Política

Para presidenciável Ciro Gomes, atual prefeito de São Paulo é "ficção"

Ele também tratou de temas sobre composições políticas em 2018

Por Tribuna Independente 03/05/2017 09h49
Para presidenciável Ciro Gomes, atual prefeito de São Paulo é 'ficção'
Reprodução - Foto: Assessoria

A recente passagem do pré-candidato à presidência da República em Alagoas, Ciro Gomes (PDT-CE), a reportagem da Tribuna Independente repercutiu outros temas, além dos que já foram publicados na edição do final de semana.

O atual cenário político, a exemplo da liderança do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), foi um dos questionamentos com vistas ao processo eleitoral do próximo ano.

E essa onda conservadora, que tem gerado nomes como o João Dória em São Paulo, questionou o repórter da Tribuna, Carlos Amaral, a Ciro Gomes.

“É mais ficção do que realidade. O fato é que nós, do campo progressista, temos um agudo azedume nas críticas aos nossos adversários. Quando estávamos fora do poder, então. Ninguém presta e só o PT que era sério. Aquilo volta contra nós porque a política não é um juízo moralista. A política é um juízo de qualidade de formação de estratégias do interesse coletivo e na sua objetivação. Na medida em que você reduz a política a esse moralismo de goela, você cedo ou tarde morde a língua. Não porque você seja corrupto, mas porque alguém do seu lado vai se corromper. Isso é da vida humana. A única coisa que se pode prometer que não vai premiar com impunidade”, argumentou Ciro Gomes ao se reportar os primeiros atos do prefeito de São Paulo.

Ao trazer o assunto nacional para Alagoas, a reportagem perguntou ao presidenciável: nacionalmente, o PDT marcha de forma antagônica ao PSDB, mas em Maceió, o partido indica cargos na gestão tucana.

“Eu vejo rendido, para o mal e para o bem, como uma evidência da realidade política brasileira. Nenhuma reforma política conseguirá resolver isso porque é inerente nossa vida. Por exemplo, quando o PT e o PSDB nasceram, e isso foi ‘ontem’, eles erma rigorosamente as duas faces da mesma moeda. Dois partidos socialdemocratas, um pouco mais agressivo devido à origem sindical, outro menos pela origem universitária. Mas os dois da socialdemocracia paulista, que é um mundo à parte da média brasileira. Como nasceram juntos, ao invés de se reconhecerem como parceiros potenciais, se reconheceram imediatamente como arqui-inimigos. Mas pelo poder e não por projeto de país. Eu era do PSDB, fui fundador do partido, dizia: larga mão. Outra situação: o Renan Calheiros [PMDB] vinha ajudando o impeachment. Me frustrei profundamente por causa da história dele. Vira meu adversário político. Agora, rompe com Michel Temer e está ajudando a segurar a barra da reforma da previdência. Eu sou amigo dele desde pequeno porque precisamos proteger o nosso povo. Isso é coerente à luz das tradições europeias? Não. Isso é completamente tropical e macunaímico. Só que este país só possui 28 anos de democracia formal [a contar das eleições de 1989], o maior período da História, e já interromperam. Nossa tradição é autoritária”, respondeu Ciro Gomes.

SISTEMA POLÍTICO

Mas é preciso fazer mudanças no sistema político brasileiro, indagou a reportagem da Tribuna Independente.

“Sim, precisa. Para mim são dois movimentos: mudar a relação entre dinheiro e política que é a mãe de todas as perversões e que nos vulnera. Aí se começa a ver a esquizofrenia do que estou falando. Eu, Ciro Gomes, sou a favor do financiamento público das campanhas, mas a direita furibunda é contra. O meu argumento é que o financiamento público me imuniza de relações espúrias, mas o ‘direitona’ furibunda que se financia no caixa 2, como estamos vendo aí, usa o seguinte argumento: você acha justo pegar dinheiro que não tem na saúde, na educação e na segurança e jogar em palanque de político? Quem ganha o argumento, se a mediação que falei antes é a que nós temos?”.