Dos nove componentes da bancada federal alagoana, dois deputados federais – Delegado Fábio Costa (PP) e Alfredo Gaspar (União Brasil) –, assinaram o pedido de impeachment para uma vã tentativa de retirar da presidência da República Luís Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, de acordo com um levantamento do portal Congresso em Foco, que cobre o cotidiano da Câmara dos Deputados, parlamentares que são a favor do impeachment de Lula, têm votado a favor das matérias enviadas pelo governo.

Na lista divulgada pelo portal, aparece o nome do deputado Fábio Costa, que já votou a favor dos projetos do governo Lula em 61% das oportunidades. Na pesquisa, o nome do deputado federal Alfredo Gaspar não aparece.

O Radar do Congresso em Foco calcula o governismo de cada parlamentar a partir das votações na Câmara. Votos iguais à orientação (sim ou não) do líder do governo na Casa aumentam a taxa; qualquer opção diferente da orientação (seja sim, não, abstenção ou falta) diminui o governismo. O levantamento considerou as votações feitas ao longo de 2023, primeiro ano da gestão Lula.

A Tribuna quis saber sobre o índice de governismo com votos favoráveis de Fábio Costa aos projetos de lei encaminhados pelo governo Lula. O parlamentar respondeu que não atua na Câmara dos Deputados como um “robô” e é preciso avaliar as propostas que são interessantes para melhorar a vida dos alagoanos e dos brasileiros.

“Não atuo na Câmara dos Deputados como um ‘robô’, que vota contra todos os projetos que tramitam na Casa. Inclusive, projetos que podem, sim, melhorar a vida dos alagoanos e brasileiros, com quem tenho o compromisso selado agora, enquanto deputado federal”, argumentou o parlamentar.

O deputado federal disse ainda que mantém a sua assinatura no pedido de impeachment. “Integro a lista de 139 congressistas que assinou o pedido de impeachment contra o presidente Lula na Câmara dos Deputados. Assim como grande parte da população brasileira, não concordo com as falas perigosas e irresponsáveis do atual presidente, além de não acreditar em seu Plano de Governo.

O Brasil atravessa uma fase sombria de medo e insegurança, e as pessoas sentem isso nas ruas. Faço oposição a tudo isso desde o início do meu mandato, mas também é uma promessa minha jamais votar contra o avanço deste país”, complementa.

Capitaneada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), a lista de deputados que pedem o impeachment tem mais de 30 nomes que, na maior parte do tempo, votaram junto com o governo na Câmara em 2023. Há congressistas que seguiram a orientação da gestão Lula em mais de 80% das vezes e hoje pedem a saída do presidente. Entre os signatários do impeachment, pelo menos 32 têm uma taxa de governismo acima de 50% – ou seja, votaram junto com o governo Lula em mais da metade das vezes.

PEDIDO DIFÍCIL

A rigor, não é necessário que um pedido de impeachment tenha um número específico de apoios de parlamentares para começar a tramitar. O avanço do impeachment é uma decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que dificilmente vai colocar o processo em pauta.

Na prática, as assinaturas de deputados em favor do impeachment são um gesto político, já que as chances de avanço são baixas. Os casos de deputados que pedem o impeachment, mas votaram alinhados a Lula concentram-se especialmente em partidos da base alinhada do governo, que ocupam ministérios: União Brasil e PP têm oito nomes nesta situação, Republicanos tem cinco e o PSD tem quatro.