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Polícia Civil investiga ameaças de morte contra Ialorixá Mãe Mirian

Por Lucas França com Tribuna Hoje 05/09/2025 14h30 - Atualizado em 05/09/2025 14h35
Polícia Civil investiga ameaças de morte contra Ialorixá Mãe Mirian
Mãe Mirian - Foto: Divulgação/Ufal

A Polícia Civil de Alagoas (PC/AL), por meio da Delegacia Especial dos Crimes contra Vulneráveis Yalorixá Tia Marcelina, iniciou uma investigação sobre as ameaças de morte recebidas pela ialorixá Mirian Araújo Souza Melo, conhecida como Mãe Mirian – Yá Binan, de 91 anos. A ação foi oficializada pela Coordenadoria de Direitos Humanos do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), que comunicou o caso à delegacia. Um inquérito já foi aberto para apurar as ameaças, feitas por mensagens eletrônicas e ligações telefônicas.

A delegada Rebecca Cordeiro, responsável pela investigação, informou que as autoridades já estão tomando as providências necessárias e que Mãe Mirian deverá ser ouvida na próxima segunda-feira (8).

Repúdio à violência religiosa


Em reação às ameaças, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) emitiu uma nota oficial nessa quinta-feira (4) repudiando o ato e expressando solidariedade à líder religiosa e às demais lideranças de religiões de matriz africana em Alagoas. A universidade ressaltou a importância do papel de Mãe Mirian, que recentemente recebeu o título de Doutora Honoris Causa, em reconhecimento à sua trajetória e contribuição para a sabedoria e resistência cultural.

A nota da Ufal também abordou o contexto do ódio religioso e o racismo estrutural ainda presentes na sociedade brasileira. “Não é possível silenciar nem naturalizar a persistência do ódio religioso, do racismo estrutural e da barbárie contra corpos e espiritualidades negras neste país. O que se atenta contra Mãe Mirian é mais que violência individual", afirmou a instituição.

A Ufal destacou que as ameaças sofridas pela ialorixá refletem uma tentativa de eliminar o que resiste, floresce e ilumina há séculos, em um país marcado pela violência contra as religiões de matriz africana e os povos negros.

O caso tem gerado grande repercussão nas redes sociais e na comunidade religiosa, com diversas manifestações de apoio a Mãe Mirian. A Polícia Civil segue investigando o caso.