Polícia

Operação combate organização criminosa suspeita de fraudar R$ 6,7 milhões dos cofres públicos

Grupo de 9 pessoas físicas e 6 jurídicas do mercado de madeira praticava fraudes fiscais e lavagem de bens

Por Dicom MP/AL 04/09/2025 08h45 - Atualizado em 04/09/2025 11h20
Operação combate organização criminosa suspeita de fraudar R$ 6,7 milhões dos cofres públicos
Operação Lignum foi deflagrada na manhã desta quinta-feira para combater fraudes fiscais contra organização suspeita de fraudar R$ 6,7 milhões - Foto: Dicom MP/AL

O Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (Gaesf), deflagrou, nesta quinta-feira(4), a operação Lignum, cumprindo 15 mandados de busca e apreensão em Maceió. A ação tem como objetivo desarticular uma suposta organização criminosa voltada à prática de fraudes fiscais estruturadas e lavagem de bens, envolvendo nove pessoas físicas e seis pessoas jurídicas que atuam no comércio de madeiras.

As investigações do Gaesf apontam que o esquema teria movimentado valores que ultrapassam R$ 6,7 milhões, em prejuízos aos cofres públicos. O grupo investigado atuava por meio da emissão de milhares de notas fiscais ideologicamente falsas, criadas a partir de um grupo econômico que lida com o mercado de madeiras sediado em Alagoas. Essa cifra é referente a processos de execução fiscal e certidões de débito declarado, cujo valor exato final será apurado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz/AL).

Fraudes milionárias e uso de empresas fictícias


A apuração concluiu também que foram criadas seis empresas fictícias, todas registradas em apenas um endereço e controladas pelo mesmo núcleo familiar. O verdadeiro administrador não figurava formalmente como sócio, utilizando familiares e “laranjas” sem capacidade financeira compatível para compor o quadro societário.

Essa pulverização de faturamento no âmbito do Simples Nacional tinha como objetivo manter o regime tributário diferenciado e fraudar o pagamento de tributos devidos. Além disso, documentos fiscais, comprovantes de pagamento e listas de cobrança reforçam a ligação entre as empresas, evidenciando práticas de falsidade ideológica e concorrência desleal.

Milhares de notas fiscais ideologicamente falsas, criadas a partir de um grupo econômico que lida com o mercado de madeiras sediado em Alagoas (Foto: Dicom MP/AL)


Impactos econômicos e sociais


De acordo com a coordenação do Gaesf, as condutas investigadas não apenas causaram graves prejuízos à arrecadação tributária do Estado, como também afetaram a concorrência justa, prejudicando empresas que atuam dentro da legalidade. Além da responsabilização criminal, o trabalho do Gaesf busca ainda efeitos extrapenais, como estabelecer um mercado justo e combater a concorrência desleal e o sensível prejuízo às políticas públicas voltadas à população carente”, declarou o promotor de Justiça Cyro Blatter, coordenador do grupo.

Ele também explicou que as investigações contaram com uma metodologia multidisciplinar, envolvendo cruzamento de dados, análise documental e identificação das redes de empresas suspeitas.

A operação, que cumpriu 15 mandados de busca e apreensão, sendo nove contra pessoas físicas e seis em desfavor de jurídico, todos expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital – de combate ao crime organizado, foi realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz/AL), Procuradoria-Geral do Estado (PGE/AL), Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL), Polícia Militar (PM/AL), Polícia Civil (PC/AL), Polícia Científica e Secretaria de Ressocialização (SERIS/AL).

Significado do nome


O termo Lignum vem do latim e significa “madeira, lenha, árvore cortada ou material de construção”, fazendo alusão direta ao setor econômico investigado nesta fase da operação.

Foram criadas seis empresas fictícias, todas registradas em apenas um endereço e controladas pelo mesmo núcleo familiar (Foto: Dicom MP/AL)