Interior
Barra de S. Miguel tem mais casas fechadas
Levantamento feito pelo Censo 2022 apontou lugares cuja população tem comportamento sazonal e casas ficam desocupadas
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O município litorâneo de Barra de São Miguel tem mais residências desocupadas do que ocupadas, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levantados durante a realização do Censo 2022. Marechal Deodoro e Maragogi também apresentam disparidade entre os números de domicílios com e sem moradores. Barra de São Miguel lidera, em Alagoas, esse ranking, com 59,3% das residências desocupadas, segundo as estatísticas divulgadas no início desde mês.
São 3.524 de residências ocupadas apenas de forma ocasional, ou seja, são domicílios particulares permanentes que servem ocasionalmente de moradia na data de referência, ou seja, era o domicílio usado para descanso de final de semana, férias, feriados prologados ou datas festivas. O município é um de um total de 53 cidades brasileiras com mais moradias vazias que ocupadas. Ao todo, o Brasil tem 5.570 municípios.
A situação na Barra de São Miguel é tão expressiva que, em uma das ruas visitadas pela reportagem há até uma grande fogueira junina posta à porta de casa como se estivesse no aguardo de alguém para ser acesa. No período das festas juninas, inverno portanto, nem Santo Antônio, São João ou São Pedro apareceram no município litorâneo.
Na Rua Doutor Caio Porto, o caseiro José Alex da Silva, trabalha em um condomínio residencial, formado por casas, há seis anos. Durante todo esse período ele disse que já se acostumou a ver a rua praticamente deserta na baixa temporada.
“Já passei três, quatro meses sem ver meus patrões, os proprietários das casas. Ainda mais nessa rua que praticamente, só tem morador de Maceió, um ou outro é de São Paulo”, contou. E o investimento para se ter uma casa fechada durante o inverno e ocupada apenas no verão não é barato.
No condomínio em que José Alex trabalha, ele calcula que o valor mensal seja em torno de R$ 700,00. Isso apenas para despesa do condomínio. Fora os gastos com água encanada, energia elétrica, gás e todas as demais despesas de uma residência. Próximo ao José Alex está o também caseiro Rosiel Jacinto. Eles trabalham na mesma rua. Jacinto trabalha para uma família que, há anos, já aluga a residência para turistas no final do ano. “Já é certo. Essa rua é toda assim. Os proprietários viajam em determinadas épocas e ou alugam as casas ou elas ficam desocupadas”.
Segundo ele, algumas ruas da Barra podem até ser chamadas de rua dos caseiros, tamanha ausência dos proprietários das residências, algumas verdadeiras mansões, com arquitetura e decoração nababescas. Em Marechal Deodoro, 5.144 domicílios são de uso ocasional.
Em Maragogi, são 3.524 dentro desse perfil. O litoral brasileiro tem 279 cidades e 12% dos imóveis recenseados pelo IBGE nessa faixa são de uso ocasional. Em Alagoas, as famílias com um maior poder aquisitivo podem manter o hábito de ter uma casa de veraneio. No restante do país, esse comportamento também é comum entre aqueles com mais condições financeiras. Segundo o mesmo Censo 2022, Alagoas tem 3.127.511 pessoas.
A densidade demográfica é de 112,38 habitante por quilômetro quadrado. Conforme os números do Censo 2022, Barra de São Miguel tem uma população de 7.944 mil habitantes e densidade demográfica de 106,99 habitantes por quilômetro quadrado. Maragogi tem 32.174 mil e densidade demográfica de 92,28 e Marechal Deodoro população de 60.370 mil e densidade demográfica de 177,05.
No litoral, população tem hábitos sazonais
O economista Cícero Péricles foi além da movimentação típica das cidades litorâneas e explicou que número de casas abandonadas em determinados municípios reflete muitas e diversas situações: imóveis que foram esvaziados pela migração, em áreas mais pobres, das famílias que os ocupavam, pela situação estrutural irrecuperável do imóvel para abrigar moradores, por disputas familiares e judiciais, por desastres ambientais que provocam o abandono ou transferência da população e muitas outras causas.
Uma característica chama a atenção entre as cidades pesquisadas pelo Censo 2022: a maior parte delas está concentrada no litoral. Região a qual, segundo o economista é habitada por uma população de comportamento sazonal que procura a residência praieira em determinados períodos como alta temporada, datas especificamente festivas como Carnaval e Semana Santa, férias e feriados prolongados.
“Especificamente, a Barra de São Miguel, é uma localidade marcada por ser um conhecido balneário e influenciada pela sazonalidade de sua principal atividade, o turismo, que tem como uma das suas alavancas o aluguel por temporada de muitas habitações e a utilização desses imóveis pelos vários aplicativos nacionais”, exemplificou. Ainda segundo Cícero Péricles, o trabalho do Censo foi iniciado no ano passado e atravessou os meses de baixa estação turística, entre março e julho de 2022, quando, tradicionalmente, há uma diminuição do movimento de ocupação desses imóveis. O trabalho do Censo pode ter tido essa coincidência”, acredita.
A assessoria do IBGE, em Alagoas, explicou que o Instituto não trabalha com o conceito de imóvel vazio. Segundo o manual do Censo, as classificações são não ocupado – vago ou de uso ocasional. Domicílios particulares permanentemente ocupados – domicílio particular permanente que, na data de referência, estava ocupado por moradores. Domicílios particulares permanentes não ocupados – vago – domicílio particular permanente que não tinha morador na data de referência, mesmo que, posteriormente, durante o período da coleta, tivesse sido ocupado.
Domicílios particulares permanentes não ocupados – uso ocasional – domicilio particular permanente que servia ocasionalmente de moradia na data de referência, ou seja, era o domicilio usado para descanso de fins de semana, férias ou outros fins, mesmo que, na data de referência, seus ocupantes ocasionais estivessem presentes.
Parte busca imóveis na praia como segunda renda
O corretor de imóveis Clebson Silva, há 10 anos no mercado imobiliário, afirmou que a renda mensal das pessoas que possuem casa de veraneio no litoral sul do estado varia de 10 a 15 mil. “Os clientes da Barra de São Miguel tem perfil investidor e estão em busca de excelentes oportunidades. Todos os clientes que procuram o município, como opção para uma segunda residência, fazem- -no com o intuito de passar o final de semana ou feriados prolongados.
Uma outra parte dessa clientela, os que possuem perfil mais investidor buscam imóveis mais próximos à praia para, no futuro próximo, fazer dessa moradia uma segunda fonte de renda”, detalhou. Ainda segundo Clebson Silva, atualmente as grandes construtoras estão investindo em condomínios de casas, com lotes. Isso porque o próprio morador quer fazer sua construção.
O corretor deixou ainda uma dica: “investir no mercado imobiliário é melhor do que deixar dinheiro na poupança”. Quanto à economia do munícipio, o secretário de finanças da Barra de São Miguel, Marcos Davi de Souza Santos afirmou que o principal tributo do município é o IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, por isso o fato das residências estarem desocupadas não impacta a arrecadação. “Em relação ao FPM – (Fundo de Participação dos Municípios), também não tem diferença porque o município já recebe 0,6, o menor percentual do Brasil”. As prefeituras de Marechal Deodoro e Maragogi também foram procuradas pela reportagem, mas não retornaram com as respostas até o fechamento desta edição.
A Barra, a menos de 30 minutos do centro de Maceió é considerado o principal balneário de praia dos alagoanos. Com o mar calmo, cercado por uma grande barreira de arrecifes que fazem da praia da Barra de São Miguel um dos melhores pontos para banho de mar de Alagoas. Além do mar de tons esverdeados o município também conta a linda Lagoa do Roteiro que possui um ecossistema riquíssimo e um dos cenários mais bonitos do litoral sul alagoano. No inverno, as chuvas são constantes e modificam a cor do mar. Os meses que mais chovem entre abril e julho, contudo, nessa época têm preços mais convidativos para o aluguel de casas.
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