Interior

Grupo recolhe 73 toneladas de material reciclável na cidade de Craíbas

Projeto iniciado há três anos ajuda no sustento de oito famílias com comercialização da coleta e promove educação ambiental

Por Davi Salsa – Sucursal Arapiraca com Tribuna Independente 25/01/2020 11h00
Grupo recolhe 73 toneladas de material reciclável na cidade de Craíbas
Reprodução - Foto: Assessoria
Quando o projeto foi iniciado, há cerca de três anos, no município de Craíbas, a 147 quilômetros de Maceió, a maior parte dos coletadores ambientais não tinha uma renda para sustentar suas famílias. Com o surgimento da Associação dos Catadores de Craíbas (Ascac), o grupo formado por oito catadores de materiais recicláveis está garantindo renda com a comercialização dos produtos recolhidos com a coleta seletiva do lixo. Uniformizados com equipamentos de proteção individual, os EPIs, e com veículos adaptados para o trabalho, os participantes do projeto recolhem, diariamente, o material nas portas das residências e estabelecimentos comerciais da cidade agrestina. A iniciativa surgiu após o fechamento do lixão, no ano de 2017. O projeto é coordenado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e conta com apoio da Prefeitura de Craíbas, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e do Consórcio de Resíduos Sólidos do Agreste (Conagreste). Desde o início das atividades, o grupo formado por oito moradores já coletou e comercializou aproximadamente 73 toneladas de material reciclável. Segundo a coordenadora do projeto, a gestora ambiental Ana Karine Pimentel, o número corresponde a dois meses inteiros de toda a coleta urbana convencional de Craíbas. “É um número bastante expressivo e animador para a realidade local. Isso quer dizer que o ciclo produtivo continua para esses materiais, gerando renda e sem impactar negativamente o meio ambiente”, salienta. Atualmente, oito associados se organizam em grupos e garantem a coleta seletiva na região central da cidade, por meio da Associação dos Catadores de Craíbas (Ascac). Ana Karine explica que, para avançar na coleta seletiva, foi firmada uma parceria mediada pela Semarh, Conagreste, Projeto Relix e Central de Tratamento de Resíduos do Agreste, que doou aos catadores os carrinhos de coleta, equipamentos de proteção individual e uma prensa mecânica. “A Prefeitura também oferece estrutura física para os catadores, e uma cesta básica mensal para garantir a soberania alimentar dos mesmos”, acrescenta. Para Vanessa Afonso, presidente da associação dos catadores, que faz parte do grupo desde o início do projeto, a coleta seletiva chegou para ensinar a reciclar e trabalhar em grupo. “Isso tudo está garantindo um ‘trocado’, que juntamente com a cesta básica que a Prefeitura fornece, fazem toda diferença para a nossa família”, relata. O coletador ambiental Lucas da Silva diz que o trabalho na associação foi a única alternativa de trabalho e sustento para sua família. Ele chegou à cidade em meados do ano passado. “Essa ajuda faz muita diferença para nós. Estar uniformizado, com a identificação da associação, também permite acesso a órgãos públicos, condomínios e supermercados do município”, afirma. Para José Júnior, que era catador antes do projeto, entrar na associação ajudou a tirar ele do anonimato. “Hoje em dia, todos sabem que eu coleto materiais na cidade e já separam os produtos para quando eu passar na rua”, frisa. Pai de duas filhas e com a esposa desempregada, ele ainda afirma que o incentivo da cesta básica é o maior diferencial para se manter associado. O secretário do Meio Ambiente de Craíbas, Tony Wesley, diz que a coleta seletiva caminha a passos firmes e tem atraído olhares dos moradores, que, segundo ele, já ligam para o órgão pedindo para o grupo ir buscar os materiais em suas residências. “Esperamos que neste ano sejam instalados os Pontos de Entrega Voluntária, no centro da cidade e no Distrito de Folha Miúda. Além disso, outras parcerias têm sido construídas para incluir os catadores, aumentar suas rendas e melhorar o serviço de coleta municipal”, acrescenta. Em fevereiro, os catadores farão um cadastramento de moradores que poderão concorrer a brindes, no caso da entrega de materiais para a associação, como forma de incentivar a população a separar previamente os produtos. A coordenadora do projeto, Ana Karine Pimentel, lembra que o trabalho mudou a rotina da cidade e, segundo ela, a coleta seletiva começa a atingir seu objetivo de política socioambiental. “São inúmeros desafios que se apresentam na concretização da coleta seletiva como política pública, mas, sem dúvidas, os primeiros passos já fazem muita diferença às famílias dos catadores, para o meio ambiente e para a cidade de modo geral”, completou.