Política

Vídeo em que humilha Pazuello foi exigência de Bolsonaro para manter ministro no cargo

Presidente encenou visita surpresa ao general Eduardo Pazuello que, constrangido, disse estar "zero bala" ao tratar a Covid com cloroquina antes de mostrar submissão a Bolsonaro: "É simples assim, um manda e outro, obedece"

Por Plinio Teodoro com Revista Fórum 23/10/2020 08h25
Vídeo em que humilha Pazuello foi exigência de Bolsonaro para manter ministro no cargo
Reprodução - Foto: Assessoria
O vídeo transmitido ao vivo pelo Facebook presidencial que mostra uma suposta visita surpresa ao convalescido ministro da Saúde, infectado pelo coronavírus, foi uma das exigências de Jair Bolsonaro para manter o general Eduardo Pazuello à frente da pasta depois que o ministro divulgou um acordo com o governador João Doria (PSDB), inimigo do presidente, sobre a importação da Coronavac, vacina produzida por laboratório chinês contra o coronavírus. A informação é de Bela Megale, na edição desta sexta-feira (23) do jornal O Globo. No vídeo, de pouco mais de 4 minutos, Pazuello mostra certa dificuldade em respirar por causa da Covid e é humilhado por Bolsonaro. Logo no início, constrangido pelo presidente, o ministro da Saúde afirma que começou a tomar o kit com hidroxicloroquina, Anita e Azitromicina logo que foi confirmada a doença e acordou “zero bala” no outro dia. “Mais um caso concreto que hidroxicloroquina, Azitromicina e Anita deu certo. Mais um que deu certo. Alguns reclamam, falam que a hidroxicloroquina não tem comprovação científica. Não tem para o Covid. Mas tem para outras coisas”, disse Bolsonaro. O ministro então ressalta que o recomendado é que um médico prescreva o tratamento. “Se algum médico não quiser receitar hidroxicloroquina, o que ele faz?”, pergunta Bolsonaro. “Ele chama outro médico e, se o paciente quiser tomar, assina lá o compromisso e o médico receita”, responde o ministro. Ao final, Bolsonaro e Pazuello encenam um ato de “pacificação” e o general que foi alçado ao Ministério da Saúde se humilha. “É simples assim, um manda e outro, obedece”.