Política

PF prende três por suspeita de desvios no SUS e diagnóstico falsificado

Os alvos da operação, chamada de "Hoder", são em Maceió e Marechal Deodoro

13/06/2017 12h31
PF prende três por suspeita de desvios no SUS e diagnóstico falsificado
Reprodução - Foto: Assessoria

A Polícia Federal (PF) desencadeou na manhã desta terça-feira (13) a Operação Hoder, cujo objetivo é combater desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) feitos a partir de fraude em diagnósticos de glaucoma e prescrição de colírios. Três pessoas foram presas, sendo duas em Alagoas e entre esses um médico. Mandados foram cumpridos em Maceió, Marechal Deodoro, Itabaiana (SE), Brumado (BA) e Goiânia (GO).

Dos mandados, quatro foram de prisão temporária, um de condução coercitiva e oito de busca e apreensão, todos expedidos pela Justiça Federal em Alagoas.

Sem dar maiores detalhes, os delegados Bernardo Torres – superintendente da PF em Alagoas – e Daniel Silvestre relataram que ao menos 10 pessoas participavam do esquema e as clínicas e laboratórios oftalmológicos pertencem ao mesmo grupo.

“Em Alagoas, eles atuam em Penedo, Arapiraca e Maceió. Nos demais estados eles alteraram um pouco o nome, mas é perceptível que são do mesmo grupo”, diz Bernardo Torres. Em Maceió, uma das empresas envolvidas possui sede no bairro de Benedito Bentes.

Segundo a PF, a investigação teve início a partir de denúncia e, em auditorias realizadas pelo Departamento de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) ficou constatada a fraude, cujo ressarcimento é de aproximadamente R$ 9,3 milhões.

“Estavam receitando colírios mais caros que os necessários e também para quem não estava doente, com glaucoma. Tudo isso sendo pago pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Para ter ideia, num mutirão realizado em 2015 na cidade de Barra de Santo Antônio, com 190 pacientes avaliados, 75 foram diagnosticados com glaucoma. Esse índice é maior que o mundial que é de cerca de 2% a 3% da população com mais de 40 anos possui a doença”, diz o superintendente da PF em Alagoas.

Ainda segundo a PF, somente a empresa sediada em Maceió recebeu cerca de R$ 16 milhões do SUS para custeio de consultas e fornecimento de colírios para tratamento de glaucoma.Se condenados, os suspeitos podem responder por organização criminosa, estelionato qualificado e lavagem de dinheiro. Os delegados também afirmaram não haver, no momento, indícios de participação de prefeitos no esquema.