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Risco: jovens entram em água da chuva para resgatar placas de veículos no Pilar

Por Tribuna Hoje 20/05/2025 11h45 - Atualizado em 20/05/2025 18h55
Risco: jovens entram em água da chuva para resgatar placas de veículos no Pilar
Com trecho alagado, carros pequenos não conseguem passar; especialistas alertam para risco de doenças - Foto: Edilson Omena

A forte chuva que atinge o município de Pilar, na Região Metropolitana de Maceió, provocou alagamentos em residências da cidade e a água foi parar numa baixada, no trecho da rodovia BR-316, nas proximidades da entrada da cidade. Com o acúmulo de água, veículos de pequeno porte estão impossibilitados de atravessar o local.

Apesar do risco, jovens foram flagrados dentro da água turva, resgatando placas de carros que foram arrancadas pela força da enxurrada. A prática, embora comum em situações de alagamento, preocupa as autoridades sanitárias e de saúde pública.

“Entrar nesse tipo de água, que mistura esgoto, resíduos sólidos e outros poluentes, representa sério risco de contaminação por doenças como leptospirose, hepatite A e infecções de pele”, alertam especialistas.

O cenário reflete o impacto das chuvas intensas que vêm atingindo o estado de Alagoas nos últimos dias, provocando alagamentos, deslizamentos e transtornos em várias regiões. Até o momento, o trecho da BR-316 continua intransitável para veículos leves, e não há previsão de liberação.

A orientação é que motoristas busquem rotas alternativas e que a população evite contato com a água acumulada. Em caso de emergência, a Defesa Civil pode ser acionada pelo número 199.

ALERTA PARA LEPTOSPIROSE

Diante dos temporais que atingem Alagoas desde a última sexta-feira (15) e com base na previsão de que as chuvas devem continuar até quarta-feira (21), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) acende o alerta sobre a prevenção da leptospirose. Isso porque, a doença é transmitida pela bactéria Leptospira, que se dissemina por meio da água de enchentes, alagamentos e inundações contaminada principalmente pela urina de roedores, que são os principais vetores.

Por ficarem em bueiros e locais com entulhos e deficiência de saneamento básico, os roedores infectados pela bactéria Leptospira urinam nestes locais. Com isso, quando há enchentes, alagamentos e inundações, as pessoas que mantêm contato com esta água contaminada podem ser atingidas pela bactéria, que penetra no organismo por meio da pele desprotegida.

Por esta razão, conforme a superintendente de Vigilância e Controle de Doenças Transmissíveis da Sesau, Waldineia Silva, a recomendação é não manter contato com água de enchentes e alagamentos. Caso não seja possível evitar, se faz necessário usar botas e luvas de borracha, bem como manter os ambientes residenciais sempre limpos, para evitar a proliferação de roedores.

"A medida preventiva mais eficaz para evitar se contaminar pela bactéria Leptospira é evitar o contato com a água de enchentes e alagamentos. Mas se não for possível, que se tenha pelo menos o cuidado de usar os EPIs [Equipamentos de Proteção Individual], não negligenciando sobre o controle vetorial dos roedores", orienta Waldineia Silva.



Sintomas da doença

Entre os principais sintomas da leptospirose, que costuma se manifestar entre o 1º e o 30º dia após a contaminação, estão febre alta, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômitos e dor muscular intensa, principalmente na panturrilha. Já nos casos mais graves, o paciente pode ser acometido por insuficiência renal e hemorragia pulmonar, o que aumenta a probabilidade de morte.

Segundo dados da Sesau, este ano, no período de janeiro a abril, foi registrado um caso, mas não houve óbito. Já no ano passado foram notificados 40 casos e seis óbitos. Os dados foram tabulados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), vinculados ao Ministério da Saúde (MS).