A estátua do escravo Francisco, no município de Pilar, interior de Alagoas, será levada hoje (23) para o ateliê do artista plástico Alex Costa para restauração. O monumento histórico que retrata o escravo Francisco, a última pessoa a morrer por pena de morte no Brasil, condenado à forca, em abril de 1876, foi destruído na última terça-feira (21).

Imagens de câmeras de segurança mostram uma mulher tentando puxar a estátua e batendo no rosto da escultura. Em seguida, ela derruba o monumento e sai caminhando. Ela foi encaminhada para Central de Flagrantes, em Maceió, e teve o alvará de soltura concedido, após audiência de custódia.

Para o artista plástico Alex Costa, autor do monumento, o caso foi muito triste. “Eu fiquei sabendo através de um amigo que me enviou as fotos no WhatsApp. Fiquei totalmente sem ânimo diante dessa situação, porque já vínhamos pedindo atenção das autoridades para esse trabalho e o pessoal simplesmente não dava atenção. Então houve um certo desprezo ao meu trabalho”, contou.

Segundo Costa, a diretora de Cultura entrou em contato com ele para a restauração da estátua. “Vamos restaurar não apenas essa imagem, mas as outras que se encontram no local. Ela foi levada para a Secretaria de Infraestrutura e será encaminhada hoje [ontem, 22] para o meu ateliê para restauração”, disse.

ESCRAVO FRANCISCO

Francisco pediu para fazer uma oração na Igreja do Rosário, que ladeia a escadaria, antes de ser morto no dia 28 de abril de 1876. Ele foi condenado à forca por matar a pauladas e punhaladas um casal de moradores do Pilar. O assassino ainda recorreu ao imperador Dom Pedro II para que cumprisse uma pena mais branda, como a prisão perpétua, mas o pedido de clemência foi negado.
Anualmente, a Prefeitura do Pilar realiza a encenação do cortejo funesto do escravo Francisco.

A estátua do escravo faz parte de um conjunto de três peças da Escadaria do Amor – Virgínia Santos, situada na região central da cidade, entre a Casa da Cultura Arthur Ramos e a Igreja do Rosário (primeira Matriz do Pilar), que foi inaugurado no ano passado.

Além da estátua do escravo Francisco, tem as esculturas do poeta pilarense José Benjamin e do dramaturgo e poeta pernambucano Ariano Suassuna – que, a convite de Benjamin, conheceu a cidade do Pilar em 2012.

Por meio de nota, a Prefeitura do Pilar informou repudiar todo e qualquer ato de vandalismo.

OUTROS CASOS

Na última terça-feira (21), no município de Coqueiro Seco, foi registrado o desaparecimento da escultura de Benjamin Costa, pai do ex-prefeito Epitácio Pedro da Costa, mas, no mesmo dia, foi encontrada.

No dia 10 de fevereiro, durante o Jaraguá Folia, um homem subiu em um poste de iluminação da Associação Comercial de Maceió, arrancou peças de luminárias e jogou no público que estava aproveitando o evento. Após o ato de depredação, o homem caiu do poste, levando junto duas lâmpadas.

Depois dos casos de depredação e vandalismo registrados contra a sede da entidade, a Diretoria da Associação Comercial decidiu isolar o prédio histórico com tapumes, durante a realização de eventos festivos.

Em nota, a Associação Comercial disse que “inconformada, assim como toda a população alagoana, com o descaso de alguns participantes de eventos no bairro de Jaraguá, a diretoria da entidade já estava decidida em arrodear sua sede com o fechamento por tapumes, para proteção de suas instalações”.