Política

Reformas levam país à convulsão, analisa Boulos

Coordenador nacional do MTST lista retrocessos que o país terá de conviver com as propostas do governo

Por Carlos Victor Costa - Tribuna Independente 06/05/2017 13h01
Reformas levam país à convulsão, analisa Boulos
Reprodução - Foto: Assessoria

Em Alagoas para debater sobre a atual situação do país e também discutir o fortalecimento e a construção do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o ativista político e professor de Psicologia, Guilherme Boulos foi entrevistado pela reportagem da Tribuna Independente e falou sobre as reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) e sobre o que ele acredita do futuro político do Brasil.

“Estamos percorrendo algumas capitais para debater e enfrentar os ataques do governo Temer e para pensar alternativas políticas para o país. Precisamos avançar na discussão do fortalecimento do movimento popular e a construção do MTST no Estado de Alagoas”, explicou o ativista.

CONVULSÃO SOCIAL

Sobre uma possível reviravolta no Congresso Nacional quanto à aprovação das reformas da Previdência e Trabalhista, Boulos disse que se o parlamento tiver “juízo” não vai aprovar esses “retrocessos” para a população. “Qualquer pesquisa de opinião mostra a rejeição que chega a 90% da reforma da Previdência e 70% na reforma Trabalhista. A maioria da sociedade brasileira é firme em dizer que não quer essas reformas. Temos um governo que quer aprová-las com 5% de aprovação popular. Temos um Senado e uma Câmara Federal sob forte suspeitas. Há uma novem de desmoralização pairando sobre o Congresso. Então se nesse cenário com uma posição tão forte e consistente da maioria da população, os parlamentares insistir em colocar isso em votação, eles vão pagar um preço alto, vão na verdade convulsionar a sociedade. Isso pode levar uma radicalização do conflito social no Brasil, numa proporção que a gente não viu ainda. Se tiverem o mínimo de juízo e de responsabilidade política vão entender o recado das ruas e não aprovam esses retrocessos”, analisou Guilherme Boulos.

O ativista político falou também sobre a “repressão” que o movimento sofreu por parte da polícia em alguns estados. Ele também criticou a forma como a mídia trata os participantes das manifestações, onde em muitos casos são taxados como baderneiros.

ÁREA SOCIAL

Para ativista, Temer destrói estado brasileiro

Ainda no contexto das propostas defendidas pelo governo Temer, o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, destacou que a reforma agrária será inviabilizada. “Nós tivemos no fim do ano passado aprovado por esse congresso um desastre nacional que foi a PEC 55 que prevê o congelamento dos gastos sociais pelos próximos 20 anos. Isso é algo inédito, pois nunca nenhum país do mundo teve o atrevimento de fazer isso. É de um disparate e de uma subordinação ao interesse do mercado financeiro jamais visto. Se for aplicada essa PEC, digo se for aplicada porque ela vai significar a destruição do estado brasileiro. Se ela for aplicada não tem reforma agrária, não tem reforma urbana, não tem saúde e nem educação públicas. Você inviabiliza um estado provedor de investimento social e daqui a cinco anos não tem mais nada. Então isso é autoria do governo Temer”, explicou Boulos.

Ainda segundo o ativista político, o governo Temer não tem interesse em apresentar políticas públicas que tratam das reformas urbana e agrária. “Tanto a reforma agrária, como a urbana são inviáveis, pois elas são reformas que interessariam a maioria do povo brasileiro. Mas elas estão completamente fora da agenda do governo Temer, na verdade estão fora da agenda do estado brasileiro. Esse governo com sua ilegitimidade e a sua impopularidade sequer cogita. As reformas que ele quer fazer são as contra o povo”, ressaltou.

O coordenador nacional do MTST defendeu que sem dúvidas a mobilização precisa ser constante para evitar mais descasos com o trabalhador. “Nós fizemos um grande dia de mobilização nacional em março, fizemos uma greve geral e agora em maio vamos fazer um conjunto de mobilização. Já está prevista para a segunda semana do mês uma grande ocupação em Brasília. Os movimentos sociais e milhares de pessoas vão sair do país todo para tomar Brasília”. 

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