Política

Lava Jato: Temer cogita tirar Padilha da Casa Civil

Delações de ex-executivos da Odebrecht têm preocupado presidente

Por Brasil 247 18/12/2016 11h02
Lava Jato: Temer cogita tirar Padilha da Casa Civil
Reprodução - Foto: Assessoria

As delações de ex-executivos da Odebrecht têm preocupado o presidente Michel Temer. Para um novo perfil ao governo após a eleição para o comando da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2017, o peemedebista estuda mexer na equipe alvejada por denúncias de corrupção.

A permanência do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, é considerada incerta, apesar dos desmentidos oficiais. Além de Temer, Padilha e Moreira foram citados na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho.

O presidente pretende nomear um perfil mais técnico e mais "interno" para a Casa Civil, que coordena as ações da equipe. Com relação à secretaria de PPI, a ideia é criar uma secretaria especial no Ministério da Fazenda, comandado por Henrique Meirelles, com objetivo de abrigar discussões voltadas a novas iniciativas voltadas para o crescimento econômico.

O ex-dirigente da Odebrecht afirmou que os principais interlocutores eram Eliseu Padilha, Moreira Franco em menor escala e, as fezes, o próprio Michel Temer, então presidente do PMDB e vice-presidente nos governos de Dilma Roussef (entre 2011 e 2016). "Para fazer chegar a Michel Temer os meus pleitos, eu me valia de Eliseu Padilha ou Moreira Franco, que o representavam. Essa era uma via de mão dupla, pois o atual presidente da República também utilizava seus prepostos para atingir interesses pessoais, como no caso dos pagamentos que participei, operacionalizado via Eliseu Padilha", afirmou o delator.

De acordo com o ex-dirigente, Temer solicitou financiamento direto a Marcelo Odebrecht em um jantar, que ele acredita ter ocorrido em maio de 2014. O peemedebista pediu o pagamento de US$ 10 milhões. Deste montante, 60% (R$ 6 milhões) teriam sido destinados a Paulo Skaf, então candidato ao governo de São Paulo, e 40% (R$ 4 milhões) para Eliseu Padilha. Parte do dinheiro teria sido entregue no escritório de José Yunes, atual assessor especial da Presidência da República.

Temer, Padilha, Moreira Franco e Skaf negaram as acusações.

Além de mudanças na Casa Civil e na secretaria do PPI, substituições nos ministérios do Trabalho e da Saúde também estariam sendo estudadas, de acordo com informações divulgadas pela Agência Estado.

Estremecimento na base aliada e o fator PSDB

O agravamento da crise aflige cada vez mais o Palácio do Planalto, que conseguiu aprovar no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos, mas com oito baixas em sua base de sustentação.

A semana foi marcada por tensões, choque entre Poderes e até o senador aliado Ronaldo Caiado (DEM-GO) sugeriu a renúncia de Temer. O DEM comanda o Ministério da Educação. A bancada do PSB, partido que controla Minas e Energia,  avisou que votará contra a reforma da Previdência.

Temer também adiou a nomeação do líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), para a Secretaria de Governo. Ele acertou com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) que Imbassahy ocupará o lugar do ministro Geddel Vieira Lima na articulação política, mas apenas quando que a Câmara escolher seu novo presidente.

O presidente recuou do anúncio porque depende do Centrão, grupo que reúne 13 partidos e cerca de 200 deputados, para garantir solidez no apoio político. O Centrão interpretou a indicação de Imbassahy como uma manobra do Planalto para beneficiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, com o aval do PSDB.

Além da recessão econômica, do estremecimento na base aliada, das citações em delações tanto de Temer como da cúpula do seu partido, Temer também não anda bem nas pesquisas. Levantamento Ibope, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que passou de 39% para 46% o percentual de brasileiros que consideram o seu governo Michel Temer ruim ou péssimo.

Segundo os dados, aprovação ao modo de governar de Temer é reprovada por 64% da população; Em outubro, o percentual era de 55%. A pesquisa mostrou que 72% dos brasileiros disseram ainda não confiar em Michel Temer, que também viu sua avaliação negativa crescer nove pontos, para 69%.