Política

Alfredo Gaspar reage à saída da CPI do MST na Câmara Federal

Oposição ao governo Lula, deputado acusa Planalto de articular saída de integrantes para enfraquecer Comissão

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora com Tribuna Independente 11/08/2023 09h17 - Atualizado em 12/08/2023 06h50
Alfredo Gaspar reage à saída da CPI do MST na Câmara Federal
Deputado federal Alfredo Gaspar não integra mais a CPI do MST, que está em andamento na Câmara federal - Foto: Assessoria

O deputado federal Alfredo Gaspar (União) utilizou as suas redes sociais para deixar clara a sua insatisfação com a decisão do partido de retirá-lo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento Sem Terra (MST), que está em andamento na Câmara dos Deputados.

“Desesperado, Planalto consegue afastamento de deputados mais incômodos na CPI do MST. A independência e altivez fazem parte da minha personalidade, pressão comigo não funciona”, publicou ele.

Gaspar acredita que sua saída faz parte de uma movimentação para acabar com a CPI e faz acusações. “A CPI pode ser enterrada, mas o odor da podridão dos crimes praticados por líderes do movimento e políticos aproveitadores não parará de exalar”.

A fala mais agressiva não começou após a saída, na última quarta-feira (9). Anteriormente o parlamentar alagoano se envolveu em uma discussão com uma conhecida liderança dos Sem Terra, José Rainha Júnior, conhecido como Zé Rainha.

Ao que se comenta nacionalmente, a movimentação que está sendo feita tem trocado nomes mais radicais ligados ao bolsonarismo por moderados, mais ao centro.

Desde o início do ano, o União Brasil negocia a ida para a base do governo federal. Já ocupa alguns ministérios, mas seus parlamentares têm ficado contra algumas pautas do governo. Alfredo se posiciona publicamente como oposição ao presidente Lula (PT).

ENTENDA

Alinhado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o líder do União Brasil na Casa, Elmar Nascimento (BA), decidiu trocar dois deputados de oposição por dois de perfil mais moderado na CPI do MST, dando ao governo a possibilidade de barrar, por exemplo, novas tentativas de convocar ministros. Além de Alfredo Gaspar, foi retirado da CPI Nicoletti (União Brasil-RR).

Eles serão substituídos pelos colegas Carlos Henrique Gaguim (TO) e Damião Feliciano (PB). Com isso, dos 26 titulares do colegiado, o governo teria o apoio de metade, mas com a possibilidade de conseguir ampliar o placar.

No mês passado, o presidente Lula aceitou ampliar a participação do União Brasil no governo e decidiu trocar Daniela Carneiro pelo deputado federal Celso Sabino (PA) no ministério do Turismo.

O Republicanos, que também tem nome cotado para assumir ministério no governo, fez movimento parecido e tirou Messias Donato (ES) da titularidade.
A movimentação ocorreu no mesmo dia em que foi publicada no Diário da Câmara dos Deputados a decisão de Arthur Lira de anular a convocação do ministro Rui Costa (Casa Civil).

DILIGÊNCIA EM ALAGOAS

Está marcada para esta sexta (11), uma diligência da CPI em Assentamentos do MST em Atalaia. Segundo a coordenadora do movimento, serão visitados os assentamentos Chico do Sindicato, Jaelson Melquíades e Milton Santos. Também vão visitar o centro de formação onde acontece o curso de bacharel de agroecologia do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

A preocupação das lideranças locais é de desvirtuar trabalhos que estão sendo feitos. “Que deslegitimem o processo de formação, o direito ao acesso à educação pelos agricultores e agricultoras, quilombolas, assentados e assentados da reforma agrária de forma geral”, disse Débora Nunes, coordenadora do MST.

Ela defende que os interesses da CPI não são de investigação. “Essa é uma CPI que tem figuras financiadas pelo agronegócio, figuras que são apoiadas por quem promove o trabalho escravo nesse país, por quem promove desmatamento. Então é uma CPI que já tinha relatório pronto antes mesmo do seu início, e que tinha como objetivo criminalizar o MST, acuar o governo para que não avançasse com a pauta da reforma agrária no Brasil”.