Política

Em Maceió, milhares vão às ruas contra corte de recursos na educação

Governo Jair Bolsonaro anunciou redução orçamentária para as instituições federais de ensino e já reduziu recursos para o ensino básico

Por Carlos Amaral com Tribuna Hoje 15/05/2019 12h26
Em Maceió, milhares vão às ruas contra corte de recursos na educação
Reprodução - Foto: Assessoria
Professores, estudantes, servidores públicos e população em geral foram à frente do Centro Educacional de Pesquisas Aplicadas (Cepa) nesta quarta-feira (15) para protestar contra o corte de recursos na educação anunciado pelo governo Jair Bolsonaro (PSL). De acordo com os organizadores do ato, cerca de 10 mil pessoas compareceram à manifestação que fechou a Avenida Fernandes Lima, em Maceió, mas a Polícia Militar estima entre 3.500 e 5 mil participantes. As principais instituições de ensino atingidas pela medida de Brasília em Alagoas são as federais. Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o corte no orçamento de custeio foi de 30% e no de capital, 80,3%; já no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), o corte foi de 25%. [caption id="attachment_300377" align="alignleft" width="243"] Ana Vergne, vice-presidente da Adufal: "As universidades produzem grande parte do conhecimento que ajuda a desenvolver esse país" (Fotos: Sandro Lima)[/caption] Ana Vergne, vice-presidente da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), destaca os efeitos que os cortes de recursos para as universidades vão causar, não só à comunidade acadêmica, mas à população em geral. “São mais de R$ 40 milhões [na Ufal] a menos para fazermos ensino, pesquisa e extensão. Temos estudantes que não possuem condições nenhumas de permanecer na Universidade sem as bolsas de permanência e sem o apoio do Restaurante Universitário. Temos o HU [Hospital Universitário] que também atende à população. Esse desinvestimento é muito grave”, diz. “A gente viveu nos últimos anos uma expansão do ensino superior, com ampliação de vagas. Isso é um patrimônio da sociedade, o direito a estudar. As universidades produzem grande parte do conhecimento que ajuda a desenvolver esse país”, completa Ana Vergne. [caption id="attachment_300379" align="alignright" width="260"] Moisés Ferreira, do Sintufal, destaca que Ufal pode parar em setembro devido ao corte de recursos (Foto: Sandro Lima)[/caption] Já Moisés Ferreira, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal), ressalta o risco iminente de paralisação das atividades acadêmicas na Universidade diante do corte anunciado pelo governo Jair Bolsonaro. “A educação pública vive ataca em sua existência. Esse corte faz a Ufal parar, literalmente. Me refiro à segurança, à infraestrutura, papel higiênico, água sanitária, pagamento de trabalhador das terceirizadas. Se com o orçamento completo, previsto para 2019, já é difícil executar o que é preciso, imagine com ele reduzido”, comenta. “Esse corte limita o funcionamento da Ufal até o mês de setembro. E já houve o corte do governo anterior [Michel Temer, MDB], na ordem de 40%. Aí quando junta os dois, praticamente se fecha as universidades”, afirma o coordenador do Sintufal. Outra instituição federal de ensino atingida pelos cortes de recursos é o Ifal. Para Hugo Brandão, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Educação Básica e Profissional no Estado de Alagoas (Sintietfal), o dia de manifestações em todo o país serve para medir forças com o Governo Federal e mostrar que “os trabalhadores não estão de brincadeira, sobretudo os da educação” [caption id="attachment_300384" align="alignleft" width="238"] Hugo Brandão, presidente do Sintietfal: “O governo mente quando diz que deixou de investir nas universidades para fazê-lo na educação básica” (Foto: Sandro Lima)[/caption] “Não aceitaremos o corte nas universidades e institutos federais, bem como os na educação básica. O governo mente quando diz que deixou de investir nas universidades para fazê-lo na educação básica. Isso é uma grande mentira. Ao contrário, ele também cortou na educação básica”, afirma Hugo Brandão que também ressalta o prazo de funcionamento das unidades federais de ensino com o corte de recursos. “Até setembro”. SINTEAL Ao contrário do que o próprio presidente Jair Bolsonaro anunciou, tanto nas redes sociais quanto em entrevistas a emissoras de tevê, a educação básica sofreu um corte de R$ 2,4 bilhões. Diante dessa realidade, os trabalhadores dessa área da educação também se mobilizaram em todo o país. Para Consuelo Correia, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), esta quarta-feira é histórica. [caption id="attachment_300386" align="aligncenter" width="640"] (Foto: Sandro Lima)[/caption] “É um dia histórico para educação por causa da unidade de todos os níveis da educação, de norte a sul do país, protestando contra os cortes de recursos e também contra a reforma da previdência”, ressalta. “[Essa mobilização] Também é contra os ataques à nossa jovem democracia, contra a militarização nas escolas, lei da mordaça, fim do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação]... Toda essa pauta faz com que a educação saia à rua”, completa a presidenta do Sinteal. [caption id="attachment_300387" align="alignright" width="237"] Para Consuelo Correia, propósito do governo Jair Bolsonaro é retirar acesso ao conhecimento da classe trabalhadora (Foto: Sandro Lima)[/caption] Segundo ela, o corte de recursos na educação tem como objetivo retirar dos trabalhadores o acesso ao conhecimento. “Já sabemos que a educação pública já tem deficiências e com o corte de recursos, com certeza ela não funcionará. E esse é o propósito deste governo: retirar dos trabalhadores o acesso ao conhecimento, único bem que podemos deixar para nossos filhos”, afirma Consuelo Correia. OUTROS SINDICATOS Além dos sindicatos ligados aos trabalhadores da educação, participaram da manifestação desta quarta-feira, em Maceió, organizações de outras categorias: bancários, policiais, assistentes sociais, rede privada da educação, construção civil etc. GREVE GERAL Todos os ouvidos pela reportagem ressaltam a realização de uma manifestação no próximo dia 14 de junho, com a participação de todos os setores organizados dos trabalhadores. “Esse ato é o esquenta para 14 de junho, dia de nossa greve geral no país, para derrotarmos esse governo”, adianta Consuelo Correia.   [caption id="attachment_300388" align="aligncenter" width="640"] (Foto: Sandro Lima)[/caption]   [caption id="attachment_300389" align="aligncenter" width="640"] (Foto: Sandro Lima)[/caption]