Esportes

Fla ameaça não jogar no Maracanã se "entidades hostis" assumirem gestão

Clube teme que LU Arenas, que administra o Castelão e o Independência, assuma o controle

Por Globo Esporte 20/12/2016 09h50
Fla ameaça não jogar no Maracanã se 'entidades hostis' assumirem gestão
Reprodução - Foto: Assessoria

O Flamengo voltou a bater forte no Governo do Estado em relação ao futuro do Maracanã. Em nova nota oficial divulgada, o Rubro-Negro reiterou o desejo de que ocorra nova licitação. De quebra, ameaçou não jogar no estádio dependendo de quem passar a administrar o palco.

O temor rubro-negro é que a LU Arenas (Largardère/BWA) assuma a gestão do Maracanã. De acordo com o Flamengo, as empresas "não possuem capacidade de cumprir o item do edital que trata do capital mínimo exigido do concessionário". O clube carioca ainda cita más administrações da parceria à frente do Castelão e do Independência.

- O Flamengo reitera que não jogará no Maracanã caso o estádio venha a ser gerido por entidades hostis ao clube e incompatíveis com nossos princípios. Como informado anteriormente, o Flamengo acredita que uma nova licitação é o melhor caminho para a gestão do Maracanã, embora admita a hipótese de firmar uma parceria com os novos concessionários no caso de transferência, caso a negociação se dê com empresas idôneas e num processo transparente e republicano - diz um trecho da nota do Flamengo.

O clube rubro-negro, assim como o Fluminense, prefere que o grupo inglês CSM passe a gerir o estádio. O consórcio da Oderbrecht, que assumiu a gestão do Maracanã em 2013, pediu a rescisão do contrato.

Em meio ao impasse em relação ao Maracanã, o Flamengo começa a projetar sua temporada na Arena da Ilha, estádio que mandará jogos em 2017. A diretoria estuda três projetos de modelagem da arquibancada e quer adotar estilo mais próximo de caldeirão.

A nota oficial divulgada pelo Flamengo:

"O Clube de Regatas do Flamengo volta a se manifestar sobre o futuro do Maracanã. A poucos dias do término do ano, o Governo do Estado do Rio de Janeiro ainda não definiu o destino do estádio, deixando os clubes e toda a população carioca, responsável pelo financiamento de inúmeras reformas, sem saber quando e como poderá usufruir novamente do estádio. Neste cenário de incerteza, o Flamengo destaca pontos de extrema relevância e pontua os motivos pelo qual se opõe a uma parceria com a LU Arenas (Largardère/BWA) e com a FERJ.

No edital de concessão entre Governo e Odebrecht ainda válido, está claro que o concessionário precisa ter contrato assinado com dois clubes para ser válido. Neste momento, apenas o Fluminense Football Club detém contrato de longo prazo, já que o vínculo com o Flamengo encerra-se no dia 31 deste mês. É válido destacar também que a Lagardère e a BWA não possuem capacidade de cumprir o item do edital que trata do capital mínimo exigido do concessionário.

Até o momento não foi apresentado o estudo da Fundação Getúlio Vargas encomendado pelo Governo do Estado sobre o esperado reequilíbrio financeiro após a decisão de impedir as obras no entorno do complexo.

Neste cenário de indefinição não há como tornar o processo transparente, mostrando qual a contrapartida que deverá ser oferecida ao Estado e, consequentemente, ao contribuinte.

Hoje exemplo de transparência e de credibilidade reconhecido por todos, o Flamengo se recusa a firmar um compromisso de longo prazo com entidades que no passado e em tratativas recentes não apresentaram comportamento compatível com os princípios e valores adotados pelo clube.

Ao contrário do que a empresa francesa Lagardère diz, a Arena Castelão e a Arena Independência, locais administrados pela LU Arenas, apresentam uma série de problemas. Além de críticas pelo mau estado de conservação, a sócia BWA é acusada pelo América-MG de não repassar há 10 meses o percentual ao clube e ao Governo de Minas Gerais das receitas do estádio. Em 2014, o Governo do Estado do Ceará suspendeu a concessão devido "à existência de deficiências graves na organização da Concessionária Arena Castelão Operadora de Estádio S.A., afetando o regular desenvolvimento das atividades abrangidas pela Concessão, e causando inclusive risco à segurança de pessoas e bens e considerando que o Poder Concedente deve adotar medidas acautelarias para assegurar a continuidade da prestação dos serviços públicos, de forma adequada e eficiente", conforme decreto 31.625 publicado no Diário da União em 21 de novembro daquele ano.

Assim que iniciaram as especulações sobre o destino do Maracanã, a Lagardère procurou o Flamengo para negociar uma possível parceria. No entanto, ao perceber que o Flamengo fazia questão de ter controle sobre as arrecadações dos jogos de futebol e sobre seu programa de sócio torcedor, iniciou tratativas paralelas totalmente à nossa revelia, com o objetivo de assumir a concessão do estádio e de forçar a contratação do Flamengo, certamente em condições lesivas aos nossos interesses.

O Flamengo reitera que não jogará no Maracanã caso o estádio venha a ser gerido por entidades hostis ao clube e incompatíveis com nossos princípios. Como informado anteriormente, o Flamengo acredita que uma nova licitação é o melhor caminho para a gestão do Maracanã, embora admita a hipótese de firmar uma parceria com os novos concessionários no caso de transferência, caso a negociação se dê com empresas idôneas e num processo transparente e republicano.

Caso estes aspectos fundamentais não sejam atendidos, o Flamengo não jogará no Maracanã. A partir de 2017, teremos à disposição o estádio em parceria com a Portuguesa da Ilha e todas as arenas Brasil afora que tão bem têm nos recebido. Lá poderemos mandar as nossas partidas em todas as competições, até que consigamos uma solução definitiva no Rio de Janeiro à altura da grandeza do clube e de sua torcida.

Nossa torcida, inegavelmente o nosso maior patrimônio, certamente estará do nosso lado, consciente de que eventuais sacrifícios poderão ser necessários para que ela e o Flamengo voltem a ser respeitados".