Interior
Júri popular condena assassinos de Roberta Dias 13 anos depois do desaparecimento da jovem
Após três dias de julgamento, Karlo Bruno Pereira foi condenado a 15 anos de prisão em regime inicialmente fechado, enquanto Mary Jane Araújo Santos cumprirá 1 ano e 10 meses em regime aberto

O júri popular dos réus Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares, acusados de envolvimento no homicídio de Roberta Costa Dias, acabou no final da noite desta sexta-feira (25), depois de três dias. O julgamento aconteceu na 4ª Vara da Comarca de Penedo e foi presidido pelo juiz Lucas Dória.
Mary Jane Araújo Santos foi absolvida do crime de homicídio e condenada por ocultação de cadáver e corrupção de menores e pegou 1 ano e 10 meses de prisão, já que os dois meses em que ela esteve presa foram abatidos da pena de 2 anos. Karlo Bruno Pereira foi condenado por homicídio triplamente qualificado, aborto provocado por terceiros e ocultação de cadáver, porém, ocultação e corrupção estão prescritos para ele em razão de, à época do crime, ser menor de 21 anos. Bruno recebeu pena definitiva de 15 anos. Mary Jane cumprirá a pena em regime aberto, enquanto Karlo Bruno cumprirá em regime inicialmente fechado no sistema prisional alagoano.
Os dois réus foram denunciados por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe (mãe e filho não aceitavam a gravidez e planejaram o assassinato), meio cruel (morte por asfixia) e sem chance de defesa à vítima, além de aborto provocado por terceiro, que ocorre quando há perda do feto provocada por outra pessoa, que não a genitora.
Eles também responderam pelos crimes de ocultação de cadáver e corrupção de menores, uma vez que envolveram o adolescente infrator, à época namorado da vítima, na trama. Como, à época do fato, Saulo de Thasso Araújo dos Santos era menor de idade, não foi denunciado, tendo sido representado na Vara da Infância e da Juventude. Ele foi ouvido como testemunha.

No primeiro dia do julgamento, última quarta-feira, dia 23, uma estratégia da defesa de Mary Jane tentou adiar o início dos trabalhos ao pedir o desaforamento, ou seja, a transferência do julgamento para outra cidade.
A defesa da ré alegou que a pressão da população local poderia influenciar os jurados. O pedido de desaforamento foi rejeitado pelo desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo.
Os números que envolvem o julgamento do caso Roberta Dias são tão impressionantes quanto a vontade da mãe da vítima, Mônica Reis, pelo desejo de Justiça. Foram nove anos de buscas pelo corpo da vítima. Foram 13 anos de espera entre o dia do assassinato de Roberta até o momento em que os réus estiveram sentados no Tribunal. Foram três dias de julgamento. O júri aconteceu no município de Penedo.
Roberta Costa Dias foi vista pela última vez em abril de 2012, em um ponto de ônibus, após sair de uma unidade de saúde, onde realizou uma consulta pré-natal. Ela estava grávida de três meses.
O Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) foi representado pelo promotor de Justiça Sitael Jones Lemos, da 4ª Promotoria de Justiça de Penedo. No papel de acusação, o promotor foi o autor da denúncia ajuizada em 2018.

O promotor de Justiça Sitael Jones Lemos explicou que a materialidade e a autoria dos crimes estão detalhadas nas mais de 4,7 mil páginas que compõem o processo.
“Tendo reunido todas as evidências e conjunto de provas necessários para levar a condenação dos denunciados, os autos mostram que Roberta Dias foi atraída pelo namorado, à época, ao local do seu desaparecimento, nas proximidades do posto de saúde onde a vítima tinha ido para consulta de pré-natal”, afirmou.
Conforme a 4ª Promotoria de Justiça de Penedo, o então namorado da vítima estava em um veículo Gol, de cor preta. Escondido no porta-malas estava o outro criminoso, responsável por enforcar a Roberta Dias com um fio.
“O assassinato foi premeditado e contou com a participação tanto da sogra quanto do próprio adolescente infrator [à época menor de idade], filho dela. Eles não aceitavam a gravidez e, diante da negativa da vítima em fazer um aborto, resolveram assassinar a mãe e o feto”, detalhou promotor de Justiça Sitael Jones Lemos.
Ainda conforme a ação penal proposta pelo MP/AL, a sogra teria procurado Roberta Dias nos dias anteriores a data do seu desaparecimento para convencê-la a provocar o aborto, o que foi descartado pela vítima.

Informada com a negativa, a mãe do adolescente – que estava na cena do homicídio – decidira colocar o plano criminoso em prática, contratando o outro rapaz para a autoria material. Roberta Dias foi asfixiada com um fio de som automotivo.
Durante os três dias do júri, foram ouvidas as testemunhas de acusação arroladas pelo MP/AL, as testemunhas de defesa e, na sequência, houve o interrogatório dos réus. Houve ainda os debates entre o promotor Sitael Jones Lemos e os advogados de defesa.
Relembre o caso
Roberta Costa Dias desapareceu em abril de 2012, quando tinha 18 anos. O motivo do crime seria a gravidez, que se tornou indesejada pelo então namorado e por sua mãe.
A ossada de Roberta Dias só foi encontrada nove anos depois do assassinato, na Praia do Pontal do Peba, na cidade de Piaçabuçu. Foi a mãe dela Mônica Reis que, após saber que um crânio foi localizado naquela região, providenciou uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. Pouco depois, a polícia foi chamada e acionou a Perícia Oficial, que comprovou, após realização de exame, que se tratava, de fato, de Roberta Dias.
Durante o julgamento, a mãe de Roberta, Mônica Reis, prestou um depoimento emocionado que durou cerca de 30 minutos. Pro várias vezes, ela interrompeu seu relato. Visivelmente emocionada e chorando intensamente ao relembrar o momento em que foi informada sobre o desaparecimento da filha.

Ela detalhou as dificuldades que enfrentou para encontrar a filha, contando como, mesmo após a polícia afirmar que não havia mais chances de encontrar Roberta Dias, ela seguiu seu instinto de mãe e conseguiu, com recursos próprios, localizar o corpo da jovem usando máquinas e retroescavadeiras. “São 13 anos de angústia. Foram duas vidas tiradas”, lamentou.
Em depoimento, o então namorado da vítima, Saulo, confessou ter assassinado a jovem, pelo fato de ela não ter aceito a proposta de interromper a gravidez.
Mary Jane, mãe de Saulo, é acusada de ter participado do planejamento e de ter financiado a ação criminosa. Ela chegou a ser presa por 61 dias em 2013. Karlo Bruno nunca foi preso durante a investigação. Ambos aguardaram o julgamento em liberdade.
Em 2018, a Polícia Federal confirmou, por meio de laudo pericial, a autenticidade de um áudio em que Karlo Bruno, amigo de Saulo, admitiu envolvimento no crime, alegando que agiu a pedido do amigo.
Mary Jane e Karlo Bruno negaram saber do plano de homicídio. Saulo afirmou que nem Mary Jane, nem Karlo estavam cientes de que ele realmente executaria o crime, sendo eles apenas coniventes, sem saber da execução do homicídio.
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