Política

Caminhada do silêncio reúne em São Paulo milhares de pessoas contra a ditadura militar

Por Redação 31/03/2019 19h03
Caminhada do silêncio reúne em São Paulo milhares de pessoas contra a ditadura militar
Reprodução - Foto: Assessoria
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos promoveu, neste 31 de março, na Praça da Paz, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, a Primeira Caminhada do Silêncio, em memória aos mortos, Milhares de pessoas vestidas de preto participaram do ato contra a comemoração à ditadura militar de 1964-1985 e  comemorada pelo governo federal por ordem do presidente Jair Bolsonaro. Neste domingo (31), completam-se 55 anos do golpe militar, e o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), fez tentativas de comemorar a data e de silenciar os acontecimentos de um regime que registrou mais de 434 mortos e desaparecidos políticos. E dilacerou um país que guarda marcas desse período de barbárie até os dias atuais. Apenas 33 corpos foram localizados e identificados, e 377 agentes do Estado foram apontados como responsáveis pela repressão, de acordo com o relatório final da Comissão Nacional da Verdade de 2014. A Comissão foi instaurada durante o governo de Dilma Rousseff (PT), em 2012, e apurou as violências ocorridas entre 1964 e 1985. O relatório descreve diversos tipos de violências a que foram submetidos os presos políticos: estrangulamento, asfixia, afogamento, choques elétricos, espancamento por militares e até uso de animais como cachorros, ratos, cobras e jacarés, além das mais variadas torturas psicológicas. Apesar de todas as evidências históricas de violações de direitos humanos como torturas, mortes e prisões, fechamento do Congresso Nacional, censura à imprensa e cassação de mandatos, o novo presidente brasileiro determinou ao Ministério da Defesa que fizesse as “comemorações devidas” pelos 55 anos do golpe militar. Por meio de seu porta-voz, Otávio Rêgo Barros, Bolsonaro fez uma declaração polêmica à imprensa, na última segunda-feira (25). “O presidente não considera 31 de março de 1964 um golpe militar. Ele considera que a sociedade, reunida e percebendo o perigo que o país estava vivenciando naquele momento, juntou-se (sic), civis e militares, e nós conseguimos recuperar e recolocar o nosso país em um rumo que, salvo o melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”, disse. Essa é a primeira vez desde a redemocratização que o governo é dominado por militares no primeiro e no segundo escalões, majoritariamente homens e brancos. Além do presidente da República, que é um capitão reformado, de seu vice – o general Hamilton Morão – e do porta-voz Rêgo Barros, há mais oito ministros oriundos das Forças Armadas. .