Política

Eduardo Canuto cobra maior interlocução no PSDB

Líder do prefeito, vereador fala sobre aprovações na Câmara e das pretensões do DEM em filiar o prefeito de Maceió

Por Tribuna Independente 25/03/2017 09h25
Eduardo Canuto cobra maior interlocução no PSDB
Reprodução - Foto: Assessoria

Eduardo Canuto (PSDB) é o líder da bancada do prefeito Rui Palmeira, também tucano, na Câmara Municipal de Maceió e nos últimos quatro anos, o Executivo não perdeu nenhuma votação no parlamento. Muito desse desempenho se deve à capacidade de articulação entre os vereadores de Eduardo Canuto, o que o reconduziu à liderança da base do prefeito. De forma franca, o vereador falou à Tribuna Independente sobre seu desempenho como líder governista, da relação com o PSDB, possibilidade de alçar voos mais altos em 2018 e da provável candidatura de Rui ao governo em 2018, Canuto defende que o prefeito termine seu segundo mandato.

 

Tribuna Independente – Rui Palmeira (PSDB) aprovou todos os seus projetos na Câmara Municipal de Maceió (CMM) durante o primeiro mandato. Houve de fato oposição no parlamento?

Eduardo Canuto – Rui teve uma forte bancada, e também teve oposição forte, ferrenha, mas em número inferior. Tínhamos o Silvânio Barbosa [PMDB], que era mais veemente. Talvez por inexperiência e achar que vereador pode fazer tudo. Quando ele percebeu que não era dessa forma, reavaliou sua postura na Casa. Sua oposição foi extremamente forte e exigiu que nos articulássemos para evitar pedidos de vista, por exemplo, e assim dar celeridade às votações. Também tivemos na oposição a vereadora Heloísa Helena [Rede], mas ela tinha uma postura mais propositiva – não que o Silvânio não fosse propositivo – mas ela dialogava mais. Silvânio tinha mais postura de combate, mas comigo sempre foi respeitoso. Talvez pela sua história de atuação como líder comunitário. Já com a Heloísa eu sempre conseguia expor as propostas e ela passou a ter requerimentos aprovados, o que não ocorria na gestão anterior na prefeitura.

Tribuna Independente – Foi essa capacidade sua de diálogo que fez com que o prefeito o mantivesse na liderança da bancada?

Eduardo Canuto – Primeiro quero dizer que fiquei honrado quando o Rui me convidou para a liderança. É uma atividade importante de interlocução, da Câmara com o Executivo. E é preciso ter credibilidade para explicar ao vereador os motivos dos vetos. Eu tive um forte apoio dos meus pares, até porque não domino todos os assuntos. Quando fui eleito pela primeira vez, tinha com bandeira o segmento esportivo, esse foi o segmento que me projetou. Mas, agora, no terceiro mandato, eu já lido com todos os segmentos. O que foi importante para ser líder foi ter que aprender de tudo um pouco, saúde, educação, os mais variados setores.

Tribuna Independente – Como está o clima no PSDB após o processo eleitoral da União dos Vereadores de Alagoas, uma vez que a maioria da bancada tucana na CMM havia declarado apoio a um nome do PMDB?

Eduardo Canuto – Vou confessar que não me sinto muito confortável no PSDB. Acho que falta mais diálogo interno. O partido lançou candidatura própria à Uveal – e não estou querendo ser mais que ninguém –, mas somos cinco vereadores na CMM e quatro não foram procurados. Tem um grupo de WhatsApp em que se comunicam as coisas, mas não é a mesma coisa do que sentar e conversar. Nunca fui chamado para discutir Uveal, o que não significa dizer que não voto, agora, o candidato do PSDB. Até porque o Renildo Calheiros [PMDB – Murici] não é mais candidato. Tenho o Renildo como meu sobrinho, por isso votaria nele.

Tribuna Independente – E em 2018, Eduardo Canuto é candidato?

Eduardo Canuto – Estrategicamente, nem é bom falar disso agora. Mas se eu disser que não tenho pretensão, estarei mentido. É preciso avaliar esse processo político atual. Alguns deputados estaduais deverão tentar uma vaga para deputado federal, o que pode abrir espaço de que Maceió possa se sentir representado na Assembleia Legislativa, e há bons nomes na CMM que poderiam se candidatar em 2018.

Tribuna Independente – Há muitos comentários de bastidores sobre a candidatura de Rui Palmeira ao governo, inclusive há quem considere a possibilidade de o prefeito deixar o PSDB para ser candidato porque Renan Calheiros (PMDB) e Teotonio Vilela (PSDB) conversariam para voltar a formarem dupla nas eleições, como tinham antigamente. O Rui é candidato, e pelo PSDB?

Eduardo Canuto – Na última conversa que tive com Rui, manifestei minha insatisfação com o PSDB, mas ele foi muito ponderado e não me explicitou nada. Quanto à candidatura, eu não sei se é um bom momento, por causa dessas questões que estão acontecendo nacionalmente. Por outro lado, disputaria contra um candidato forte, jovem e com estrutura política, com vernáculo fácil, com linguagem que se identifica com os jovens e muito bem articulado, e que é um governador dinâmico. Eu não trocaria a condição de prefeito por uma posição de confronto parelha. O pai já foi governador e senador e ele já foi deputado federal. Se ele pode concluir seu mandato – e tem projetos estratégicos para terminar, de médio e longo prazo –, deve fazê-lo.

Tribuna Independente – Mas se Rui for candidato, será pelo PSDB?

Eduardo Canuto – Eu lhe confesso que não sei, não posso falar pelos outros. Mas sinto uma forte tendência pelo Democratas [DEM]. O [José Thomaz] Nonô já acenou com essa possibilidade, inclusive. E não é novidade para ninguém que Teotonio Vilela e Renan Calheiros têm uma excelente aliança. Para ambos. Se essa relação se confirmar para a eleição, não contará com o Rui.

Tribuna Independente – Se Rui sair do PSDB, o senhor sai junto?

Eduardo Canuto – Se o Rui sair do PSDB, eu também saio. Talvez eu volte ao PV, que foi onde iniciei minha vida política. Ainda me identifico com o partido. A não ser que o PV não marche com o Rui, aí iria para outro.

Tribuna Independente – Na corrida pelo Senado, temos o Marx Beltrão meio que correndo por fora. Sobre a relação dele com o PMDB, fala-se no mesmo tom de Rui e o PSDB, sobre a possibilidade de trocar de partido para ser candidato. Rui tem tido muitos encontros com o Marx. Vereadores também, inclusive o senhor. Como está essa relação, se a eleição fosse hoje, o senhor apoiaria Marx para o Senado?

Eduardo Canuto – Possivelmente terá meu apoio. Eu não sei ainda como estarão essas condições. Se eu ainda estiver no PSDB e o Teotonio for candidato, como isso se daria. Mas o Marx, mesmo sendo candidato pelo PMDB, seria uma opção nossa, até porque a candidatura para o Senado é diferente da de governador. Eu nunca tive outra pessoa da esfera federal, que não o Marx, que dialogasse comigo projetos para melhorar Maceió, para o crescimento do esporte e para implantar espaços públicos. Ele é sempre muito acessível.