Polícia

Família vai pedir ao Ministério Público reabertura das investigações

Irmã da vítima acusa a mulher do preso de participação no crime e apresenta fatos novos sobre morte da adolescente

Por Cláudio Bulgarelli e Ricardo Rodrigues - repórteres / Tribuna Independente 20/07/2025 15h25
Família vai pedir ao Ministério Público reabertura das investigações
A irmã Camyle e a prima Jaciele apresentam fatos novos sobre a morte da adolescente Bia e pedem a reabertura das investigações sobre caso - Foto: Sandro Lima

O caso Ana Beatriz deve ser reaberto a qualquer momento, a pedido da família da adolescente de 15 anos, encontrada morta no último dia 3 de maio, em uma chácara no bairro de Garça Torta, Litoral Norte de Maceió.

A família e advogada da vítima acreditam na participação de outras pessoas no sequestro e assassinato de Bia Nunes.

A adolescente ficou desaparecida por quase um mês, até seu corpo ser encontrado, em avançado estado de decomposição, em um sítio na Grota do Andraújo.

O único envolvido no sequestro e assassinato de Bia está preso, mas para a família dela acredita que ele não agiu sozinho.

Em entrevista exclusiva à TV Tribuna, a prima, Jaciele, e a irmã, Camyle Moura, denunciam que existem outras pessoas envolvidas, jogando a culpa na esposa do preso.

Essa tese é fortalecida pela advogada de defesa, Júlia Nunes.

Para ela, há evidências que apontam a participação de outras pessoas envolvidas com o crime, como mandantes e até na execução do assassinato e na ocultação do cadáver.

Por isso, a família vai solicitar a reabertura do inquérito, diante de novos fatos e novas provas envolvendo um drama que manteve Alagoas em suspense por quase um mês.

LIGAÇÃO SUSPEITA

“Suspeitamos de uma ligação que foi feita através do celular da Bia, um dia após ela desaparecer. Segundo a polícia, o cara que recebeu a ligação não tem nada a ver com o preso, mas o mesmo que recebeu a ligação, reside em um povoado próximo onde o assassino morava e onde o preso ficou após ser baleado no passado”, relatou a irmã.

Segundo ela, alguns questionamentos feitos pela família continuam sem resposta. “Foram várias perguntas não respondidas, sentimos que fomos ignorados, no começo, até tínhamos informação de quais diligências eram feitas, mas após os protestos sentimos que passamos a ser ignorados”, disse Camyle Moura.

Ela pergunta: “Cadê a mochila? Cadê o celular? De onde foi feita essa ligação? Viram o satélite? São essas e outras questões, que prefiro não citar, porque como o caso agora está com o Judiciário, iremos requerer a reabertura das investigações, por meio da nossa advogada”.

A prima da vítima disse que vai pedir que o Ministério Público Estadual solicite a reabertura do caso.

“Queremos que a justiça seja feita, que o caso seja visto com um olhar mais humano, que a Bia seja vista como uma adolescente, como uma menina que era sim facilmente manipulada, a forma como vimos a Bia ser exposta, ser tratada em coletiva de imprensa foi doloroso, ver a imagem dela ser maculada, ver a Bia ser exposta ao ridículo, como se ela estivesse provocando a própria morte”, acrescentou Jaciele.

Sobre o assassino, a irmã e a vítima disseram que não têm dúvida da participação dele no crime, mas acreditam que outras pessoas o ajudaram. Por isso, a família vai exigir a reabertura da apuração.

Ana Beatriz Nunes, 15 anos, foi encontrada morta no dia 3 de maio (Foto: Reprodução)

Irmã e prima desconfiam da esposa do autor do assassinato

“Queremos que ele pague, que a esposa dele pague e se tiver mais alguém envolvido que pague também. Queremos que o Judiciário tenha respostas, respostas concretas, sem dúvidas e que todas as respostas sejam dadas após uma investigação certeira, sem pontas soltas”, afirmou a prima da Bia.

A vítima desapareceu no dia 8 de abril de 2025, quando tomou um moto-táxi saindo do Ifal e deveria voltar para casa. Depois disso, ela desapareceu. A família começou a procurar por ela, com a ajuda de amigos e da polícia. As buscas se mostram infrutíferas, até o aparecimento do corpo.

Segundo Jaciele, a Bia deve ter sido atraída pelo casal (o preso e a mulher dele), no dia do desaparecimento. Ela acredita também que a prima tenha sido assassinada no mesmo dia em que desapareceu.

Sobre a gravidez, a prima disse que foram as colegas do Ifal que comentaram isso.

Para a família, a informação sobre o paradeiro do corpo da Bia deve ter sido feita por uma denúncia anônima, e não revelado pelo acusado.
“Quando tivemos conhecimento do local do corpo foi por meio da polícia. A informação, segundo a polícia, tinha sido divulgada no sistema prisional, mas não ficou claro que a informação tenha sido revelada pelo acusado preso”, afirmou a prima da Bia.

Segundo ela, as desconfianças sobre a participação do casal começaram quando eles negaram conhecer a Bia, questionados sobre o desaparecimento dela. “Como assim, isso não é motivo o suficiente para se ter uma suspeita?”.

“Durante as investigações, disseram que nunca houve ameaças da parte da esposa, que não tinha provas, mas tem provas sim! Será que vai ser necessário expor as ameaças da esposa para que ela seja investigada mais a fundo?”, questionou a irmã da vítima.

“Por que a esposa debochava da gente? Uma pessoa que se diz ser inocente e que diz que o marido é inocente estaria preocupada em provar a inocência, não em debochar, rir da nossa dor. Existe várias coisas que não posso expor aqui, mas ela tem culpa sim, ela participou”, concluiu a irmã da Bia.

Suspeito do crime foi preso logo após o sumiço da vítima

O principal suspeito de matar Ana Beatriz está preso, desde 12 de abril, quatro dias depois que a adolescente desapareceu. Conhecido como “Tê”, José Clenisson Domingos da Silva, de 43 anos, encontra-se recolhido no sistema prisional alagoano. A esposa dele, Lidiane Antônia da Silva, de 37 anos, é considerada suspeita, pela família da vítima, mas até o momento não foi indiciada.

O caso foi investigado pela delegada Talita Aquino, da Polícia Civil de Alagoas, que ouviu o suspeito e decidiu indiciá-lo como autor material do assassinado, mas não apontou nenhuma outra pessoa envolvida na trama macabra.

Ana Beatriz era aluna do curso de Eletrotécnica do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e corpo dela foi sepultado em clima de comoção, em Porto Calvo, no começo de maio.

PERÍCIA

O corpo de Ana Beatriz foi encontrado em uma fossa no quintal da chácara, coberta por uma espessa camada de terra, seguida de uma tampa de concreto e mais terra por cima, dificultando o trabalho dos cães farejadores utilizados nas buscas.

Dias depois, a Polícia Científica de Alagoas divulgou o exame de DNA e confirmou que o corpo encontrado dentro da fossa era mesmo da adolescente.

De acordo com a polícia, o material coletado apresentou compatibilidade genética com as amostras fornecidas pela mãe e pela irmã da adolescente.

A perita criminal Rosana Coutinho informou que não foram encontradas lesões no corpo e que a polícia ainda não tinha a causa da morte. Exames toxicológicos também foram realizados para saber se houve a ingestão de alguma substância letal.