Economia

Manteiga fica mais cara e pesa no bolso dos alagoanos

Segundo o IPCA, valor do produto subiu 23,5% nos últimos 12 meses; para economizar, alagoanos fazem substituições

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 20/10/2022 06h51 - Atualizado em 20/10/2022 15h04
Manteiga fica mais cara e pesa no bolso dos alagoanos
Valor da manteiga subiu 23,5% nos últimos 12 meses, mais de três vezes o índice geral para o período - Foto: Edilson Omena

O preço da manteiga consumida pelos alagoanos disparou, assim como o leite, queijo e outros derivados. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o valor da manteiga subiu 23,5% nos últimos 12 meses. Mais de três vezes o índice geral para o período, que ficou em 7,17%.

Com o preço mais alto, muitos alagoanos estão deixando de consumir o produto e procurando substitutos, como é o caso da aposentada Fátima Fernandes. “Eu não compro mais manteiga por causa do valor. Aumentou muito. Hoje em dia, levo margarina, que também aumentou, mas é mais em conta. Antes, comprava seis margarinas de 250 gramas. Hoje em dia, compro três”, afirmou.

Para não deixar de consumir o produto, a servidora pública Karina Porto compra em supermercado com preço de atacado. “Eu consumo manteiga porque é mais saudável. Geralmente, compro em supermercado que vende em atacado, que sai uns 30% a menos, se comparado a supermercado normal. Lembro que comprava por menos de cinco reais a manteiga de 200 gramas e, hoje em dia, compro por sete reais no preço de atacado. Em supermercado normal, a gente encontra por R$ 10”, disse.

A aposentada Luzinete Maria da Silva também sentiu o aumento no preço da manteiga e prefere comprar em laticínios, por ser mais em conta. Enquanto nos supermercados, meio quilo de manteiga é encontrado na faixa de R$ 30, nos laticínios um quilo do produto é encontrado por esse mesmo preço.

“Eu prefiro a manteiga, por causa do sabor e saúde, mas aumentou bastante. Para continuar levando a mesma quantidade, compro em laticínio. Geralmente, é um quilo por mês e estou comprando por R$ 31. Antes, encontrava por R$ 24, R$ 25. Aumentou muito, mas ainda é bom, se comparado a supermercado, onde a gente leva metade da quantidade pelo mesmo preço”, contou.

Devido à substituição, preço da margarina também aumenta

Segundo o economista Diego Farias, o preço da manteiga está atrelado, principalmente, ao aumento do leite. “Para ter uma noção, para produzir um quilo de manteiga são necessários cerca de dez litros de leite. Como o preço do leite disparou, os produtos à base de leite também sofreram aumento”, explicou.

Farias explicou ainda que o preço da margarina também subiu, apesar de não conter leite em sua composição. “Como a margarina é um substituto direto da manteiga, também apresentou aumento no preço, por causa do efeito substituição”, afirmou.

A nutricionista Isabela Lins disse que a manteiga tem traços de proteína, ômega 6 e outras substâncias, mas não é o ideal. “A manteiga é uma boa alternativa, mas é o meio termo. Ela é saborosa, mas tem muita gordura saturada, que tem relação com as doenças cardiovasculares e circulação. Então, não podemos exagerar no consumo de manteiga”, explicou.

De acordo com a nutricionista, as oleaginosas são uma boa alternativa porque, além de ser uma boa fonte de gordura, fornecem nutrientes como selênio e outros componentes que previnem a ocorrência de doenças cardiovasculares. A margarina é uma opção mais em conta, mas é mais prejudicial do que a manteiga.

“O método de fabricação da margarina é diferente. Fazem um processo chamado de hidrogenação a nível industrial, que acaba provocando uma mudança na configuração da gordura e faz com que ela se torne uma gordura chamada trans, que tem mais relação ainda com entupimento de artéria, ocorrência de acidente vascular encefálico e doenças cardiovasculares também. Uma boa alternativa é o preparo da gordura a base de oleaginosas, ou seja, nozes, amêndoas, castanhas. Torrar essas oleaginosas e fazer uma pasta desses ingredientes. Outra opção é o azeite de oliva, que também seria uma boa fonte de gordura”, afirmou Isabela Lins.