O jornal Tribuna Independente, o portal Tribuna Hoje, TV e as redes sociais do conglomerado de comunicação da Cooperativa dos Jornalistas e Gráficos do Estado de Alagoas iniciam nesta semana uma série de reportagens sobre o Jubileu de Diamante que vai comemorar os 75 anos de existência do curso da Faculdade de Medicina de Alagoas (Famed). A efeméride será celebrada este ano no próximo dia 7 de maio.

“Ressalte-se que nossa festa no próximo dia 7 de maio é apenas o dia da celebração este ano, em virtude de feriados e algumas questões logísticas, mas a data de fundação da nossa Famed foi no dia 3 de maio de 1950”, destaca a diretora da Faculdade, Angela Canuto.

“Queremos fazer esse chamamento à sociedade alagoana que, independentemente das crises e dificuldades que atravessamos antes e ainda hoje, a Famed vem desempenhando com maestria o seu papel de formar médicos para Alagoas, o Brasil e o mundo”, completa Angela.

De acordo com a diretora da Famed, a instituição já formou ao longo desses 75 anos cerca de 7 mil profissionais médicos. “A Faculdade de Medicina forma por ano cerca de 100 estudantes e é um curso que dificilmente há desistência pela tradição de grande procura. E nessa celebração temos uma novidade: o MEC nos solicitou uma proposta e podemos ter um aumento de vagas. Para isso, estamos em estudo para a viabilidade desse projeto e cujas vagas seriam distribuídas dentro do projeto de expansão dos cursos de medicina e que vem sendo elaborado por uma equipe dedicada e acompanhada por profissionais de vários setores, incluindo a Faculdade de Medicina e o Hospital Universitário” anunciou Angela, em entrevista à Tribuna, que inicia nesta semana uma série de reportagens sobre a história da faculdade.

LIVRO E HOMENAGENS NA EFEMÉRIDE

Para celebrar os 75 anos de existência, a Faculdade de Medicina vai homenagear 15 personalidades que marcaram a história da instituição. O evento acontece dia 7 de maio, às 9 horas, no auditório da Reitoria, no Campus A. C. Simões, em Maceió. No mesmo encontro festivo será lançado o livro “Famed 75 anos”.

A organização do jubileu ficou por conta da diretora da Faculdade de Medicina, Angela Canuto, graduada em Medicina pela Ufal (1977), e do médico João Batista Neto, também graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Alagoas (1980) e outros colaboradores.

A obra conta com 224 páginas e um dos grandes destaques é a frase: “A jangada a gente faz torta para o tempo endireitar”. A expressão é de um pescador alagoano anônimo, mas foi utilizada para anunciar que o livro (Famed 75 anos) é uma jangada simbólica que foi lançada ao mar da memória e da história. “Ele foi construído com o esforço coletivo de professores, funcionários e alunos que dedicaram suas vidas à Faculdade de Medicina de Alagoas e é uma homenagem a todos que ajudaram a erguê-la e sustentá-la ao longo desses 75 anos”.

O livro é recheado de memórias desde a fundação da faculdade, em maio de 1950. Aborda a ideia de Abelardo Duarte, da convocação de 25 colegas para reunião sem informar o objetivo final. Entre os fundadores nomes como o de Ib Gatto Falcão, o idealizador Abelardo Duarte e outros nomes como José Lages Filho, Aristóteles Simões, Sebastião da Hora, Durval Cortez, Ezequias da Rocha, Rodrigo Ramalho, Mariano Teixeira, Alfredo Ramiro Basto, Lessa de Azevedo, José Lira, José Mário Mafra, Pedro Reys, Abelardo Albuquerque e Théo Brandão.

FUNDADORES, O PRÉDIO ICÔNICO E IB GATTO, UM CAPÍTULO À PARTE

No início de tudo, era só mato e mar. Esses dois componentes da natureza era o visual possível naquela Maceió de meados dos anos 1950 no tradicional bairro do Prado. No local funcionava o Vigésimo Batalhão de Caçadores do Exército, o 20° BC, cujo fundo via-se o imponente mar aberto da Praia do Sobral.

O 20º BC foi por muitos anos o local onde funcionou o primeiro prédio da Faculdade de Medicina de Alagoas, na Praça Afrânio Jorge, chamada, não por acaso pela população maceioense, de “Praça da Faculdade”, onde se concentravam festas da cidade e onde acorriam as pessoas para comemorar com suas famílias, principalmente a Festa do Natal.

Até o fim da primeira metade do século XX os jovens alagoanos que pretendiam um diploma em medicina iam estudar em Salvador, Recife, Rio de Janeiro ou São Paulo. Alguns privilegiados escolhiam universidades europeias.

Poucas famílias em Alagoas tinham condições de manter filhos estudando nestes centros. Mas muitas delas tinham aspirações nesta área da formação profissional superior, principalmente os filhos da emergente classe média.

Foi esta cobrança social que levou o médico pediatra Abelardo Duarte, genro de Euclides Malta, a pensar como criar a graduação de médicos em Alagoas.

Mas a cessão do prédio do 20º BC para a Faculdade de Medicina foi possível graças ao empenho do padre Medeiros Neto e Ib Gatto Falcão para a possibilidade da instalação definitiva. Ela nasceu como uma instituição civil particular, mas o espírito era público, porque eles, os fundadores, cederam tudo e que mais tarde iria se transformar em faculdade pública.

Essas imagens do antigo prédio e de muitas outras podem ser conferidas na Sociedade de Medicina de Alagoas (SMA) nos vários registros fotográficos que trazem personagens icônicos da fundação da Famed, entre eles os 26 pioneiros, com nomes como Abelardo Duarte, o homem da ideia; José Lages Filho e o icônico Ib Gatto Falcão, de quem o médico e presidente.

“Nessa fotografia da fundação, doutor Ib chegou e perguntou, em tom de brincadeira”, disse à Tribuna o presidente da Sociedade de Medicina de Alagoas, o médico cirurgião plástico e ex-professor da Famed Fernando Gomes.

— Fernando, quem é que manda aqui?

— E eu respondi

— Olha doutor Ib, quem manda é quem está no meio.

— Ele respondeu

— Além disso, o único que está com a mão na massa sou eu aqui

Fernando Gomes ciceroneou a Tribuna na visita à SMA.

Na próxima edição, não perca revelações e mais curiosidades dos 75 anos da Famed.