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Navio-símbolo da Rússia que sofreu explosão já participou de três guerras

Moscou nega e disse se tratar de uma explosão de munições internas

Por G1 14/04/2022 17h13 - Atualizado em 14/04/2022 17h23
Navio-símbolo da Rússia que sofreu explosão já participou de três guerras
Imagem do Moskvá, o navio russo conhecido como "assassino de porta-aviões" - Foto: REUTERS

O cruzador Moskva, o navio-símbolo da frota russa do Mar Negro que foi gravemente danificado nesta quinta-feira (14), é uma embarcação altamente simbólica que participou de numerosas operações militares e também serviu de ferramenta da diplomacia russa.

A Ucrânia afirma que o navio, um cruzador antimísseis, foi atingido por um míssil ucraniano e afundou. A Rússia nega e disse que a explosão foi causada por um acidente com uma munição da própria embarcação. Segundo a agência Interfax, toda a tripulação, de cerca de 500 pessoas, foi retirada.

Origens soviéticas

O navio entrou em serviço em 1983 durante a era soviética com o nome Slava (Glória). Esta embarcação lança-mísseis Atlant foi concebida para ser um destruidor de porta-aviões. Com 186 metros de comprimento, a embarcação foi rebatizada em 1995 como Moskva (Moscou) e está dotado de 16 mísseis antinavio Bazalt/Voulkan, de mísseis Fort, que são a versão marinha dos mísseis S-300 de longo alcance. Também conta com lança-foguetes, canhões e torpedos.

Segundo a agência de notícias russa Ria Novosti, foi reformado duas vezes e modernizado, a última vez entre 2018 e 2020. Atualmente, ele é conhecido como "assassino de porta-aviões" por sua capacidade destruidora.

A embarcação pode abrigar até 680 tripulantes, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.

Três guerras

O primeiro conflito em que participou foi o da Geórgia em agosto de 2008. A Rússia não informou quais foram suas missões, mas um alto responsável militar georgiano questionado pela AFPindicou que a embarcação entrou no porto de Ochamchire para bombardear as forças georgianas, que acabaram perdendo na época a única região que estava sob o seu controle no território dos separatistas.

O então presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, expressou sua "gratidão" à tripulação do navio por sua "coragem e determinação" no conflito. Depois, em setembro de 2015, o Moskva foi enviado para ajudar o regime de Bashar al Assad na guerra na Síria, no Mediterrâneo oriental, para assegurar, segundo o Ministério da Defesa russo, a proteção da base russa de Hmeymim.

Pouco depois, Vladimir Putin entregou para toda a tripulação a ordem Nakhimov em reconhecimento por sua "coragem e determinação".

O Moskva participa da guerra da Ucrânia a partir da cidade de Sebastopol, que abriga a base da frota russa no Mar Negro, na península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Em uma troca de mensagens de rádio que viralizou no início do conflito, os guardas fronteiriços ucranianos da pequena ilha das Serpentes responderam com palavrões ao ultimato feito pelos russos para que se rendessem. Pouco depois, o Moskva e outra embarcação bombardearam a ilha e tomaram como prisioneiros os militares ucranianos.

Missões diplomáticas

Quando o Moskva ainda levava o nome Slava, participou da Cúpula de Malta que reuniu o dirigente soviético Mikhail Gorbachev com o presidente americano George Bush, que ocorreu no navio Maxim Gorky em dezembro de 1989, pouco depois da queda do muro de Berlim.

O navio também participou da conferência para o desarmamento de Yalta, em agosto de 1990.

Várias autoridades estrangeiras subiram a bordo da embarcação. Em agosto de 2014, Putin recebeu com honras militares o presidente egípcio Abdel Fattah al Sissi e, em uma visita à Itália, recebeu o então chefe de governo Silvio Berlusconi.