Polícia

Alagoas já contabiliza apreensão de duas toneladas de drogas este ano

Quantidade é maior que a registrada em 2024 e prejuízo com recolhimento dos entorpecentes chega a R$ 10 milhões, diz SSP

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 24/09/2025 06h40 - Atualizado em 24/09/2025 10h36
Alagoas já contabiliza apreensão de duas toneladas de drogas este ano
Van com os 500 quilos de maconha foi interceptada no município de São Sebastião, no agreste, e Polícia vai investigar se Alagoas entrou na rota do tráfico internacional - Foto: Ascom Sefaz

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL) está na espreita do tráfico de drogas para investigar se Alagoas entrou, de vez, na rota do tráfico internacional de entorpecentes. Ontem, as forças de segurança apreenderam, no município de São Sebastiao, interior do estado, uma van que transportava 500 quilos de maconha, distribuídos em 900 tabletes. O motorista foi preso.

Com a apreensão realizada ontem, desde o início do ano, todas as forças policiais juntas conseguiram apreender mais de duas toneladas de drogas. O total destes primeiros noves meses do ano supera em 200 quilos a quantidade de drogas retiradas de circulação no ano passado no estado.

Pelos cálculos apresentados pela polícia, cada 25 gramas da droga, é comercializada a R$ 130,00. Conforme o coronel Patrick Madeiro, secretário executivo da SSP/AL, com a apreensão de ontem, o prejuízo dos traficantes girou em torno de R$ 2 milhões e meio. E desde janeiro, somando-se todas as apreensões, o prejuízo chega a R$ 10 milhões.

Na avaliação da SSP/AL, essas apreensões mostram o quanto o estado está atuante no combate ao tráfico de drogas.

Nas embalagens das drogas, havia mensagem bíblicas. Em cada um dos cerca de 900 tabletes, havia uma etiqueta com a inscrição “Salmo 91”, um dos trechos da Bíblia que fala sobre proteção divina contra perigos e armadilhas.

Além das drogas, o veículo transportava medicamentos e equipamentos elétricos usados em sistemas de distribuição de energia. As mercadorias não tinham nota fiscal. Todos os produtos foram retidos.

Os detalhes da operação foram apresentados à imprensa, na tarde de ontem, em uma coletiva na sede da SSP/AL. À frente da coletiva, o coronel Patrick Madeiro, secretário executivo da SSP/AL. Presente também à coletiva, o coronel Paulo Amorim, comandante da Polícia Militar, além de outros representantes da segurança pública estadual.

De acordo com a polícia, o veículo apreendido ontem já havia feito essa mesma rota três vezes desde o último mês de julho. A droga vinha da Bahia. O destino ainda está sendo investigado.

A operação, da Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz/AL), contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e da Companhia Fazendária (CiaFaz).

Tabletes de droga apreendidos continham etiquetas com o salmo 91 (Foto: Ascom Sefaz)

A carga havia sido emitida em São Paulo com destino a Sergipe, mas os auditores fiscais identificaram que o veículo circulava em rota divergente, seguindo para Maceió. A inconsistência levantou suspeitas de fraude fiscal, resultando na emissão de um Termo de Averiguação estimado em R$ 50 mil.

Durante a inspeção, a equipe enfrentou resistência dos ocupantes, o que levou a uma vistoria minuciosa. No interior da van, foram encontradas 22 caixas de mercadorias sem nota fiscal, além do entorpecente. Todo o material retido foi encaminhado à Companhia Fazendária, responsável pelos procedimentos criminais.

Segundo o secretário especial da Receita Estadual, Francisco Suruagy, a ação foi possibilitada pelo programa Trânsito Inteligente, que utiliza tecnologia avançada de monitoramento.

“A operação contou com informações de câmeras, balanças dinâmicas e cruzamento de dados com outros órgãos federais e estaduais, o que permite fiscalizações mais direcionadas a veículos suspeitos. A partir desse trabalho integrado, temos obtido excelentes resultados”, destacou.
A apreensão no interior de Alagoas lembra o caso dos traficantes que se veem como “soldados de Jesus”, quando policiais apreenderam no Rio de Janeiro tijolos de cocaína e maconha com a marca “Estrela de Davi”.

A droga com a marca divina pertence ao Terceiro Comando Puro (TCP), um dos grupos criminosos mais poderosos do Rio de Janeiro, que controla o tráfico no Complexo de Israel e tem líderes com forte crença evangélica.

Esses traficantes se autodenominam “Tropa de Aarão”, em uma referência ao mais velho irmão de Moisés. Essas etiquetas coladas às drogas e que fazem menção a religiões já foram encontradas na Região Nordeste, nos estados de Ceará e Bahia.