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Lockdowns na China já afetam 165 milhões de pessoas

Por Veja 28/04/2022 14h31
Lockdowns na China já afetam 165 milhões de pessoas
Coronavírus na China - Foto: Tingshu Wang / Reuters

Desde março, a China implementou medidas rígidas contra os surtos de Covid-19 em suas duas maiores cidades, Pequim e Xangai. Seguindo a política de tolerância zero ao vírus, a nova estratégia do governo.

Ao longo da pandemia, a China manteve uma estratégia de “Covid zero”, aplicando testes em massa, quarentenas e fechamento de fronteiras para conter o vírus. Mas a chegada da variante Ômicron, altamente infecciosa, fez o país mais populoso do mundo retornar à situação de calamidade, com o vírus se espalhando novamente por diferentes cidades e províncias.

Os casos na China começaram a aumentar em março, logo se transformando no pior crise sanitária que o país viu desde o surto inicial em Wuhan, no início de 2020.

Xangai está no centro do último surto, relatando mais de 10.000 novos casos por dia. Em resposta, autoridades implementaram um isolamento que durou semanas, confinando quase todos os 25 milhões de moradores de uma das metrópoles mais movimentadas do mundo.

Na quarta-feira, 27, autoridades da cidade afirmaram que alguns bairros poderão começar a afrouxar as restrições se não tiverem relatado nenhum caso nas últimas duas semanas. No entanto, a liberdade poderá ser revogada e o lockdown será restabelecido se pelo menos um caso de Covid-19 for detectado.

Paralelamente, Pequim, outra cidade que impulsiona grande parte da economia do país, fechou escolas em muitos de seus distritos mais populosos nesta quinta-feira, 28. Vários grandes hospitais também anunciaram que estavam fechando, e um número crescente de locais de entretenimento, incluindo cinemas, também recebeu ordens para fechar.

Outra medida lançada pela capital chinesa foi uma campanha de testagem em massa que cobriu quase 20 milhões de habitantes – cerca de 90% da população da cidade.

Na tentativa de conter conter infecções, muitas pessoas estão sendo confinadas em edifícios residenciais. No distrito de Chaoyang, em Pequim, moradores de 13 prédios foram impedidos de deixar seus apartamentos e outros de 33 edifícios não foram autorizados a deixar seus conjuntos residenciais.

Essas ações provocaram temores na população de Pequim de um bloqueio mais amplo semelhante ao de Xangai, onde a política de lockdowns foi caracterizada por caos e disfunção. Muitos moradores da cidade se queixaram de escassez de alimentos, falta de acesso médico, más condições em instalações de quarentena improvisadas ​​e medidas duras, como a separação de crianças infectadas de seus pais.

Bloqueios totais ou distritais também estão em vigor em mais de duas dúzias de cidades chinesas, incluindo Hangzhou, que abriga 12,2 milhões de pessoas; Suzhou, lar de 12,7 milhões de pessoas; e Harbin, lar de 9,5 milhões de pessoas.

As restrições severas estão se refletindo em impactos na economia da China. Em março, o desemprego atingiu o maior índice de 21 meses. Muitas empresas foram forçadas a suspender as operações em vários locais, incluindo as montadoras Volkswagen, Tesla e iPhone Pegatron. A moeda chinesa, o yuan, enfraqueceu rapidamente esta semana, caindo para o nível mais baixo desde novembro de 2020.

O presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, Jörg Wuttke, declarou, no início de abril, que o governo chinês está “dolorosamente ciente dos danos à economia”. Na terça-feira, o chefe de Estado, Xi Jinping pediu um alarde de infraestrutura “total” para promover o crescimento do país – incomum para o líder chinês, que raramente estabelece planos econômicos detalhados.

Apesar das estimativas de recessão econômica, e o número de mortes por Covid permanecer relativamente baixo até este último surto, as autoridades e a mídia estatal indicaram que a política restritiva da China não mudará tão cedo.