de extrema importância social e econômica, por gerar muitos empregos, impactando milhares de famílias.

Alinhado com os pedidos feitos pelo presidente do Sindaçúcar Alagoas, em ofício enviado na última segunda-feira (5), o governo de Alagoas estava no grupo que intercedeu junto ao presidente buscando a solução do problema. Durante a reunião do Consórcio, os governadores do Nordeste reafirmaram a confiança na condução do governo federal, se colocaram à disposição para colaborar nas negociações com os Estados Unidos e afirmaram que estão prontos para se alinharem às iniciativas federais na soma de esforços em ações como a disponibilização de orçamento estadual para compras governamentais e crédito para micro e pequenas empresas no sentido de defender a economia regional e brasileira.

O retorno do governo federal alimenta boas expectativas, de acordo com o presidente do Consórcio Nordeste. “O presidente Lula nos tranquilizou, assim como o ministro e vice-presidente Geraldo Alckmin. Eles disseram que esses setores, sobretudo os que geram muitos empregos, serão bastante atendidos por uma gama de medidas que ainda serão anunciadas por Alckmin e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Falo que essas medidas devem envolver, certamente, crédito, incentivos e compras governamentais para garantir a manutenção dos empregos dessas empresas exportadoras”, explicou Rafael Fonteles.

Ronaldo Lessa participou no mesmo dia da abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o “Conselhão”. O tema também foi abordado em Brasília.

Alagoas é atualmente o estado produtor e exportador de cana-de-açúcar e manga, entre outras commodities, a produção do estado será impactada pela taxação norte-americana. Mas, Ronaldo Lessa ameniza a preocupação, pois entende que como a China e o Canadá são os principais destinos dos produtos alagoanos, o boicote comercial não terá um impacto tão forte. “Os Estados Unidos são o nosso terceiro cliente [na exportação de cana-de-açúcar], mas vamos tentar negociar para se chegar a um acordo. O caso ainda não está encerrado”, comentou Lessa.

O governador em exercício contou que o presidente da república defendeu a soberania nacional, mas que há interesse em negociar.

“Evidentemente, aproveitou essa plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e mais [a presença de] governadores e ministros para tratar também do tarifaço, reafirmando que a soberania brasileira é inegociável – inclusive uma fala comum de todos os oradores –, mas que estava aberto para negociar. Essa é a questão central. O comércio é feito para isso [negociar], as nações são feitas para isso, mas o que não pode é abrir mão da nossa soberania”, afirmou.

“Há a possibilidade de o país fazer dois tratamentos para a gente sofrer o menos possível: um para os grandes produtores, que devem buscar novos mercados internacionais; e outro para os produtores de pequeno porte, com o governo federal oferecendo o suporte necessário”, finalizou o governador em exercício.