Política
Enfim, chega o segundo turno da eleição para governador de Alagoas
Paulo Dantas, que obteve vantagem de 20 pontos no 1º turno, encerra campanha à frente nas pesquisas

Crédito:
Carlos Amaral
Legenda da foto:
Paulo Dantas busca a reeleição ao governo e figurou bem nas pesquisas de intenção de voto na disputa eleitoral contra Rodrigo Cunha; segundo turno foi marcado por ofensas e judicializações
Sandro Lima e Edilson Omena
A campanha eleitoral do segundo turno chega ao fim e neste domingo, 30 de outubro, os alagoanos escolherão o próximo governador de Alagoas entre Paulo Dantas (MDB) e Rodrigo Cunha (União Brasil). O emedebista largou em vantagem para a segunda etapa do processo eleitoral, tendo saído vitorioso do 1º turno com cerca de 20 pontos à frente do adversário: 46,64% a 26,79%.
Nas pesquisas de segundo turno, Paulo Dantas manteve a liderança, mas com vantagem menor. Na pesquisa Data Sensus divulgada na última sexta-feira (28), por exemplo, ele aparece com 56% dos votos válidos, contra 44% de Rodrigo Cunha.
Com o início do segundo turno, apoios dos demais candidatos que ficaram pelo caminho migraram para os dois postulantes ao Palácio República dos Palmares. Em número de prefeitos, Paulo Dantas tem ampla vantagem em relação ao adversário, tendo ao seu lado 80 prefeitos alagoanos.
Já Rodrigo Cunha tem o apoio dos prefeitos das duas maiores cidades do estado: Maceió e Arapiraca.
Em relação ao apoio de parlamentares, Paulo Dantas também tem vantagem diante de Rodrigo Cunha. Na Assembleia Legislativa Estadual (ALE), apenas quatro dos 27 deputados estaduais apoiam Rodrigo Cunha. Na Câmara dos Deputados, dos nove parlamentares, seis apoiam Paulo Dantas.
Além disso, o atual governador tem o apoio – e é apoiado – de Lula (PT), líder na corrida presidencial e que quase foi eleito em primeiro turno para o Palácio do Planalto. Já Rodrigo Cunha não declarou voto em nenhum presidenciável, o que gerou uma série de críticas, inclusive de eleitores de Jair Bolsonaro (PL), o que ocorreu desde o primeiro turno: “traidor”.
Mesmo assim, no segundo turno. Rodrigo Cunha conseguiu apoio de boa parte dos eleitores do atual presidente da República em Alagoas.
JUDICIALIZAÇÃO
O segundo turno da eleição para governador de Alagoas foi recheado de denúncias e ações judiciais. Direitos de resposta nos programas eleitorais foram concedidos a ambos os candidatos.
O ápice da guerra político-judicial foi o afastamento de Paulo Dantas do cargo de governador, em 11 de outubro, após decisão monocrática da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz, que foi referendada pelo pleno da Corte.
Todo o processo, assim como a operação policial incluída nisso tudo, foi questionado, inclusive, pela imprensa nacional que viu “interesse político” no afastamento do emedebista do cargo de governador e de “aparelhamento da Polícia Federal” por influência do deputado federal Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados.
Mas no último dia 24, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pelo retorno de Paulo Dantas ao cargo em suas ações distintas.
Numa delas, impetrada pelo PSB sem ter relação direta com o caso de Alagoas, o ministro Gilmar Mendes entendeu que não pode haver afastamento de cargo às vésperas de processo eleitoral. Na outra, essa já impetrada pela defesa de Paulo Dantas, o ministro Luís Barroso entendeu que o caso não poderia ter sido julgado pelo STJ porque as supostas acusações contra o governador teriam ocorrido antes de ele assumir a chefia do Poder Executivo local.
Também foram realizadas diversas denúncias de propaganda irregular. O último caso ocorreu no dia 25 deste mês. Uma pessoa foi flagrada com material ofensivo contra Paulo Dantas. Na apreensão do material havia evidências de que o serviço fora contratado por Pauline Pereira, irmã de Jó Pereira (PSDB), candidata a vice-governadora de Rodrigo Cunha. O recibo eletrônico de um PIX em seu nome foi encontrado no celular da pessoa detida com a propaganda irregular.
OFENSAS
Foram realizados dois debates entre Paulo Dantas e Rodrigo Cunha neste segundo turno, um pela TV Pajuçara e o outro pela TV Gazeta de Alagoas. Em ambos, predominou os ataques pessoais.
Mas as ofensas entre os candidatos não ficaram somente nos debates na televisão. Nas redes sociais e nos aplicativos de mensagem, predominaram os memes ofensivos e fake news. A baixaria tomou conta no mundo digital.
VOTAÇÃO NO INTERIOR
Ambos os candidatos votam no interior de Alagoas. Paulo Dantas vota na cidade de Batalha, no Sertão do estado, na Escola Nossa Senhora da Penha. Ele deve chegar ao local após às 9h da manhã e depois retorna a Maceió para acompanhar apuração do resultado.
Já Rodrigo Cunha vota em Arapiraca, às 10h, na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Após votar, ele retorna à capital alagoana para esperar o resultado das urnas.
Cientista político explica vantagem de Paulo no 2º turno
As movimentações no xadrez político em Alagoas durante o segundo turno da eleição para governador não conseguiram alterar a posição dos postulantes ao Palácio República dos Palmares. Paulo Dantas chega para a votação à frente nas pesquisas e, portanto, com maior probabilidade de ser reeleito neste domingo (30).
À Tribuna Independente, o cientista político Ranulfo Paranhos explica as razões da rigidez nas intenções de voto para governador de Alagoas.
“Chega bem na reta final numa campanha eleitoral sempre quem está na frente e as pesquisas apontam, desde lá do início da campanha, que Paulo Dantas é quem estava na e quase ganhou no primeiro turno. Então, é ele quem chega melhor”, comenta. “Paulo Dantas deixou de conquistar votos em função das denúncias e isso criou espaço para ser usado em debates. Ele poderia ter ganhado muito mais votos, não fosse isso. Agora, dada à distância dele para o segundo colocado, não foi possível a reversão do quadro. Não teve a virada na corrida pelo Governo do Estado”, completa Ranulfo Paranhos.
O cientista político ainda destaca o papel dos apoios às candidaturas a governador, mas ressalta que eles possuem peso menor do que muita gente pensa.
“Apoios locais contam, fazem a diferença, apesar de não transferirem votos como se espera. Apoio de governador é importante e nesse caso, Paulo Dantas já é o governador. Mas ele teve o apoio do principal cabo eleitoral do estado, que é o ex-governador Renan Filho [MDB] e isso fez muita diferença porque ele saiu com índice de aprovação positivo e se elegeu senador este ano. Além disso, Renan Filho se manteve muito ativo na campanha no segundo turno”, analisa. “A imagem do candidato vitorioso no primeiro turno para presidente, no caso, o Lula, também faz diferença. Se tem uma campanha mais leve e com mais argumentos, além do ar de vitorioso. Os dois [Paulo e Lula] lideram as intenções de voto e com discurso de vitória. Isso dá ânimo a uma campanha política. Além disso, Paulo Dantas vai para a reeleição e tem a máquina pública a seu favor e isso tem uma importância grande”, completa Ranulfo Paranhos.
Para o cientista político, a postura de “neutralidade” de Rodrigo Cunha diante da eleição presidencial prejudicou o candidato oposicionista. Em sua avaliação, candidatos em campanha precisam demarcar campo.
“Rodrigo não recebeu apoio formal do presidente Jair Bolsonaro, mas houve uma esperança silenciosa e alguma transferência de voto bolsonarista a ele. Agora, ficar em cima do muro não é coisa de campanha política, que são destacadas por marcação de território”, afirma. “Aquele que fica em cima do muro pode levar vantagem, mas também desvantagem nisso. Veja, na medida em que Rodrigo Cunha ganha simpatia de bolsonaristas, ele pode ter perdido votos conquistados no 1º turno. Mas o peso efetivo disso, a gente só saberá após a apuração das urnas neste domingo”, completa Ranulfo Paranhos à Tribuna Independente.
A postura de Rodrigo Cunha acerca da eleição presidencial gerou alguma polêmica nas redes sociais, especialmente após revelação de material de campanha dele ao lado de Lula. Santinhos com ele e o petista foram distribuídos em cidades do interior.
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