Política

Manifestação pode influenciar votos de congressistas em relação às reformas

Para cientistas políticos, entretanto, é difícil dizer o quanto a greve geral vai determinar comportamento dos parlamentares

Por Tribuna Independente 29/04/2017 09h10
Manifestação pode influenciar votos de congressistas em relação às reformas
Reprodução - Foto: Assessoria

Com manifestações em todos os estados do país, a “Greve Geral” realizada pelos movimentos sociais na sexta-feira (28) mobilizou milhões de pessoas contrárias às reformas trabalhista e previdenciária. Porém, fica a dúvida se os parlamentares no Congresso Nacional ouvirão a tão propalada “voz das ruas” e rejeitarão as propostas apresentadas pelo governo Michel Temer (PMDB).

Para os cientistas políticos Luciana Santana e Ranulfo Paranhos, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), as manifestações podem influenciar os parlamentares nas discussões sobre as reformas, mas não se sabe até que ponto.

“Elas terão impacto, não sei se dentro da expectativa, até porque hoje os políticos estão mais sujeitos às manifestações. Isso vem ocorrendo desde 2013. Outro fator é o tempo de resposta das pessoas, que está muito mais rápido do que antes, seja por causa das redes sociais, seja por causa da própria imprensa que noticia tudo a todo instante”, comenta Ranulfo Paranhos.

Já Luciana Santana ressalta que o descontentamento com as reformas trabalhista e previdenciária está ganhando força na sociedade. Para ela, outro fator a ser levado em consideração é a memória eleitoral das pessoas, ainda mais num período próximo das eleições e o impacto das medidas na vida dos brasileiros.

“As manifestações são um sinalizador de insatisfação de parcela considerável da população, não só em relação às propostas em si, mas como elas estão sendo conduzidas, sem diálogo entre o poder público e a sociedade. Espera-se que a classe política tenha consciência disso na hora de analisar essas propostas no âmbito do Legislativo, e que o próprio governo tenha a sensibilidade de saber da importância de recuar em alguns pontos. Ao menos nos que são considerados, sim, retirada de direitos”, afirma Luciana Santana.

Reformas estarão na memória do eleitor

Para Luciana Santana, a aprovação ou não das reformas trabalhista e previdenciária vai influenciar diretamente na decisão do eleitor em 2018, seja pela proximidade do próximo pleito, seja pelo impacto que as medidas podem causar na vida dos trabalhadores.

“A classe política precisa pensar que eles estão passando por um crivo que pode vir a ser cobrado na conta das próximas eleições em 2018. O que se está propondo não é só uma simples mudança numa legislação, ou mesmo um imposto a mais no meio de tantos. Está se falando de uma reforma da previdência que vai impactar diretamente sobre as expectativas do trabalhador, do que contribui há um tempo e dos que estão começando a contribuir, cujo tempo vai aumentar muito em relação à legislação atual”, diz Luciana à reportagem da Tribuna.

Mudanças como as propostas nas reformas trabalhista e previdenciária aguçam a atenção dos eleitores, segundo a cientista política.

“São medidas de impacto profundo na sociedade brasileira e quando elas ocorrem, o eleitor fica mais atento. Num processo eleitoral é mais fácil de colocar isso na conta e avaliar se vale a pena manter um deputado ou senador no Congresso que tenha votado a favor delas”, afirma.

A cientista política também comentou as críticas que muitos fazem em relação às greves.

“O objetivo das greves é mesmo causar desconforto e através dele mostrar que existe um tema maior por trás. No caso de hoje [sexta-feira], as manifestações estão com direcionamento bastante claro de insatisfação em relação às reformas trabalhista e da previdência e, por mais que não se tenha visibilidade tão grande dessas manifestações na mídia, estamos vendo o impacto que causa o transporte não funcionar”, diz Luciana Santana.