Uma transforma madeira, que seria descartada, em arte e tem peças espalhadas pelos quatro cantos do país; outras descobriram há pouco tempo que o artesanato, antes praticado como terapia, pode ser fonte de renda. As histórias da artesã Aline Gonçalves dos Santos, de Belo Monte, e do grupo “As Marias”, de Chã Preta, se cruzaram no Conexão Delas Artesãs, evento promovido pelo Sebrae Alagoas e realizado em Arapiraca, na última terça-feira (22).

O encontro faz parte do projeto Sebrae Delas para fortalecer o empreendedorismo feminino, e reuniu cerca de 130 artesãs de vários municípios do interior em uma manhã voltada para troca de experiências, conexões, capacitação e exposição de peças artesanais.

“Eu comecei em 2021, aprendendo com seu Jasson [conhecido artesão da região] e em poucas semanas ele disse que eu já estava pronta para criar minhas próprias peças”, conta Aline Gonçalves, mais conhecida hoje como Aline Caju, que remete ao fruto que está presente em todas as suas obras. A artesã conta que já participou de várias feiras nacionais e conseguiu projeção para vender suas peças em todas as regiões do país. “O Sebrae está comigo desde o começo da minha história, quando eu ainda estava aprendendo com seu Jasson. Criei uma identidade e estou registrando a minha marca com a ajuda do Sebrae. Já vendi peças para quase todos os estados do país e nunca imaginei que conseguiria chegar tão longe”, relata.

Já Larissa Lima, designer e integrante do grupo “As Marias”, sabe que as artesãs de Chã Preta têm um grande potencial. Responsável por articular o grupo e inscrevê-las em um projeto para captar recursos por meio da lei Aldir Blanc, vê no Sebrae a oportunidade de impulsionar o empreendedorismo dessas mulheres.

“O grupo surgiu como forma de aliviar o estresse do dia a dia, sem pretensão de gerar renda. Mas após o projeto, elas passaram a enxergar o artesanato como um negócio, uma oportunidade de transformar as suas realidades. Com o Sebrae, vamos conseguir avançar muito mais”, explica, ressaltando que essa participação do Conexão Delas é a primeira ação do grupo fora do município. “Isso faz com que elas se reconheçam como empreendedoras”, completou.

Conexões impulsionam o artesanato

O encontro teve como destaque a palestra ministrada pela analista do Sebrae, Marina Gatto, especialista em projetos voltados ao artesanato, que falou sobre tendências de design, posicionamento de marca e dicas para melhorar os resultados empreendendo com artesanato.

“Eventos como esse são fundamentais para criar conexões entre artesãs da região. Muitas vezes elas não conhecem o trabalho que é desenvolvido por mulheres que vivem muito perto, e isso impede que elas cresçam juntas. Por isso, o Sebrae busca justamente aproximar, entender as realidades locais e construir soluções personalizadas para cada realidade”, declarou.

Marina Gatto disse ainda que a região precisa de mais eventos específicos para esse segmento. “O Agreste concentra um número expressivo de artesãs e, por isso, ações como essa são tão importantes, porque ajudam o Sebrae a identificar talentos, necessidades e oportunidades e também ajudam os participantes a crescerem com mais apoio e visibilidade”, completou.

Ambiente proporciona parcerias e negócios

A programação do Conexão Delas Artesãs teve início no espaço de exposição e vendas de peças artesanais trazidas pelas participantes. “É muito bom vê-las tão animadas, expondo, vendendo e trocando experiências sobre suas peças. Essa conexão é nosso maior objetivo”, afirmou a analista Susy Santos.

O encontro também promove outros momentos de conexão, com as apresentações breves de algumas participantes, que dividem suas trajetórias, aprendizados e desafios, e ainda uma dinâmica de integração, para estimular a troca de contatos e fortalecer o sentimento de rede entre as mulheres.