Economia

'Feriados são positivos para economia', diz economista

Em 2021, Alagoas terá 14 e Maceió virá com 17 dias de descanso; economista diz que determinante é a renda disponível

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 23/12/2020 08h29
'Feriados são positivos para economia', diz economista
Reprodução - Foto: Assessoria
Em 2021, Alagoas terá 14 feriados e seis pontos facultativos. Já os maceioenses que tiveram 17 feriados em 2020, ano que vem vão repetir a dose. Do ponto de vista econômico, os dias de descanso são positivos, sem maiores impactos para o faturamento do comércio, indústria e turismo. O economista Cícero Péricles explica que, os feriados são sempre positivos. “Os feriados são pausas nos dias de trabalho que trazem benefícios para a economia. Primeiro porque, comprovadamente, não afeta a produção, que é compensada dias depois, e aumenta a produtividade dos trabalhadores, na medida em que eles rendem mais depois dos feriados. Por outro lado, o consumo não cai, ele se realiza antes ou depois desses dias parados”, destacou. Péricles salienta que, para o comércio, o determinante para suas vendas é a renda disponível para as compras, e a existência de mercadorias na rede de abastecimento, nos canais de comercialização. “Basta ver agora na pandemia, quando os setores ‘não essenciais’, os que se mantiveram abertos, como farmácias, bancos, lojas de material de construção, mesmo com a retração da população, pelo ‘isolamento social”, venderam bem mais’ exemplificou. Ainda de acordo com o economista, a renda extra do Auxílio Emergencial foi mais importante que o horário de funcionamento. “Da mesma forma, no setor de serviços, no qual a combinação de mais renda com a disponibilidade de prestação do serviço pesa mais que o número de horas que o estabelecimento passa aberto, funcionando. Se os prestadores de serviços, das cabeleireiras aos bancos, não tiverem clientes, consumidores com renda, podem abrir sete dias que não terão como vender esses serviços”, ressalta. Cícero Péricles frisou também que grande parte da economia funciona independente do feriado. A agricultura é um caso. Conforme ele, o comércio e serviços mantém a maior parte de suas atividades e a indústria sofre mais pela interrupção de seu processo produtivo. “Mas, como a indústria tem pouco peso na economia estadual, 12% apenas do Produto Interno Bruto, os feriados são compensados nos dias posteriores”. No calendário de 2021, o número de ‘feriadões’, aqueles que emendam com o fim de semana, reduzem para três. Em 2020 foram oito, sendo que sete deles foram numa segunda-feira. Em Maceió serão 17 feriados, o mesmo quantitativo de 2020; porém no estado de Alagoas serão 14 feriados e seis pontos facultativos, ou seja, cabe às empresas e órgãos públicos decidirem se trabalharão ou não. Três feriados municipais acontecem em Maceió no ano que vem, são eles: 29 de junho, Dia de Marechal Floriano Peixoto; 27 de agosto, uma sexta-feira, Dia de Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira de Maceió, e 8 de dezembro, Dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Alagoas. Os feriadões em 2021 caem nos meses de janeiro (1º) réveillon, abril (2) Paixão de Cristo e novembro (15) Proclamação da República; duas sextas e uma segunda-feira, consecutivamente. Os dias 15, 16 e 17 de fevereiro se comemoram o Carnaval, mas é ponto facultativo, assim como no dia 3 de junho - Corpus Christi; 15 de outubro - Dia do Professor e 28 de outubro - Dia do Servidor Público. São considerados ideais quando caem no fim de semana   José Carlos Lyra de Andrade, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), afirma que o calendário certamente tem influência na atividade econômica. “De modo geral, considerando os interesses econômicos, o ideal seria que os feriados ocorressem sempre na segunda-feira, ou na sexta-feira”, apontou. “Estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de outros segmentos confirmam que feriados prolongados causam prejuízos, especialmente ao comércio de bens e serviços”, frisou. De acordo com ele, os feriados em dias da semana geram queda da produtividade e lembra ainda que os trabalhadores folgam no feriado, mas recebem. “Ou seja, se produz menos, o custo não cai e há impacto na contabilidade das empresas”, ressaltou. “Ao mesmo tempo, temos que considerar que a indústria do turismo se beneficia dos feriados. Essas folgas é que fazem o setor se movimentar. Há sempre alta expressiva em anos com muitos feriados”, acrescenta. Para o economista Cícero Péricles, o ideal é que os feriados estejam juntos com o final de semana para que as famílias, a sociedade como um todo, aproveitem de maneira mais tranquila, tenham mais convívio, que é um elemento da saúde social. No sentido econômico também, porque os feriados mais longos movimentam parte de outros setores e facilita o planejamento das empresas. “Há uma tendência mundial na diminuição da jornada de trabalho, que já foi de 48 horas, e vem caindo regularmente. A produtividade do trabalhador e a racionalização do tempo permitem um maior aproveitamento dos dias de atividades comerciais. A ampliação da rede comercial, que chega cada vez mais próximo do consumidor, e a entrada das máquinas e dos computadores, com seus programas facilitadores do trabalho, reduzem a necessidade de jornadas extensas”, menciona. “As empresas que necessitam de mais tempo em funcionamento, principalmente na área de serviços, como hospitais, restaurantes etc., ampliam suas contratações e respondem bem a essa questão sem necessidade de jornadas extensas. Os feriados fazem parte dessa atividade e a economia convive bem com essas pausas”, completa. Quanto menos, melhor para o setor, diz CDL   A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) em Maceió recomenda que quanto menos feriados melhor para a economia, pois, segundo a entidade, aumenta a circulação da moeda no estado. Por meio da assessoria de comunicação, a CDL informou que prefere não opinar, passando a responsabilidade ao órgão competente: Aliança Comercial. Mas colocou que, para o turismo, somente feriadões são interessantes, pois aumentam as estadias nos hotéis, consequentemente as viagens. A Aliança Comercial comunicou que os feriados divulgados não condizem com a realidade, já que muitos deles são feriados públicos, como o Dia da Consciência Negra, o Dia Evangélico, entre outros, e não afetam o comércio que abre normalmente nas datas. A Federação do Comércio do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL) disse para a reportagem que, como acontece todos os anos, o órgão somente se manifesta sobre o assunto quando saem os decretos oficiais com o calendário anual, que geralmente acontece na primeira semana de janeiro. A Associação Comercial foi contatada pela Tribuna Independente, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.