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Equador vai às urnas para escolher sucessor de Rafael Correa
Ex-vice-presidente Lenín Moreno lidera a disputa. Primeiros resultados são esperados por volta das 22h (horário de Brasília).
A partir das 9h, pelo horário de Brasília, mais de 12,8 milhões de equatorianos vão às urnas para escolher o sucessor do presidente Rafael Correa, em eleições que ocorrem e meio à situação econômica complicada no país. Os eleitores depositam seus votos até às 19h, e os primeiros resultados são esperados por volta das 22h (horário de Brasília).
O ex-vice-presidente Lenín Moreno, adepto do correísmo, lidera a disputa (32,3%), seguido por dois conservadores: o ex-banqueiro Guillermo Lasso (21,5%) e a ex-deputada Cynthia Viteri (14%). Mais distante, aparece o ex-prefeito esquerdista de Quito Paco Moncayo (7,7%).
As eleições prometem ser disputadas. Nenhum candidato está certo de que vencerá o primeiro turno, para o que é necessário 40% dos votos e 10 pontos de vantagem à frente do segundo mais votado. Pela primeira vez desde 2006, é muito provável haver um segundo turno, que seria em 2 de abril.
No amplo leque de tendências que os sete candidatos da oposição representam figuram social-democratas, conservadores, social-cristãos, independentes e populistas. Medidas sobre a criação de emprego, luta contra a corrupção, erradicação da pobreza, combate às drogas e liberdade de expressão foram expostas por todos os adversários na campanha.
Moreno, candidato do movimento governista Alianza País (AP), fala em uma "cirurgia maior" contra a corrupção e oferece a criação de 250 mil postos de trabalho ao ano, assim como ações para a construção de 40 escolas técnicas e a erradicação da desnutrição infantil.
Além do novo presidente, os equatorianos vão escolher vice-presidente, 137 deputados e cinco representantes no Parlamento Andino para 2017-2021.
Muitos equatorianos avaliam a saída de Correa após 10 anos de governo socialista como sua "revolução cidadã". Personalista e confrontador, carismático e polêmico, este economista de 53 anos formado nos Estados Unidos e na Europa liderou o período mais estável da história recente equatoriana, em parte graças à bonança petroleira com a qual modernizou o país e elevou seus índices de desenvolvimento.
Sua saída, em meio a uma delicada situação econômica, deixa o governo desgastado e a oposição sem seu grande inimigo.
Ameaças de bomba
Neste sábado, a polícia do Equador descartou uma ameaça de bomba após revistar a sede do partido governista Aliança País. O Serviço Integrado de Segurança ECU911 recebeu um telefonema de uma pessoa anônima dizendo que havia um artefato explosivo na sede do partido.
A polícia isolou a rua onde fica a sede, no norte de Quito, e evacuou o prédio por cerca de 45 minutos.
O "Grupo de Intervenção e Resgate da Polícia Nacional, com seus cães farejadores de explosivos, fizeram uma revista não encontrando nenhuma novidade", disse à AFP o coronel Norman Cano, que encabeçou a operação.
Na semana passada também foram registradas ameaças de bomba no escritório da presidente do Congresso, Gabriela Rivadeneira, no canal privado Teleamazonas, onde uma jornalista recebeu um envelope suspeito e no edifício de mídia pública.
Modelos antagônicos
A disputa eleitoral esteve dominada por situações que sacodem a economia do Equador: queda do petróleo, desvalorização das moedas vizinhas, fortalecimento do dólar e altíssimos custos pelo terremoto de abril de 2016.
Esta "tempestade perfeita", segundo o governo, é para a oposição uma possibilidade de atiçar o descontentamento das classes médias e baixas, que falam de esbanjamento e má gestão.
Mas, sobretudo, coloca em jogo os modelos opostos. Por um lado, a continuação de Moreno, com um sistema que combina um grande gasto social com altos impostos e elevado endividamento. Por outro, a mudança de Lasso e Viteri, que procuram fomentar o investimento estrangeiro e a diminuição dos impostos para estimular o consumo e a produção nacional.
Um convidado inesperado também apareceu: a corrupção, com casos como o da petroleira estatal Petroecuador, que envolveu um ex-ministro de Correa, e os dos supostos subornos da empreiteira Odebrecht a funcionários equatorianos, contabilizados em US$ 33,5 milhões. Os eleitores dirão se são "distorções" da campanha, como afirma Correa.
Teste para a esquerda
Esta eleição também supõe um novo teste para a esquerda da América Latina, após a guinada da direita no Brasil, Argentina e Peru no último ano.
Os equatorianos poderão frear o que Correa define como a "restauração conservadora" na região. Mas, se não o fizerem, o Equador deixará sozinha a Venezuela de Nicolás Maduro e a Bolívia de Evo Morales.
Asilo a Assange
O resultado de domingo pode ser decisivo para o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, a quem o Equador mantém asilado em sua embaixada em Londres desde 2012 para evitar sua extradição à Suécia por supostos crimes sexuais, que ele nega.
Moreno é partidário de manter seu asilo, mas Lasso e Viteri disseram à AFP que, se chegarem ao poder, vão retirá-lo.
Assange, que em novembro foi interrogado pela Justiça, teme ser entregue aos Estados Unidos para ser julgado pela publicação de centenas de milhares de documentos secretos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão, assim como de 250 mil cabos da diplomacia americana.
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