Política
Esquerda de AL se une contra Temer, mas deve seguir caminho distinto nas eleições
Partidos da Frente Brasil Popular deverão ocupar diferentes palanques em 2018
Desde que Michel Temer (PMDB) assumiu a Presidência da República, a maioria dos partidos de esquerda organizou, com movimentos sociais, a Frente Brasil Popular. Em Alagoas, essa iniciativa não teve fôlego e, no início de julho deste ano, algumas legendas decidiram reorganizar tudo.
Reuniões e plenárias têm sido realizadas com os partidos de esquerda. O foco: oposição a Temer e “lutar pela democracia no país, contra os abusos do Judiciário”. Falta cerca um ano para as convenções partidárias para as eleições de 2018 e é natural que o êxito da Frente nesse período influa nas coligações. Porém, há pedras no meio do caminho.
Se a eleição fosse “amanhã”, é bem provável que em Alagoas esses partidos ocupassem palanques diferentes. O PDT é base de apoio de Rui Palmeira, do PSDB, em Maceió; o PCdoB é base de Renan Filho, do PMDB, no Governo do Estado; O PT rompeu com os peemedebistas, mas pode recompor; o PSB dialoga com tucanos e com os Calheiros; e para o Psol, essas alianças inviabilizam qualquer composição eleitoral.
Em boa medida, todos os dirigentes ouvidos enfatizaram que o momento é de unidade em torno do objetivo da Frente.
Para Ricardo Barbosa, presidente estadual do PT, a aproximação com o senador Renan Calheiros não deveria ser empecilho para que a Frente desdobre em aliança eleitoral. “Nosso foco é eleger Lula e queremos o maior número de forças nesse objetivo. Também é importante destacar o papel do senador Renan no combate às políticas de Temer, que atacam os direitos dos trabalhadores”.
Para Lailson Gomes, vice-presidente estadual do PDT, “2018 só em 2018”. “Somos oposição a Temer e suas políticas, assim como à tentativa de enfraquecimento da democracia no país, tendo a Lava Jato, que é importante, como instrumento disso”.
Já Gustavo Pessoa, presidente de Maceió do Psol, aponta que as relações políticas com PMDB e PSDB em Alagoas são um problema.
“Por mais que haja afinidade na questão nacional, inclusive sobre a condenação sem provas de Lula, as alianças locais dos demais nos afastam”, resume.
Realidades nacional e local influenciam
A conjunção entre as situações nacional e local é, talvez, a equação a ser resolvida.
“Poderemos ter a primeira eleição, pós redemocratização, sem a participação de Lula na campanha. O impacto disso é uma incógnita”, comenta Gustavo Pessoa.
O PSB em Alagoas, presidido por Kátia Born, ainda não participa das atividades e reuniões da Frente Brasil Popular. Segundo a dirigente, “primeiro é preciso resolver os problemas internos junto ao Diretório Nacional”, leia-se relação com JHC.
Porém, Kátia Born ressalta que ainda é cedo para falar em coligações para as próximas eleições.
“Tudo pode acontecer, o cenário nacional influenciar os partidos no estado, a exemplo da candidatura de Ciro Gomes [PDT]. Ou mesmo as coisas se derem apenas com base na realidade local. Ainda é cedo”, analisa.
Além das candidaturas a presidente do país, os partidos também possuem seus projetos locais. Ronaldo Lessa, por exemplo, pode vir a ser candidato ao Senado, o que facilitaria a construção de palanque para Ciro Gomes em Alagoas.
Para Ricardo Barbosa, é preciso primeiro “garantir que haja eleição em 2018, porque do jeito que as coisas estão hoje, é possível que não tenha”, afirma.
PHS
O PHS de Givaldo Carimbão não pertence ao que se entende por esquerda no Brasil. A legenda está mais para centro. Entretanto, o parlamentar tem sido voz ativa contra o governo de Michel Temer, assim como foi contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
O parlamentar foi um dos que discutiram, no início deste mês, a reorganização da Frente Brasil Popular em Alagoas, mesmo o PHS não a compondo em nível nacional.
Na ocasião da reunião que discutiu a reorganização da Frente Brasil Popular em Alagoas, ele lembrou: “denunciei o golpe contra a Dilma [Rousseff, PT] na tribuna da Câmara dos Deputados, mesmo meu partido votando a favor, no dia da votação. Hoje a maioria da bancada do PHS é contra o Temer”.
A reportagem da Tribuna Independente tentou contatar Cláudia Petuba, presidente estadual do PCdoB, mas ela não atendeu aos telefonemas.
Presença de Lula em 2018 é incerta
A recente condenação de Lula a nove anos prisão pelo juiz federal Sérgio Moro pode resultar em inelegibilidade do petista. Caso o Tribunal Regional da 4ª Região confirme a condenação, decretando ou não a prisão do ex-presidente. Em caso de prisão, Lula nem mesmo poderá percorrer o país para pedir votos a outro candidato. Se ocorrer, será a primeira vez desde 1989 que ele não participa de uma eleição no Brasil e não se sabe ao certo que comportamento terá o eleitorado diante disso.
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