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Construção do aeroporto regional de Maragogi é esperada há quase 20 anos

Obra que ajudaria o turismo alagoano foi anunciada ainda no início dos anos 2000; agora, governador assina convênio

Por Tribuna Independente 19/08/2017 19h35
Construção do aeroporto regional de Maragogi é esperada há quase 20 anos
Reprodução - Foto: Assessoria

A construção do Aeroporto Regional de Maragogi, como de muitas outras obras que ajudariam o turismo alagoano, foi anunciada ainda no início dos anos 2000. No último dia 15 de agosto de 2017, o governador Renan Filho assinou o convênio para a construção da obra, que agora segue para a assinatura do ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella. Os próximos passos para tirar do papel o projeto e o mesmo virar obras, serão certamente complexos: depois da assinatura será dada entrada do projeto junto à Secretaria de Aviação Civil, que autorizará a abertura dos processos licitatórios destinados à execução das obras. Nesse meio tempo e pelos próximos meses, o governador, o ministro e a bancada federal; deputados e senadores; terão de fazer idas e vindas a Brasília para tentar liberar as verbas necessárias, num dos piores momentos econômicos da história do Brasil.

No local do onde será erguido o empreendimento, o sítio ou assentamento do Junco, próximo a Fazenda Queimadas, Distrito de Peroba, em Maragogi, 15 de agosto de 2017, as famílias do assentamento, 47 no total, mas crescendo, continuam apreensivas, como estavam no início do ano de 2000 quando foi anunciada a construção do Aeroporto, que na época se chamava ainda Costa Dourada. 

A histórica construção do aeroporto, anunciada há quase 20 anos, foi da época em que o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Pernambuco, na primeira gestão de Jarbas Vasconcelos, o Cadoca, comandava uma agressiva plataforma de projetos importantes e estruturadores, como a ampliação do Porto de Suape e a política de captação de investimentos, como a do aeroporto da Costa Dourada. Seria instalado em território pernambucano, em Ipojuca ou São José da Coroa Grande, mais próximo da divisa entre os dois estados, para beneficiar também o norte de Alagoas.

Enormes eram os obstáculos, já que empresários e políticos explicavam que os governos de Alagoas e Pernambuco tomaram uma decisão equivocada. O antigo projeto visava construir o aeroporto exatamente na divisa entre os dois estados. A ideia era democrática, para não ficar nem de um lado e nem do outro. Mas os problemas eram enormes: licença ambiental de dois institutos do Meio Ambiente, além disso, tinha que ouvir o Iphan dos dois estados, causando diversas dificuldades, porque na hora dos recursos, tinha que separar os dois. Além do problema das desapropriações. Morreu antes de nascer.

Ganhou força e arranque novamente em 2004, quando a prefeitura de Maragogi e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) viabilizaram o terreno para a construção do empreendimento. A área escolhida era o Sítio Junco, no Distrito de Peroba. Primeira apreensão das famílias que já moravam no local. Mesmo assim, a Associação dos Trabalhadores Rurais do assentamento cedeu, com a anuência do Incra, uma área de 93 hectares dentro do assentamento, na zona rural de Maragogi, para a construção do aeroporto. Até então, não seria necessário ocupar os lotes, nem a área onde estava construída a agrovila.

Na época foi anunciada a liberação de R$ 15 milhões para o início das obras. Oito anos depois nenhum tijolo tinha sido colocado na área.

Área de empreendimento era assentamento

No fim de 2013, agências de notícias divulgaram informações acerca da construção do aeroporto. Na época muitos eram os impasses sobre a construção, pois a área escolhida para a construção, o Sítio Junco, era um assentamento do Incra. A aflição das famílias assentadas era grande. Em 2004 como em 2013 nada aconteceu e nem um metro de terra foi removido.

Em setembro de 2015 a Secretaria de Aviação Civil informava que Maragogi teria enfim o seu aeroporto regional, pois o destino turístico seria contemplado pelo Programa de Aviação Regional e que o projeto já se encontrava na fase de Estudo Preliminar (EP), quando são detalhadas as necessidades do aeródromo e definidos os valores do investimento. Novamente nada aconteceu.

Mesmo assim funcionários de uma empresa estiveram naquele núcleo rural e marcaram, com o símbolo de um avião pintado nas fachadas, as casas que seriam removidas para dar passagem à obra.

Em dezembro do ano passado foi anunciado que as obras do Aeroporto de Maragogi deveriam ter início em 2017. O governador Renan Filho destacava que o Estado estava ultimando os trabalhos de topografia para dar início à construção. Nada aconteceu novamente.

Mas desde que o projeto de construção do aeroporto de Maragogi foi inserido no Programa de Investimentos em Logística, do governo federal, que as 47 famílias do Assentamento Junco vivem dias de incertezas e muito medo. É que os assentados não sabiam que, com a ampliação do projeto, sobretudo da pista de pouso, todos teriam de deixar a terra conquistada há mais de 20 anos.

O que o projeto de construção do aeroporto trouxe realmente, além das incertezas e do medo, foi uma grande especulação e exploração imobiliária. Os terrenos aumentaram mais de 1000% de valor, casas foram surgindo e mais recentemente alguns loteamentos instalados na área do entorno do assentamento Junco, tanto de um lado como do outro da divisa de Alagoas com Pernambuco.