Política
PP e MDB têm maior número de filiados em Alagoas
Disputa no Estado entre legendas de Arthur Lira e Renan Calheiros também se reflete nas questões de filiação no Estado

O Partido Progressista (PP), que tem como principal nome o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é campeão em número de filiados em Alagoas. São 17.912 pessoas associadas à legenda 11, segundo dados oficiais do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL). Mas esse primeiro lugar é por pouco, e a diferença entre ele e o segundo é de apenas 147 filiados. O MDB, presidido pelo senador Renan Calheiros, 17.765 filiados registrados no TRE.
Com 31 partidos em atividade em Alagoas atualmente, a maior disputa eleitoral acaba se concentrando em uma parcela bastante reduzida desse grupo.
Esses dois partidos publicamente têm deixado clara a rivalidade e a disputa pelo protagonismo, principalmente no campo da municipalidade, um campo de muita força do PP onde o MDB tem ampliado e desde o início do ano vem filiando prefeitos com mandato.
O MDB de Alagoas tem um bom desempenho eleitoral na Assembleia Legislativa Estadual, quando foram 14 eleitos em 2022, e na Câmara de Vereadores de Maceió, com cinco eleitos em 2020. Está à frente do Governo Estadual pelo terceiro mandato consecutivo e tem dois senadores, um deputado Federal e um ministro atuando em Brasília.
No Legislativo o PP tem desempenho melhor na Câmara Federal, foram eleitos 4 deputados federais sendo um deles o atual presidente da Câmara. Mas no âmbito estadual, perde a disputa. Foram eleitos pelo PP nos últimos pleitos 4 deputados estaduais e 2 vereadores em Maceió.
A cientista política Luciana Santana avalia que esse crescimento dos dois partidos foi progressivo. “Não foi da noite para o dia. Ainda na gestão do Teotônio [Vilela], a gente via ali o MDB, que já tinha um protagonismo, mas o PP crescendo. Então, desde ali a gente já via o indício de crescimento, a tendência de crescimento”.
Ela entende que isso se deve em grande parte à força política das lideranças locais na frente desses partidos. “Claro que Arthur Lira e Renan Calheiros são os dois nomes que têm um protagonismo na ascensão desses poderes”.
Mas a cientista política também entende que isso aconteceu em parte pelo espaço deixado vazio. “O maior crescimento da força política desses partidos acontece na medida que começa a ter vácuos em espaços de poder. Então a derrota do PSDB na eleição de 2014 acaba refletindo bastante nesse potencial de crescimento dos demais partidos. Sem um chefe do Executivo a frente, ou de lideranças que estejam a frente de outros cargos eletivos importantes, é mais difícil de você ter um aumento no percentual de participação ou de força dos demais partidos”.
A eleição a que ela se refere traduziu uma mudança de posicionamento do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) no cenário local. Aqui em Alagoas, o partido que estava no governo teve um desempenho pífio, com Júlio Cezar alcançando menos de 10% dos votos na disputa. Naquele momento, a disputa já ficou entre MDB e PP, que naquele momento disputou e chegou a ir para o segundo turno com o pai de Arthur, Benedito de Lira. Depois disso Rui Palmeira chegou a ser reeleito na prefeitura de Maceió, mas não conseguiu fazer sucessor e em 2021 saiu do partido para o Podemos que em seguida trocou pelo PSD.
“Então isso está muito visível nessa situação aí do PSDB, a força que ele perdeu depois que Teotônio deixou o poder, deixou de ser um partido com grande protagonismo no Estado. Não significa que esses partidos vão sumir, significa que hoje eles têm menos força, menos expressão política, e isso tem a ver também com ausência de lideranças que possam contribuir com a renovação ou que mudança nessa progressão desses partidos, como aconteceu com o PSDB”, disse a cientista política.
Legendas precisam atualizar os dados no sistema da Justiça Eleitoral
Na lista do Tribunal Regional Eleitoral em Alagoas (TRE/AL), o PSDB é o 4º em número de filiados, com 12.264, perdendo do Partido Socialista Brasileiro (PSB) por 405 pessoas. Mas não concentra mais mandatos de deputados nem executivo estadual.
A projeção para o próximo período, segundo a cientista política Luciana Santana, não deve sair muito da dicotomia PP e MDB.
“Na atual conjuntura, acho que outros partidos vão continuar atuando como tem atuado, como estão se organizando, porque quer queira ou quer não, isso concentra poder em outras lideranças, ou pelo menos centraliza poder em outras lideranças. Mas não significa que a gente tenha hoje condições de dizer que tem uma terceira linha com força para bater o tamanho que o MDB e o PP têm hoje”, avalia.
DIFERENÇAS
Os dados dos partidos fornecidos pelo TRE foram obtidos no dia 10 de agosto de 2023, com base no Sistema Eleitoral Filia, conforme Resolução 23.596 de 20 de agosto de 2019.
Vale ressaltar que a primeira lista de processamento deste ano foi em abril, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai liberar o cronograma de processamento do segundo semestre, provavelmente outubro. Mas segundo o TRE toda filiação feita neste interregno fica na lista interna e passa para a oficial depois desse processamento. O TSE vai publicar em breve, diante disso pode haver diferença entre as listas do partido e a oficial.
A reportagem da Tribuna entrou em contato com alguns partidos e obteve números diferentes, entre o sistema interno e o do TRE. O Partido Socialista Brasileiro (PSB), terceiro maior, contabiliza 12.908, enquanto o sistema aponta 12.669. Mas o número que chamou atenção foi o do Partido dos Trabalhadores, que internamente contabiliza 19.714 (o que o tornaria com folga o maior do estado), mas no TRE tem 9.707. A diferença de quase 10 mil filiados entre os dois sistemas deixa o partido em uma 7ª posição.
Isso pode ter acontecido por dois motivos: As pessoas que foram filiadas no período posterior ao último processamento, e uma situação que eles chamam de filiação interna, em situações que a pessoa legalmente não pode ter filiação partidária, como o caso dos militares.
Entre os menos expressivos, o Partido Social Cristão (PSC) aparece com apenas 3 filiados, seguido do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com 42 e do Partido da Causa Operária (PCO) com 77.
NACIONAL
O MDB se mantém como o maior partido em número de filiados no Brasil. De acordo com as estatísticas de filiação partidária mensal, disponíveis no Portal do TSE, em junho de 2023, a sigla contava com 2.046.711 filiados, o que corresponde a 12,95% do total de 15.798.227 filiados a partidos no país.
Além do MDB, outras seis legendas registraram número superior a um milhão de filiados: PT, PSDB, PP, PDT, União Brasil e PTB. Juntos, os sete partidos concentram dois de cada três eleitores filiados no Brasil, ou seja, 9.442.746, o equivalente a 67,3% do total. Em comparação com o mesmo período de 2022, o país registrou queda no total de filiados. Em junho do ano passado, o Brasil contava com 16.161.796 eleitores com filiação partidária.
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