Política

Em Marechal, eleição pode ser acirrada novamente

Prefeitura será disputada por Júnior Bocão, apoiado pelo atual prefeito, contra Júnior Dâmaso, aliado de Lira e que tem Cristiano Matheus como vice

Por Thayanne Magalhães - repórter / Tribuna Independente 07/08/2024 08h20
Em Marechal, eleição pode ser acirrada novamente
André Bocão conta com apoio do atual prefeito e é candidato do MDB, enquanto Júnior Dâmaso tem aliança com Arthur Lira e JHC - Foto: Divulgação

Marechal Deodoro, cidade histórica e primeira capital de Alagoas, possui um eleitorado de 38.330 pessoas e deve testemunhar, novamente, uma das eleições mais disputadas de Alagoas em 2024. O ex-prefeito da cidade em duas oportunidades, Cristiano Matheus (PL), que chegou a se lançar pré-candidato ao cargo, irá disputar a vaga de vice-prefeito na chapa liderada por Júnior Dâmaso (Republicanos), que acumula duas derrotas consecutivas para o grupo político do atual gestor, Cacau (MDB). Na eleição de 2016, Cacau venceu a eleição por 8 votos de diferença. Em 2020, o prefeito foi reeleito com 21 votos à frente de Júnior Dâmaso.

Após as convenções eleitorais, a disputa em Marechal Deodoro será entre Júnior Bocão (MDB), candidato apoiado pelo prefeito Cacau, pelo senador Renan Calheiros (MDB) e pelo governador Paulo Dantas (MDB), contra Júnior Dâmaso, que hoje conta com uma aliança formada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), pelo prefeito de Maceió, JHC (PL) e pelo deputado federal Fábio Costa (PP), que este ano foi cotado como quem poderia disputar a prefeitura.
A decisão de Cristiano Matheus foi tomada após diversas conversas com líderes políticos influentes, incluindo Arthur Lira e o prefeito de Pilar, Renato Filho. Todos se uniram com o objetivo de convencer Matheus a desistir da disputa e apoiar Dâmaso.

O movimento para retirar Matheus da corrida política tinha como foco consolidar a oposição ao atual prefeito, Cacau, que lançou André Bocão como candidato à sua sucessão. Essa articulação visava fortalecer um único nome que pudesse desafiar a base governista com mais força.

Os dois candidatos, Matheus e Damaso, estavam praticamente empatados nas pesquisas de intenção de voto, mas Matheus enfrentava uma taxa de rejeição mais alta, o que pode ter influenciado sua decisão de mudar de posição.

A eleição municipal de 2016 em Marechal Deodoro foi extremamente acirrada, possivelmente a mais competitiva da história política local. Naquele pleito, o atual prefeito Cacau derrotou Dâmaso por uma margem mínima de 8 votos (0,02%).

Em 2020, mesmo com o apoio da máquina pública municipal e estadual, Cacau foi reeleito com uma diferença de apenas 21 votos (0,08%) contra Junior Damaso, que contava com poucos recursos de campanha. Esse histórico sugere que, apesar de sua reeleição, o prefeito Cacau não possui uma grande vantagem eleitoral.

Diante dos resultados apertados das últimas eleições, a oposição, agora representada por Junior Dâmaso e Cristiano Matheus, possui uma chance real de vitória. Sem essa união, o candidato do prefeito Cacau, beneficiado pela máquina pública, tende a manter sua liderança. A capacidade de mobilização e a influência política do prefeito são fatores que contribuem significativamente para a vantagem inicial de André Bocão.

O cientista político Ranulfo Paranhos falou com a Tribuna Independente e afirmou que a união entre os candidatos trará vantagens. “Se Cristiano Matheus e Junior Dâmaso não se unissem, o candidato do prefeito terá uma vantagem. O candidato do prefeito lidera as intenções de voto porque conta com o apoio da máquina pública e do próprio prefeito, o que faz uma grande diferença. No entanto, a política é caracterizada pela incerteza. Embora possamos traçar estratégias e realizar pesquisas, o resultado final é sempre imprevisível”, opina.

Para Ranulfo, a aliança entre Matheus e Dâmaso é crucial para enfrentar o candidato da máquina pública. “E a capacidade de mobilização do prefeito Cacau como cabo eleitoral também não pode ser subestimada. Essas questões serão respondidas ao longo da campanha, mas só a apuração dos votos revelará o desfecho final. Com Matheus concorrendo como vice de Dâmaso, a chapa será fortalecida, otimizando as chances de competir com sucesso contra o candidato apoiado pela estrutura governamental”, afirma o cientista político.

Ele ressalta que a dinâmica eleitoral é marcada por um alto grau de incerteza, e embora previsões e estratégias possam ser traçadas, o resultado final só será conhecido após a contagem dos votos.