Política

Deputados priorizam reeleição e evitam declarar apoio presidencial

Parte da bancada federal alagoana não comenta para quem irá marchar, sobretudo com relação a Jair Bolsonaro

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 15/04/2022 08h08
Deputados priorizam reeleição e evitam declarar apoio presidencial
Marx Beltrão, Sérgio Toledo e Severino Pessoas são alguns dos nomes que já declararam apoio a Bolsonaro e hoje evitam comentários sobre a disputa para a presidência da República - Foto: Divulgação

Os integrantes da bancada federal alagoana parecem estar mais preocupados com a própria reeleição para mais quatro anos na Câmara dos Deputados, e neste momento, parte dela não está relacionando seus nomes com os candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano.

Dos nove deputados federais, dois deles apoiam publicamente à reeleição de Jair Bolsonaro. São eles: Arthur Lira (PP), presidente da Câmara Federal e Nivaldo Albuquerque (Republicanos). O deputado federal Paulão (PT), que sempre defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantém seu apoio ao petista.

A reportagem da Tribuna Independente quis saber dos demais parlamentares sobre apoios aos nomes que estão cotados como pré-candidatos à presidência, no entanto não houve retorno dos deputados Isnaldo Bulhões (MDB), Tereza Nelma (PSD), Marx Beltrão (PP) e Severino Pessoa (MDB).

As assessorias dos deputados Pedro Vilela (PSDB) e de Sérgio Toledo (PV) responderam. Vilela, segundo a assessoria, deve apoiar o que for definido pelo partido. Hoje, o pré-candidato tucano à presidência é o ex-governador de São Paulo, João Doria. Já Toledo, de acordo com a assessoria, não deve se pronunciar sobre o assunto no momento.

Sérgio Toledo está filiado ao PV, legenda que está federada com o PT e PCdoB, e foi eleito deputado federal pelo PL. Toledo votou em Bolsonaro e em suas aparições públicas, deixava clara a sua preferência pelo atual presidente.

Outros parlamentares que já demonstraram apoio a Bolsonaro são Marx Beltrão e Severino Pessoa. Tereza Nelma já fez críticas ferrenhas ao atual mandatário do país e chegou a elogiar Lula. Isnaldo Bulhões, por sua vez, é considerado aliado de primeira hora do ex-governador Renan Filho (MDB) e do senador Renan Calheiros, que declaram apoio e voto em Lula.

ATENTOS ÀS REJEIÇÕES

À Tribuna, a cientista política Luciana Santana avalia que em Alagoas os deputados federais estão mais preocupados em garantir a reeleição ao cargo e ter o nome relacionado a algum candidato à presidência que aparece com rejeição nas pesquisas, pode ser prejudicial aos planos de manter a cadeira na Câmara Federal.

“No legislativo federal, na verdade, as lideranças partidárias acabam tendo uma grande influência na eleição presidencial. Serão bases de apoio nos diferentes estados então isso é muito importante para os presidenciáveis. Mas é claro que o inverso influencia mais. As candidaturas majoritárias influenciam mais na reeleição dos deputados que estão tentando se manter nesses cargos”, opina.

Luciana Santana diz que, nessa eleição em específico, os deputados federais estão com uma preocupação a mais, já que com o fim das coligações, a maioria dos parlamentares que foi eleita em 2018 dependeu das coligações, mas agora não conta com esse apoio.

A federação partidária, que consiste na união de dois ou mais partidos para atuarem como se fossem um só, vai estrear nas eleições deste ano. Ao contrário das coligações, as federações não poderão ser desfeitas depois da disputa eleitoral. Embora preserve a autonomia operacional e financeira de cada partido, esse tipo de associação implica atuar em bloco no Congresso Nacional por, pelo menos, quatro anos.

“Agora, eles [deputados federais] vão ter que contar com os próprios votos, do próprio partido, para poder ter essa sobrevida no âmbito do legislativo. E no caso da bancada alagoana, o que eu percebo, é que por causa dessa nova regra, tem tido um esforço muito grande por parte desses deputados de ter essa sobrevivência política. Então, acaba que estão priorizando essa situação em detrimento de qualquer envolvimento mais direto com a eleição presidencial, o que não significa que não vão estar atentos a isso”, comentou.

A cientista política destaca que em Alagoas, temos uma grande quantidade de deputados federais que pertencem ao Centrão. “E a gente sabe que hoje, olhando as pesquisas eleitorais, que o [ex-presidente] Lula tem se posicionado melhor com relação à candidatura de Bolsonaro. Então, um deputado declarar voto de forma intensa, a Bolsonaro, não é visto hoje como algo positivo. Ele poderia ter muito mais perdas do que ganhos”, opina.

Por fim, Luciana Santana reforça que o cenário eleitoral em Alagoas está mais propenso para que os parlamentares se esforcem politicamente para seguirem no mandato por mais quatro anos.

“Então, talvez por isso, por causa dessas questões do jogo político interno, da população em relação ao pleito do Executivo, esse envolvimento não esteja mais explícito, mais declarado em Alagoas. Isso mostra que realmente a preocupação maior é a sobrevivência política, ou seja, a própria reeleição”, conclui.