Política

Ex-prefeito de Girau do Ponciano é preso e dois estão foragidos

Outros dois já são considerados foragidos pela Justiça: Jacob Brandão (PP), de Mata Grande e Márcia Coutinho (PMDB), de Passo de Camaragibe

Por Tribuna Independente 20/07/2017 08h12
Ex-prefeito de Girau do Ponciano é preso e dois estão foragidos
Reprodução - Foto: Assessoria

A segunda fase da operação desencadeada pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) que ganhou o nome de “Sepse”, levou para a prisão o ex-prefeito de Girau do Ponciano, Fabinho Aurélio (PSD).  A polícia segue à procura de outros dois ex-gestores que já são considerados foragidos pela Justiça. São eles: Jacob Brandão (PP), de Mata Grande e Márcia Coutinho (PMDB), de Passo de Camaragibe.

A operação batizada de “Sepse” faz alusão a uma doença sistêmica complexa e potencialmente grave, culminando numa infecção generalizada.

A operação do Gecoc contou com o apoio das polícias Militar e Civil e cumpriu um mandado de prisão contra o ex-prefeito de Girau do Ponciano em Arapiraca, local onde Fabinho Aurélio reside.

A força-tarefa continuou nas nas ruas para tentar localizar Jacob Brandão e Márcia Coutinho, porém, ambos não foram encontrados em suas residências, que também foram alvos de mandados de busca e apreensão.

Até o fechamento desta edição, os ex-gestores não haviam se entregado à Justiça.

Os três são acusados de fazer parte de um esquema criminoso que causou dano de mais de R$ 3 milhões, envolvendo suposta compra de medicamentos por meio de notas fiscais fraudulentas, nos respectivos municípios.

De acordo com informações do Ministério Público Estadual, Fabinho não apresentou resistência e foi encaminhado à sede do MPE, em Maceió, onde foi interrogado e logo em seguida encaminhado para o Sistema Prisional, onde deve ficar numa sela especial por ter formação em nível superior.

À reportagem da Tribuna Independente, o coordenador do Gecoc, promotor Antônio Luiz dos Santos Filho, informou que a prisão de Fabinho Aurélio é temporária, mas que poderia ser prorrogada.

“Está em andamento os trabalhos internos. As medidas foram todas temporárias. No caso prisão temporária por cinco dias, a princípio. Se as investigações não se concluírem nesse período, o que se pretende com essa etapa, aí se pede a prorrogação. Esse trabalho de hoje [ontem] é o desdobramento da segunda operação que aconteceu em junho”, explicou o promotor.

Em junho, o Gecoc desencadeou a primeira fase da operação que teve como objetivo desestruturar um suposto esquema de compra de medicamentos por meio de notas fiscais fraudulentas. Nas irregularidades apuradas pelo Gecoc, ficou comprovado que Jacob Brandão, Fabinho Aurélio e Márcia Coutinho assinaram procedimentos licitatórios que beneficiaram a RR Distribuidora, autorizando pagamentos de verbas públicas em favor da referida empresa, sem que qualquer mercadoria tivesse sido fornecida ou serviço prestado.

O prejuízo causado, segundo o MP já ultrapassaria as cifras de R$ 3 milhões. O valor foi confirmado ao Gecoc por uma pessoa que aceitou o benefício da colaboração premiada e decidiu revelar o esquema criminoso. O delator contou em depoimento aos promotores que foi convencido por um empresário a montar uma empresa de fachada com o objetivo apenas de vender notas fiscais frias em troca de uma determinada quantia em dinheiro.

Tal empresa deveria fornecer, supostamente, medicamentos para as prefeituras de Mata Grande, Passo do Camaragibe e Girau do Ponciano. No entanto, ela jamais vendeu os remédios, apesar de emitir nota fiscal em valores altíssimos.

A operação prendeu ainda a ex-secretária de Saúde de Girau do Ponciano, Aruska Magalhães e um representante da RR Distribuidora, empresa que pertence ao empresário que aceitou colaborar com as investigações.

Empresário também foi alvo de operação

O empresário Josimar Campos de Araújo também foi alvo da operação e havia contra ele um mandado de prisão temporária desde a primeira fase da operação que ocorreu em junho.

Josimar é apontado como proprietário da JC Campos Distribuidora, principal empresa envolvida no suposto esquema. Ele não foi encontrado em sua residência e, até ontem, continuava foragido, uma vez que o pedido de prisão temporária foi convertido em preventiva em função da fuga do acusado.

O Ministério Público acredita que manter os acusados em liberdade pode atrapalhar o andamento do procedimento investigatório criminal.

O órgão alega que as cidades de Mata Grande, Passo de Camaragibe e Girau do Ponciano são de extrema pobreza, com índices de desenvolvimento humano baixíssimos, provocados por sucessivas gestões corruptas. Por isso, é imprescindível as investigações em curso, a fim de impedir que os agentes públicos investigados perturbem ou dificultem a produção de provas, orientando testemunhas, apagando vestígios do crime, destruindo documentos.

“Ademais, um dos crimes investigados, qual seja, integrar organização criminosa, comporta a prisão temporária. O MPE acredita ainda que novas provas podem ser localizadas”, informou.

O MPE conseguiu ainda, junto à  17ª Vara Criminal a indisponibilidade dos bens de todos os envolvidos, no valor do montante estimado do dano, que está em estimado em mais de R$ 3 milhões.