Um passeio de barco pelas piscinas naturais do Patacho, na Rota Ecológica dos Milagres, no Litoral Norte de Alagoas, foi marcado por um momento raro e emocionante. Um peixe-boi marinho apareceu nas águas cristalinas e surpreendeu os visitantes ao seguir o barco e se aproximar dos turistas.

Em vídeo compartilhado nas redes sociais, o animal chega a tocar o casco da embarcação com as nadadeiras, em um gesto que parece um pedido de carinho, antes de se afastar calmamente.

O registro viralizou e chamou atenção para a necessidade de proteger a espécie, ameaçada de extinção. No entanto, o Instituto Biota de Conservação de Alagoas fez um alerta importante sobre o comportamento do animal.

Segundo o pesquisador Bruno Stefani, do Biota, a aproximação excessiva não é comum entre peixes-bois nativos. “Animais selvagens não costumam agir dessa forma. Esse tipo de interação geralmente acontece com indivíduos que passaram por processos de reabilitação quando filhotes e acabaram se acostumando à presença humana”, explicou.

Stefani destacou que, do ponto de vista da conservação, o contato frequente com pessoas pode ser prejudicial. “O peixe-boi deixa de realizar atividades naturais, como se alimentar ou se reproduzir, para interagir com humanos. Isso afeta seu comportamento e sua sobrevivência no ambiente selvagem”, completou.

Preservação e riscos

A região norte de Alagoas é considerada o principal ponto de reintrodução de peixes-bois no país. O sucesso do programa de soltura tem permitido o aumento da população e até a reprodução natural dos animais. No entanto, alguns indivíduos mantêm hábitos desenvolvidos durante o período de reabilitação e tendem a se aproximar de embarcações.

O Biota alerta que essa aproximação representa riscos de acidentes, como ferimentos provocados por hélices, além da possibilidade de agressões ou envenenamentos. Por isso, a orientação é clara: não interagir e manter distância segura sempre que um peixe-boi for avistado.

A instituição reforça que qualquer aparição de animais marinhos deve ser comunicada imediatamente pelo telefone (82) 9.9115-2944, para que a equipe técnica possa avaliar as condições do animal. O monitoramento é feito, em grande parte, a partir das informações enviadas pela população.