Educação
Servidoras destacam o servir à Educação Pública como transformação de desafios pessoais em conquistas coletivas
Josimere Mendonça, da 2ª GEE, de São Miguel dos Campos, e Rosilene Florêncio, do setor de Qualidade de Vida da Seduc, representarão a secretaria na cerimônia de entrega da medalha no próximo dia 25
Duas mulheres com histórias de vida bem diferentes, mas com muitos pontos em comum: filhas amadas, mães amorosas e profissionais dedicadas que transformam suas vidas e as daqueles com os quais cruzam seus caminhos: essas são Josimere Mendonça e Rosilene Florêncio, as duas servidoras que representarão a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) na edição 2025 da Medalha Sílvio Viana, cuja cerimônia de entrega de medalhas e certificação ocorre no próximo dia 25, a partir das 19h, no Espaço Armazém, em Jaraguá.
Emocionadas com o reconhecimento, ambas colocam esta conquista como a coroação de décadas de trabalho dedicados ao serviço público. Nesta reportagem, conheceremos um pouco mais da história de ambas, que são referência de profissionais e seres humanos para seus colegas.
Da capital ao interior: um novo caminho, grandes descobertas
Nascida em Maceió, Maria Josimere Queiroz de Andrade Mendonça é a filha mais nova dos quatro filhos de dona Maria José, uma mulher sem oportunidades nos estudos, mas consciente do papel transformador da Educação. Josi, como é conhecida, levou a sério as lições aprendidas dentro de casa.
“Iniciei na Educação na rede particular, aos 19 anos de idade, mas descobri meu amor pelo ensino quando eu entrei no Estado, por meio do concurso de 2001. Mas, tudo começou antes, em casa, porque minha mãe tinha muita vontade de estudar, mas não pôde. O sonho dela era ter uma filha professora e meu pai, que amo muito e faleceu há um ano, queria ter uma filha médica. E eu me vejo assim, realizando este sonho dela”, relembra Josi emocionada.
Na rede pública estadual, sua história começou como professora do ensino fundamental I e II (1º ao 9º ano), na Escola Estadual Dr. José Maria de Melo, antigo Caic (Centro de Atenção Integral à Criança), no complexo habitacional Benedito Bentes, em Maceió, onde posteriormente assumiu como gestora adjunta, até sua mãe ser acometida de um câncer, o que a afastou da função e a fez voltar à sala de aula. Em seguida, assumiu a coordenação pedagógica, onde permaneceu por três anos, atendendo à população da Grota da Alegria, indo além do papel de educadora e passando a adotar, emocionalmente e socialmente, seus pequenos. Entre eles estava Natânia, que, hoje, aos 28 anos de idade, a chama de mãe, até mesmo depois dela vir morar em São Miguel dos Campos, em 2012, para ser suporte pedagógico na Escola Estadual Ana Lins, onde, posteriormente, assumiu como gestora de 2018 até 2021.
“Sempre levei este amor da minha mãe pela Educação muito além. Ela queria tanto. Eu lembro que na minha formatura ela se emocionou, chorou muito. Entrou nesse mundo comigo e foi assim até o fim da vida dela. Já como gestora da Escola Estadual Ana Lins, em São Miguel dos Campos, quando uma aluna foi finalista e viajei de avião pela primeira vez, para acompanhá-la, chorei horrores quando o avião decolou. Passou um filme da professora, de família muito pobre, ali dentro, indo para outro estado, quando nunca tinha saído daqui, lembrando de como minha mãe ia ficar feliz”, afirma Josi.
Atualmente trabalhando como formadora do programa Escola 10 Criança Alfabetizada/ Renalfa pela 2ª Gerência Especial de Educação (GEE), Josi segue compartilhando sua experiência como educadora para profissionais, gestores municipais, técnicos e professores, da rede estadual e das redes municipais.
E mesmo com uma história de dedicação quase integral ao serviço público, não creu quando recebeu a notícia de que tinha sido indicada à Medalha Silvio Vianna. Achava um sonho tão longe que nem acreditou quando a secretária Paula Dantas, da Seplag, ligou para lhe dar a notícia.
“Para mim é tão significativo este reconhecimento. Emocionante. Eu não esperava, apesar de saber que estava ali. Um dia eu estava trabalhando e o celular tocou em uma chamada do WhatsApp e vi a Paula Dantas. Não atendi, pois achava que era alguém se passando por ela. Mas ela insistiu e, quando atendi, percebi, que, de fato, era a secretária Paula Dantas e ela me deu a notícia. É tão gratificante este reconhecimento, esta valorização. Agradeço a todos que confiaram e confiam no meu trabalho”, finaliza ela, agradecendo o reconhecimento.
As mãos que alimentam são as que curam
Rosilene Florêncio, a Rosi Flor, como é reconhecida pelos colegas da Seduc, também recebeu o reconhecimento com surpresa. Ela estava em um dos seus atendimentos em sua sala de práticas integrativas complementares em saúde, na Superintendência de Valorização de Pessoas (Suvpe), no Cepa. Não visualizando a chamada da secretária Paula Dantas, recebeu em seguida, a ligação da secretária de Estado da Educação, Roseane Vasconcelos.
“Depois de muitas chamadas, resolvi atender a ligação. Do outro lado a secretária falou: ‘Meus parabéns, você foi contemplada com a Medalha Sílvio Viana’. Eu nem ouvi mais nada. Ajoelhei em agradecimento a Deus. Foi tanta emoção, fiquei sem palavras”, confidencia Rose.

Também ingressa no serviço público em 2001, sua história começou na função de merendeira da Escola Estadual Noel Nutels, no bairro do Jacintinho, em Maceió, onde permaneceu por 10 anos, sempre com um sorriso largo e presença acolhedora, sobretudo para os alunos, que viam nela uma figura de confiança e escuta. Professores também buscavam o ambiente da cozinha para momentos de pausa e diálogo, beneficiando-se da escuta empática e da sensibilidade da servidora, que promovia diariamente um ambiente harmonioso e afetivo.
Com habilidades que iam além da cozinha, ela utilizava sua criatividade em outras atividades pedagógicas desenvolvidas pela escola, em feiras de cultura, apresentações teatrais e exposições de painéis temáticos, estimulando a responsabilidade social e preservação ambiental, chegando a atuar como membro ativo do Conselho Escolar da unidade e contribuindo de forma decisiva para a correta aplicação dos recursos financeiros destinados à instituição.
Em 2011, quando passou a atuar no Centro de Formação dos Profissionais da Educação Professor Ib Gatto Falcão (Cenfor), no Cepa, despertou para a formação acadêmica, graduando-se em Gestão Pública, visando seu desenvolvimento profissional. Mas ela não queria só para si e mobilizou as demais colegas merendeiras na busca por qualificação profissional e todas concluíram o curso e alcançaram os resultados esperados. Permaneceu ali até 2013, onde, por questões de saúde, precisou ser readaptada de função, passando a atuar no Centro de Ciências e Tecnologia da Educação (Cecite), no mesmo Complexo Educacional, na organização dos espaços pedagógicos e recepcionando estudantes e visitantes.
Em 2015 voltou a atuar novamente como merendeira, agora na Escola Estadual Maria das Graças de Sá Teixeira, no bairro do Feitosa, sempre com um olhar e atenção que ia além da função original, transformando a merenda escolar em gestos de carinho, com inovação na apresentação dos pratos, buscando não apenas alimentar, mas acolher, alegrar e tornar cada refeição um momento especial para os alunos.
Em 2017 conheceu o setor de Qualidade de Vida da Seduc, como convidada a participar de uma ação, como voluntária, em alusão ao mês da mulher, trazendo as práticas integrativas como reiki e quick massagens, roda de conversa sobre a temática da saúde da mulher. E foi em 2023, diante de um cenário desafiador, recebeu o convite oficial para voltar aquele setor, onde implantou o Projeto de Práticas Integrativas e Complementares (PICS), por meio de aromaterapia, auriculoterapia, cromoterapia, musicoterapia, reflexologia e reiki. Com metodologia estruturada, o projeto envolveu diagnóstico inicial, anamnese, sessões semanais, monitoramento por indicadores e espaços de acolhimento, realizando milhares de atendimentos desde então.
Filha de pai operador de telégrafo e de mãe professora da rede estadual, por quem foi apresentada e de onde veio seu amor pelo ambiente escolar. E de onde ela ganhou força para criar seus 6 filhos e 8 netos, que tanto a orgulham.
“Eu tenho muito orgulho da minha origem e da minha história. De onde vim e em tudo que me transformei. Foi olhando para minha avó Evangelina, e minha mãe Perolina Florêncio, que busquei ser quem sou e fazer o que faço. Sou muito grata por não ter desistido e ter chegado até aqui”, garante Rose.
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