Política
Em greve, Sinteal não tem avanços nas negociações
Sindicato que representa trabalhadores da educação cobra do governo alagoano reajuste salarial de 10%
A greve dos trabalhadores da rede pública estadual de Educação em Alagoas, iniciada em 1º de julho, completou mais de 30 dias sem acordo entre a categoria e o Governo do Estado. O movimento reivindica reajuste salarial de 10%, percentual que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), poderia ser garantido com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Até o momento, o Executivo anunciou 4,83% de aumento, o que mantém o impasse.
No dia 5 de agosto, educadores voltaram às ruas com uma manifestação na Praça Centenário, em Maceió. O ato reuniu servidores, dirigentes sindicais e apoiadores, e teve como objetivo reforçar as demandas da categoria e cobrar do governador Paulo Dantas (MDB) uma abertura efetiva para as negociações.
Além do reajuste salarial, o Sinteal cobra o avanço em outros 20 pontos da pauta de reivindicações, que incluem melhorias nas condições de trabalho, revisão do plano de cargos e carreiras, pagamento de passivos trabalhistas, reajuste de auxílios e investimentos em infraestrutura escolar. De acordo com o sindicato, parte dessas demandas é remanescente da greve realizada em 2023, quando o governo se comprometeu a atender determinadas cobranças, mas não cumpriu integralmente o acordado.
Em entrevista ao TH Entrevista, que já está no ar na TV Tribuna no YouTube, o presidente do Sinteal, Izael Ribeiro, afirmou que “o governador Paulo Dantas precisa provar para a população que a educação é prioridade e abrir negociação”. Segundo ele, os trabalhadores permanecem dispostos a dialogar, mas têm encontrado resistência por parte da gestão estadual. “Não falta vontade e capacidade de negociação por parte dos trabalhadores e trabalhadoras. O que precisamos é de uma sinalização concreta do governo para resolver essa situação”, reforçou.
O dirigente também chamou atenção para um problema que, segundo ele, se agrava com o tempo: o afastamento de servidores por questões de saúde. Problemas físicos e emocionais, associados à sobrecarga de trabalho e à falta de estrutura adequada nas escolas, têm levado ao aumento de licenças médicas, impactando diretamente a qualidade do ensino.
O movimento grevista tem mantido uma rotina de assembleias e protestos para definir os próximos passos. O Sinteal afirma que está atento a casos de perseguição e ameaças a servidores que participam das mobilizações, e que dará apoio jurídico e político a todos que sofrerem retaliações.
Com o impasse prolongado, a expectativa é de que novas manifestações sejam realizadas nos próximos dias, caso o governo não apresente uma proposta que atenda às principais demandas. O sindicato alerta que, sem avanços concretos, a paralisação pode se estender ainda mais, comprometendo o calendário escolar e ampliando a tensão entre categoria e Executivo estadual.
Para o Sinteal, a solução depende de uma mudança de postura do governo, com prioridade real para a educação e compromisso com a valorização dos profissionais. “Estamos lutando por justiça salarial e melhores condições de trabalho. Não é apenas um pedido da categoria, é uma necessidade para que a educação de Alagoas possa avançar. Não vamos conseguir um acordo com ameaças na Justiça”, continuou Izael Ribeiro.
“Queremos deixar claro aos estudantes da rede estadual de ensino que vamos repor todas as aulas perdidas e estamos lutando também pelas turmas que estão sem professores de algumas matérias. Precisamos de concurso público, que é uma das nossas pautas”, concluiu.

Governo garante que evoluiu nas tratativas e cita decisão judicial
Em contato com a reportagem da Tribuna Independente, o Governo do Estado informou que avançou nas negociações com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação (Sinteal). Em um diálogo contínuo, a maior parte dos pleitos apresentados pela categoria já foi integralmente atendida, de acordo com publicação do portal institucional Agência Alagoas, em matéria publicada em 9 de julho.
“Entre as importantes conquistas asseguradas, destacam-se o reajuste de 50% no valor pago a servidores lotados em áreas de difícil acesso e o reajuste do auxílio-alimentação, retroativo a janeiro de 2025 e com previsão de pagamento ainda neste mês de julho. Além disso, foi autorizada a quebra do interstício para progressão na carreira de mestrado e doutorado, valorizando a qualificação e o aprimoramento dos educadores alagoanos”, informou o governo.
“Outro ponto crucial atendido é a divisão dos recursos do antigo Fundef [valor residual que estava provisionado], com a destinação de R$ 30 milhões para beneficiar os servidores que atuaram nos anos de 1998 a 2006. O único ponto que permanece em discussão é o percentual de reajuste salarial referente à data-base de 2025. A gestão estadual já concedeu, por meio de lei aprovada na Assembleia Legislativa, um reajuste de 4,86%, correspondente à correção inflacionária de 2024. A reivindicação sindical de um percentual 1,44% acima desse índice está sendo analisada com responsabilidade”, completou o governo, por meio da publicação do portal institucional Agência Alagoas.
“Embora reconheça o direito de greve dos trabalhadores da Educação, a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de Alagoas considera “o perigo de dano correlato e insofismável” que a longa paralisação – iniciada em 1º de julho – representa contra os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes, notadamente o acesso à educação e à alimentação. Para garantir o cumprimento da decisão judicial, a Secretaria de Estado da Educação de Alagoas comunicou, por meio de Nota Oficial, a aplicação do desconto dos dias faltosos no salário dos trabalhadores em greve, a partir de sexta-feira, 1º de agosto”.
Mais lidas
-
1Reta final!
'A Fazenda 17' terá roça especial e volta de ex-peões; veja calendário
-
2Alagoas
Filha é presa por maus-tratos e omissão de socorro contra idoso em Belo Monte
-
3Maceió
Arcebispo: Igreja não vende areia à Braskem
-
4Abriu o jogo
Whindersson Nunes diz ter repensado sua sexualidade: 'Sou gay'
-
5Nesta terça-feira (9)
Polícia Militar de Alagoas lamenta morte do cabo Lucas Gomes Canabarro




