Economia

Alagoanos recorrem à substituição e redução de alimentos

Com alta acumulada dos preços de 10,25% em um ano, medida é adotada para não deixar faltar comida na mesa

Por Sirley Veloso - colaboradora com Tribuna Independente 09/10/2021 09h15
Alagoanos recorrem à substituição e redução de alimentos
Reprodução - Foto: Assessoria

Para a maioria da população está cada vez mais difícil colocar comida na mesa. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil teve uma alta de 1,16% somente o mês passado. A maior inflação, para um período de trinta dias, já ocorrida em 26 anos, conforme o IPCA. A alta acumulada em um ano já chega a 10,25%, percentual muito acima do estabelecido pelo Banco Central, que era de 3,75%. Pela primeira vez, desde 2016, a inflação passa dos 10%.

A consumidora Maria Adriana Gomes, que fazia compras em um supermercado de Maceió, disse que além de dobrar sua jornada de trabalho, teve que fazer várias substituições de produtos e marcas para tentar fugir dos preços altos. “Substitui várias marcas de produtos, a exemplo do feijão e arroz, além de trocar parte da carne por ovos e salames. Mesmo assim, está muito difícil”, afirmou.

Para a dona de casa Maria de Lourdes Marota, substituir somente as marcas não foi suficiente para administrar os gastos com alimentos. “Eu tive que reduzir mesmo. Se eu comprava dois itens de cada produto, agora só levo um. Eu senti muito o impacto. Eu gastava R$ 500. Agora para levar os mesmos produtos tenho que desembolsar praticamente o dobro”, afirmou.

O jangadeiro Maikon Santos disse que para colocar comida em casa no início da pandemia ele gastava entre R$ 250 e R$ 300. “Hoje deixo entre R$ 400 e R$ 500 quinzenalmente no supermercado. Isso porque minha família é de três pessoas somente. Ainda assim, estou levando mais salsichas, salames e ovos. Até mesmo o preço dos ovos subiu demais. Está impossível”.

Emerson dos Santos é feirante no Jacintinho e disse que não tem outra alternativa que não seja a de repassar a reajuste de preços para o consumidor. “Há um ano eu vendia batata doce a R$ 1 ou R$ 1,50. Hoje não tenho como vender por menos de R$ 2,50. A macaxeira que chegava no máximo a R$ 2 hoje chega a R$ 3,50 e onde compro já falam que vão aumentar novamente”.

Economista afirma que crise já é pior que a de 2015/2016

O economista Cícero Péricles avalia que esta crise é pior que a dos anos de 2015/2016, já que chegou juntamente com desemprego.

Segundo o economista, a população de baixa renda é a mais atingida com a inflação. “Uma inflação que já chega a 10,25% representa uma redução de R$ 110 no salário mínimo. Isso significa o preço de um botijão de gás retirado dessas famílias”, afirma.

Péricles destaca que a população de baixa renda não tem onde fazer cortes, pois o consumo dessas famílias já é restrito a itens de primeira necessidade, a exemplo de produtos alimentícios, transporte, remédios e material de limpeza e higiene. Por isso, é a mais atingida por essa crise inflacionária.

ASA

Segundo o presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA), Raimundo Barreto, o setor tem se mantido sem quedas nas vendas. Ele afirmou que as substituições de marcas sempre existiram como forma de adequação ao orçamento de cada família. No entanto, por se tratar de gêneros de primeira necessidade, o segmento não tem sofrido os efeitos desta crise.

ALTERNATIVAS

Para o nutricionista Luã David, alimentos como o cuscuz, a macaxeira e a batata doce podem ser uma alternativa barata e de valor nutricional para o café da manhã e o jantar. Já no almoço, para fugir dos altos preços do feijão e do arroz, ele diz que uma opção é o macarrão. Podendo variar com as saladas, um purê de abóbora ou macaxeira.

Luã recomenda ainda, o consumo de frutas, principalmente as da época, por terem preços mais baixos em feiras livres. “As melhores opções de proteínas e mais acessíveis, apesar dos aumentos, ainda continuam sendo o frango e o ovo. Uma opção vegetariana é a soja, pois o custo não é absurdo. Outra saída é procurar produtos direto dos pequenos agricultores, pois além de mais econômicos, geralmente são livres de agrotóxicos”, afirma.