Política

Eduardo Leite descarta apoiar reeleição de Jair Bolsonaro

Governador do Rio Grande do Sul esteve em Alagoas e fez uma análise política do cenário nacional

Por Editoria de Política e Jairo Silva com Tribuna Independente 20/07/2021 08h27
Eduardo Leite descarta apoiar reeleição de Jair Bolsonaro
Reprodução - Foto: Assessoria
Alçado à presidenciável do PSDB nas últimas semanas, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite esteve em Maceió no último fim de semana em pré-campanha e para lançar – ou reforçar – a candidatura do senador Rodrigo Cunha ao governo de Alagoas. Apesar de ainda precisar conquistar o direito a se candidatar em 2022 ao cargo ocupado por Jair Bolsonaro (sem partido) pelo PSDB, uma vez que seu colega paulista, João Doria, também deseja disputar o Palácio do Planalto, o gaúcho falou à Tribuna sobre o pleito do próximo ano e já descarta a possibilidade de ele apoiar a reeleição do atual presidente da República. “Não existe essa possibilidade”, crava o governador do Rio Grande do Sul sobre apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro. “É muito cedo para falar sobre isso. O PSDB pretende estar no segundo turno”, pondera ao responder sobre a possibilidade de apoiar Lula num eventual segundo turno do petista contra o ex-capitão do Exército. “Concorrer à Presidência não é uma obsessão pessoal minha. Claro que seria demagogo da minha parte dizer que não tenho essa aspiração, porque é como perguntar para um jogador de futebol se ele não gostaria de jogar no Real Madrid, no Barcelona, na Seleção Brasileira. Fui prefeito e hoje sou governador, então é natural que exista essa ambição, não me falta vontade, fome de bola, mas, repito, não é uma obsessão minha”, afirma. “Fui convidado a participar das prévias por um grupo de deputados colegas de partido que viram em mim as condições necessárias para disputar e vencer as eleições em 2022. Isso me honra muito e valoriza o trabalho que fazemos no Rio Grande do Sul, um estado que era conhecido pela crise e que hoje já começa a ser reconhecido pelas soluções que tomou para virar essa página. Fizemos reformas importantes na máquina pública, como as reformas administrativa, previdenciária e tributária, avançamos em privatizações, concessões e equilibramos as finanças, voltando a pagar os salários dos servidores em dia em novembro do ano passado, após 57 meses de atraso, além de anunciarmos um dos maiores planos de obras da história recente do Rio Grande do Sul”, completa. TERCEIRA VIA Eduardo Leite, mesmo diante de as pesquisas de intenção de votos apontarem para uma disputa polarizada entre Jair Bolsonaro e Lula, acredita haver espaço para uma candidatura concorrer à Presidência “por fora”, a chamada terceira via. “Entendo que o cenário é, sim, favorável a uma terceira via. Basta observar os enormes índices de rejeição a Bolsonaro e Lula”, comenta. “O Brasil precisa retomar o equilíbrio e a sobriedade institucional. Essa polarização é muito negativa para os brasileiros. É uma política de ódio que joga uns contra os outros e nos impede de buscar soluções para os problemas que realmente importam, como o desemprego, a inflação, a geração de oportunidades para todos, o cuidado ao meio ambiente, entre tantas outras pautas que deveriam estar acima dessa disputa ideológica e mesquinha da qual PT e Bolsonaro se alimentam. Tenho certeza de que o Brasil já está enxergando o dano que essa polarização nos trouxe e que os brasileiros vão, cada vez mais, buscar alternativas. E o PSDB oferecerá essa alternativa”, completa Eduardo Leite. “Para haver o impeachment é preciso cautela”   O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ainda em entrevista à reportagem da Tribuna, a admite ter errado ao votar em Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2018. “Nenhuma das duas alternativas me agradava, mas subestimei, e reconheço isso, a capacidade de Bolsonaro de fazer o mal. E errei em votar em Bolsonaro, assim como outros milhões de brasileiros erraram. Mas temos a oportunidade de corrigir esse erro em 2022”, afirma. “Mas não apoiei Bolsonaro. Isso precisa ficar claro. Fiz, sim, uma declaração de voto nele, acompanhada de uma série de críticas. Não fiz campanha casada com ele, não uni o meu nome ao dele, como fez o meu adversário aqui no RS, por exemplo, não distribuí santinhos com a foto dele nem nada do tipo. A questão é que tínhamos como alternativa a volta do PT, após uma série de escândalos de corrupção e de deterioração da economia do país, que quebrou recorde de número de desempregados no governo Dilma”, completa. IMPEACHMENT A Tribuna também questionou ao pré-candidato à presidente da República pelo PSDB se ele é favorável ao impeachment de Jair Bolsonaro. “Como governador, tenho um papel institucional que me obriga a ter muita cautela em relação a esse assunto. Sou governador tanto para os gaúchos que são favoráveis quanto para os contrários ao impedimento do presidente. Se por um lado não podemos banalizar o recurso do impeachment, de outro não podemos permitir banalizar a Presidência da República, como Jair Bolsonaro vem fazendo”, comenta. “A minha posição é de que as denúncias contra o presidente devem, sim, ser investigadas.” Nome de senador alagoano é forte para o governo   O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Eduardo Leite (PSDB) aponta a construção de alternativa a polarização entre Jair Bolsonaro e Lula como um dos – se não o principal – motivo de suas visitas aos estados, incluindo aí, Alagoas. Em solo caeté, Eduardo Leite reforçou a candidatura de Rodrigo Cunha à sucessão de Renan Filho (MDB). “Recebi o convite do senador Rodrigo Cunha e será um prazer vir a Maceió conversar com os tucanos do estado. O PSDB de Alagoas tem uma participação muito importante no debate nacional, com os deputados federais Pedro Vilela, que é jovem como eu – inclusive, temos a mesma idade –, e tem uma trajetória admirável, com atuação destacada na Câmara. E também a deputada Tereza Nelma, que faz um trabalho louvável na área de Direitos Humanos e na Inclusão Social, que são pautas muito importantes para mim. Estou indo a Alagoas, assim como a outros estados, para ajudar na construção de uma alternativa à polarização entre Bolsonaro e Lula. Para isso, é fundamental que tenhamos muito diálogo para encontrar convergências e soluções para o país”, diz o governador do Rio Grande do Sul. Durante sua visita no último sábado, no momento de uma entrevista coletiva, Eduardo Leite frisou que “Rodrigo Cunha é um ótimo nome para a disputa do governo em Alagoas pelo PSDB. Ele tem todas as credenciais para ser governador”.